Home Destaque Zaki Narchi é despejado e albergados vão para a Vila Maria e...

Zaki Narchi é despejado e albergados vão para a Vila Maria e Parque Novo Mundo

três morvan
Tempo de Leitura: 7 minutos

albergados

da Redação DiárioZonaNorte

Já está em funcionamento  o Centro de Acolhida para Adultos – CAA Morvan Dias, na divisa entre Vila Guilherme e Vila Maria. O novo albergue está localizado na Avenida Morvan Dias de Figueiredo nº 4001 – na lateral da Ponte da Vila Maria, conforme o DiárioZonaNorte antecipou na reportagem publicada  em 28 de julho de 2022.

O imóvel ocupado pelo albergue tem 1.500 m² de área construída, funcionará 24 horas e deve atender 400 homens maiores de 18 anos em situação de rua e será administrado pela Organização da Sociedade Civil – OSC CROPH – Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana, em continuidade ao trabalho que a entidade  já realizava na Zaki Narchi.

CAA deveria ter entrado em funcionamento em agosto de 2022, mas em razão do prédio ter sido vandalizado, só agora finalizou o processo de reformas e adequação.  O contrato de locação foi assinado em junho de 2022 e tem o valor mensal de R$ 59 mil reais (incluso IPTU)  com validade de cinco anos.

Albergue na Vila Maria Baixa

E ainda nas próximas semanas — de acordo com informações extra-oficiais de funcionários da organização que administra os equipamentos —,  um outro albergue deverá ser instalado na Rua Dom Luís Felipe de Orleans – em um trecho próximo a Rodovia Presidente Dutra – na Vila Maria Baixa.

Se seguir as regras do chamamento publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, em  maio de 2022 – este albergue terá um custo mensal estimado em R$ 202.632,18– com duração de 5 anos – para atender 24 horas por dia,  400 homens maiores de 18 anos em situação de rua, sendo 200 vagas no período diurno e outras 200 no período noturno.

Despejo

Este é o segundo albergue originário do desmembramento em três do Centro de Acolhida Zaki Narchi – POP II, que funcionou até a 4ª feira (07/06/2023),  na  Avenida Zaki Narchi nº 900  – no limite dos bairros Vila Guilherme e Carandiru. Quando de sua implantação, o complexo atendia  900 pessoas diariamente.  De acordo com fontes ouvidas na condição de anonimato, o POP II foi “despejado” pela municipalidade.

albergados
Antigo Centro de Acolhida Zaki Narchi

Oficialmente, a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social – SMADS, afirma que o desmembramento  atende ao Plano de Metas para a gestão 2021-2024, notadamente a Meta nº 16, que prevê a implementação de “12 Centros de Acolhida e Centros de Acolhida Especiais, reordenando serviços com mais de 200 vagas e respeitando o perfil dos usuários”.

No entanto, o DiárioZonaNorte apurou que o terreno onde ele estava localizado integra uma área de 97.308 mil m² e faz parte da PPP da Habitação, uma licitação internacional da Companhia Metropolitana de Habitação Popular  – COHAB, no ano de 2019 e que prevê a construção de aproximadamente 2.210 unidades habitacionais de interesse social e de mercado no local. Veja a matéria publicada pelo DiárioZonaNorteclique aqui.

albergados
Planta do projeto

Além do Centro de Acolhida Zaki Narchi, devem deixar o local  o  Iprem – Instituto de Previdência Municipal, a fábrica do Samba II, o campo de futebol administrado pela  FUPE  – Federação Universitária Paulista de Esportes,  as Inspetorias Maria Guilherme e Jaçanã/Tremembé da Guarda Civil Metropolitana (GCM), o Canil da Guarda Civil Metropolitana e um Centro de Educação Infantil.

albergados
Reação popular

O primeiro albergue originário deste desmembramento foi instalado na Av. Serafim Gonçalves Pereira nº 119, no Parque Novo Mundo no mês de abril/2023 – com  reação contrária dos moradores do entorno. 

albergados
Faixa na Praça Parque Novo Mundo

E só foi para lá, porque os moradores da Rua Margarinos Torres – na Vila Maria (onde o albergue seria  implantado), reagiram  contrariamente ao equipamento e se articularam politicamente – com apoio da Distrital Nordeste da Associação Comercial de São Paulo e do Conseg Vila Maria.

O prédio onde o albergue seria instalado chegou a ter o contrato de locação assinado. Nos três meses em que durou o imbróglio (implanta não implanta), a Prefeitura desembolsou R$ 58.757,18 em aluguéis – visto que o valor mensal do prédio R$ 10.0147,76.

A resposta da SMADS

A redação do DiárioZonaNorte consultou à SMADS sobre o provável albergue na rua Dom Luis Felipe de Orleans – na Vila Maria Baixa e recebeu a seguinte nota que não confirma e também não nega a provável localização deste terceiro albergue. Segue a nota transcrita na íntegra:

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informa que finalizou o reordenamento dos acolhidos do Centro Temporário de Acolhida (CTA) ‘Zaki Narchi’ previsto no Plano de Metas 2021-2024, que estabelece capacidade máxima de 200 pessoas acolhidas. O objetivo é requalificar a rede de atendimento, investindo em melhores condições de infraestrutura e aumentando a qualidade do serviço prestado.

Os atendidos foram levados para os CTA´s localizados às Avenidas Serafim Gonçalves Pereira, no Parque Novo Mundo, e Morvan Dias de Figueiredo, na Vila Maria, ambos na zona norte de São Paulo. Além disso, os acolhidos também foram realocados em outros serviços da rede socioassistencial.

