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Vila Maria celebra 108 Anos com tradições, desafios e renovação na Zona Norte

Vila Maria 108 anos
Tempo de Leitura: 5 minutos

 

da Redação DiárioZonaNorte

 

  • Nos seus 92 anos, a Igreja Nossa Sª da Candelária assiste o crescimento de Vila Maria e é o cartão postal do bairro;
  • Ayrton Senna manteve seu escritório localizado na  Rua Dr. Edson de Mello, ao lado da Igreja da Candelária, na Vila Maria; e
  • O restaurante O Caipira teve início na Vila Maria (ao lado do escritório do Ayrton Senna) e hoje faz parte da Cidade Center Norte/Lar Center.

Mesmo sem um reconhecimento oficial, a Zona Norte está em clima de festa! Nesta 6a.feira (17/01/2025), a Vila Maria comemora 108 anos de história repletos de cultura, resiliência e transformação.

Os moradores lembram que, como aconteceu em anos anteriores,  “o aniversário da centenária Vila Maria já foi esquecido recentemente várias vezes. No antepassado, as festas eram representativas com a participação popular. Hoje, depois que a data passa, é lembrada com festas encomendadas por políticos, apenas com o objetivo de mostrar serviços e ter seus nomes lembrados nas eleições”.

Vila Maria 108 anos

Com mais de 300 mil habitantes espalhados por seus 16,4 km², o distrito é um retrato da diversidade de São Paulo. Inicialmente povoado por descendentes de portugueses, italianos e espanhóis, a Vila Maria agora acolhe uma crescente comunidade boliviana.

Esse caleidoscópio de influências é um dos elementos que torna o bairro um lugar único e inesquecível na maior metrópole do Brasil.

Por outro lado, os moradores reclamam do aumento de insegurança, poucos cuidados na zeladoria proporcionando melhor qualidade de vida – uma região sem grandes atividades esportivas e culturais, nem mesmo um Centro Educacional Unificado (CEU) e até o centro de cultura e esporte Sesc – o mais próximo, o de Santana, está há mais de 10 quilômetros.

Vila Maria 108 anos
Em 1950, terreno onde era o Sitio Bela Vista, onde tudo começou em 1917.
Os momentos do passado

A trajetória da Vila Maria teve início em 1917, quando o Sítio Bela Vista foi dividido em lotes pela Companhia Paulistana de Terrenos. Nos primeiros tempos, a travessia do Rio Tietê era um desafio: moradores usavam barcos ou enfrentavam uma precária ponte de madeira.

Somente em 1965, a construção da Ponte Vila Maria, mais tarde rebatizada como Ponte Jânio Quadros, facilitou o acesso à região, marcando um momento crucial de desenvolvimento urbano.

Lá se vão 60 anos, neste último benefício à região, sem nenhuma novidade para os mais jovens. Há promessas para uma linha do Metrô, que deve surgir daqui há vários anos.

Vila Maria 108 anos
Publicidade em jornal oferecendo os terrenos da VILLA MARIA.

Desde a década de 1960, os moradores têm clamado por essas melhorias significativas na infraestrutura local. Entre as demandas mais urgentes, destacam-se a construção de um hospital capaz de desafogar o Hospital Vereador José Storopólli ( o “Vermelhinho“), unidade de saúde que há anos opera acima de sua capacidade.

Além disso, há uma forte necessidade de serviços voltados à população idosa e de atendimentos especializados para pessoas autistas. A segurança pública também é uma preocupação crescente, com pedidos por maior presença da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e uma gestão municipal mais aberta ao diálogo e à participação popular.

Apesar das dificuldades, a alma da Vila Maria pulsa em suas praças e ruas. A Praça Santo Eduardo, com seu simbólico “monumento do amor pelo bairro”, permanece como um espaço emblemático. Mas o bairro precisa de mais “carinho” das autoridades municipais, não é somente um monumento declaratório, reclamam os moradores.

Antigamente uma praça repleta de cadeiras nas calçadas, onde vizinhos se reuniam para conversar e as crianças brincavam despreocupadas, hoje ela carrega um papel mais introspectivo: um lugar de reflexão sobre o futuro do bairro e a busca por melhores condições de vida.

A história política

A relevância da Vila Maria também se faz presente em sua rica história política e cultural. Foi o primeiro reduto eleitoral de Jânio Quadros, ex-presidente do Brasil, que celebrava a união das três regiões do bairro – Vila Maria Alta, Baixa e do Meio – em seus discursos, sempre calorosamente recebidos pelos moradores.

Presidente Jânio Quadros

Além disso, o distrito é lar da renomada escola de samba Unidos da Vila Maria, que há décadas representa o bairro no Carnaval paulistano com desfiles cheios de brilho e emoção.

Um lugar alagado

Remontando ao início do século XX, a área onde está localizada a Vila Maria era dominada por campos alagados, charcos e vegetação rasteira.

O Rio Tietê desempenhava um papel vital como rota de transporte, conectando os moradores à cidade. Com o passar dos anos, as lagoas deram lugar às ruas, e a chegada da energia elétrica e dos bondes ajudou a transformar o local em um bairro mais urbano e dinâmico.

Barcos usados na Vila Maria, inclusive nas enchentes

Os cinemas locais, como o Cine Vila Maria e o Cine Candelária, marcaram uma era de ouro na vida cultural do bairro, servindo como ponto de encontro para gerações de moradores. Além disso, as linhas de bonde que iam até a Praça da Sé eram um símbolo do progresso, embora hoje sejam apenas uma memória saudosa.

Na atualidade, a Vila Maria se destaca como um polo estratégico para a logística e o transporte de cargas, com inúmeras empresas do setor estabelecidas na região.

Contudo, os moradores continuam a valorizar o aspecto comunitário do bairro, organizando-se para enfrentar desafios contemporâneos, como a instalação de novos equipamentos públicos sem consulta popular.

Vila Maria 108 anos
Vista da Guilherme Cotching

O senso de pertencimento e a vontade de participar ativamente nas decisões do bairro continuam sendo características marcantes de sua população. Os moradores pedem mais transparência nas ações do governo municipal e da subprefeitura, com a participação popular em todas as áreas, como na saúde, educação, segurança e outros.

Ao completar 108 anos, a Vila Maria reafirma sua posição como um exemplo de bairro que alia tradição e modernidade. Suas ruas de terra do passado deram lugar a movimentadas avenidas, mas a essência do bairro, marcada por solidariedade e luta, permanece inalterada.

Que os próximos anos tragam não apenas festas e celebrações, mas também as conquistas tão almejadas por seus habitantes.


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