A SMADS destaca que, previamente à utilização de imóveis como equipamentos da assistência social na cidade, são realizados pareceres técnicos pelas equipes de engenharia e de assistência social que consideram condições como estrutura do imóvel, instalações elétricas e hidráulicas, custos de reformas necessárias, bem como o uso apropriado da propriedade, que pode possuir um ou mais pavimentos, e a rede de serviços públicos próximos ao local.”

Beto Freire
Estudo de Impacto e Segurança Pública

O ativista social Beto Freire, fez importantes observações sobre a questão da segurança da região com a chegada dos  Centro de Acolhida nas Vilas.

O que eu posso fazer enquanto pessoa física, enquanto liderança, é me posicionar. Eu  sou contrário a colocar um albergue no meio de uma área residencial. Eu espero, aguardo que isso seja uma informação errônea, que algo não esteja correndo como o normal… 

Por que você colocar  um albergue no meio de uma área residencial? Que está com a segurança do jeito que a gente está nos últimos dois, três anos? O efetivo policial da região é reduzido,  diminuir as viaturas passou a ser prática comum. Não existe mais policiamento preventivo.  Então,  você colocar um albergue no meio de uma área residencial não tem lógica.   Eu não sei se é falta de  pensar, se é falta de conhecimento, falta de sensibilidade…

Você tem albergues que são necessários em áreas comerciais, onde geralmente já vivem as pessoas em situação de rua e onde geralmente você tem um movimento grande, inclusive no período da noite.

E o funcionamento do albergue não é simples, existem várias regras a serem cumpridas por aquele que precisa da vaga….   E, nem todos podem ser acolhidos,  porque não tem vaga para todo mundo.  Depois, porque quem está alcoolizado não entra, quem está com o cachimbo  (de crack) não entra. 

Então fica aquele pessoal todo dormindo em volta durante o dia, esse pessoal fica circulando no entorno para esperar no horário do albergue abrir de novo. E isso causa  vários e  sérios problemas de segurança nos entornos dos albergues. Para quem não lembra, tinha um ali enorme ao lado do Center Norte .

E isso é em qualquer lugar. Então os albergues têm que ser muito bem escolhidos em lugares comerciais, onde já existem pessoas vivendo nas ruas do entorno, o poder público tem que ter toda uma infraestrutura em volta do equipamento de acolhida para amenizar  um pouco os problemas que causam.

Eu, pessoa física, sou contrário a colocar um albergue onde está sendo cogitado. Então, de antemão, eu já me posiciono porque é fácil se posicionar quando a notícia é boa ou se posicionar a favor das coisas para ficar bem com os outros. 

Colocar um albergue em locais com de residências, onde 95% dos imóveis estão lá há 50 ou 60 anos, onde as  pessoas tem toda uma vida lá.  Onde estão sendo lançados dois condomínios residenciais, inclusive. 

Trazer um albergue para a região é uma falta de respeito. Não só com quem mora, mas com todo o entorno. O bairro está precisando de investimento na segurança. Precisamos de mais efetivo policial, mais viatura, câmera de vigilância ligada lá no Copom, 24 horas em locais estratégicos. Não de mais problemas. Os que já temos não são poucos.

O bairro precisa de hospital… Tem uma série de outras necessidades em todo o entorno da nossa subprefeitura.  Um albergue não é necessário na quele local. Você faz nas “franjas” do território.  Você faz lá no entorno da marginal, em áreas comerciais de peso… Na Cruzeiro do Sul, para reforçar os equipamentos que já existem ali e não dão conta de acolher as pessoas que circulam por lá,  onde já há uma concentração perto da Rodoviária Tietê

Não só a Vila Maria como os demais demais vilas aqui próximas, que já têm problemas sérios com segurança, que se criou um desassossego ultimamente por falta de investimento público.  Você vai trazer mais insegurança. Você vai desvalorizar imóveis e infernizar a vida das pessoas, ao invés de trazer para elas um hospital. Ao invés de trazer para elas mais efetivo policial, mais viaturas, câmeras de vigilância, ou seja, gente.

O povo também precisa começar a parar de aceitar as coisas. O seu imposto e o meu são iguais ao imposto pago por quem mora em Moema e nos Jardins…. A gente não é pior do que ninguém. A gente é que precisa perder um pouco o complexo de vira lata e começar a cobrar essas pessoas que foram eleitas e  dizem representar a região.

Você não ouve deles “consegui dobrar o efetivo policial. Estou trazendo mais equipamento público de saúde… ”  Será que um SESC, um SENAI ou um SENAC não cabem aqui? Eu penso que cabem sim, aqui na nossa região.  Será que não cabe um CEU na Vila Guilherme ou na Vila Maria?  Sim, cabe. 

Independente de eu ser presidente da Associação dos Frequentadores do Parque da Vila Guilherme/Trote, de ser membro ativo do Conselho de Segurança Comunitária – Conseg da Vila Maria,  eu não preciso disso. Posição pessoal.

Eu, Roberto Freire sou contra e digo mais… Está na hora do povo começar a dizer ao  poder público: eu sou fulano, pago meu imposto e acho que o bairro precisa disso, não daquilo.

E o dinheiro é seu, não é de emenda parlamentar… é seu, é do seu imposto e  você tem o direito de ser consultado e decidir pelo que acha melhor. “


 

 

https://www.diariozonanorte.com.brd

albergados albergados albergados albergados albergados albergados albergados albergados albergados albergados albergados