da Redação DiárioZonaNorte
- Nos seus 92 anos, a Igreja Nossa Sª da Candelária assiste o crescimento de Vila Maria e é o cartão postal do bairro;
- Ayrton Senna manteve seu escritório localizado na Rua Dr. Edson de Mello, ao lado da Igreja da Candelária, na Vila Maria; e
- O restaurante O Caipira teve início na Vila Maria (ao lado do escritório do Ayrton Senna) e hoje faz parte da Cidade Center Norte/Lar Center.
Mesmo sem um reconhecimento oficial, a Zona Norte está em clima de festa! Nesta 6a.feira (17/01/2025), a Vila Maria comemora 108 anos de história repletos de cultura, resiliência e transformação.
Os moradores lembram que, como aconteceu em anos anteriores, “o aniversário da centenária Vila Maria já foi esquecido recentemente várias vezes. No antepassado, as festas eram representativas com a participação popular. Hoje, depois que a data passa, é lembrada com festas encomendadas por políticos, apenas com o objetivo de mostrar serviços e ter seus nomes lembrados nas eleições”.
Com mais de 300 mil habitantes espalhados por seus 16,4 km², o distrito é um retrato da diversidade de São Paulo. Inicialmente povoado por descendentes de portugueses, italianos e espanhóis, a Vila Maria agora acolhe uma crescente comunidade boliviana.
Esse caleidoscópio de influências é um dos elementos que torna o bairro um lugar único e inesquecível na maior metrópole do Brasil.
Por outro lado, os moradores reclamam do aumento de insegurança, poucos cuidados na zeladoria proporcionando melhor qualidade de vida – uma região sem grandes atividades esportivas e culturais, nem mesmo um Centro Educacional Unificado (CEU) e até o centro de cultura e esporte Sesc – o mais próximo, o de Santana, está há mais de 10 quilômetros.
Os momentos do passado
A trajetória da Vila Maria teve início em 1917, quando o Sítio Bela Vista foi dividido em lotes pela Companhia Paulistana de Terrenos. Nos primeiros tempos, a travessia do Rio Tietê era um desafio: moradores usavam barcos ou enfrentavam uma precária ponte de madeira.
Somente em 1965, a construção da Ponte Vila Maria, mais tarde rebatizada como Ponte Jânio Quadros, facilitou o acesso à região, marcando um momento crucial de desenvolvimento urbano.
Lá se vão 60 anos, neste último benefício à região, sem nenhuma novidade para os mais jovens. Há promessas para uma linha do Metrô, que deve surgir daqui há vários anos.
Desde a década de 1960, os moradores têm clamado por essas melhorias significativas na infraestrutura local. Entre as demandas mais urgentes, destacam-se a construção de um hospital capaz de desafogar o Hospital Vereador José Storopólli ( o “Vermelhinho“), unidade de saúde que há anos opera acima de sua capacidade.
Além disso, há uma forte necessidade de serviços voltados à população idosa e de atendimentos especializados para pessoas autistas. A segurança pública também é uma preocupação crescente, com pedidos por maior presença da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e uma gestão municipal mais aberta ao diálogo e à participação popular.
Apesar das dificuldades, a alma da Vila Maria pulsa em suas praças e ruas. A Praça Santo Eduardo, com seu simbólico “monumento do amor pelo bairro”, permanece como um espaço emblemático. Mas o bairro precisa de mais “carinho” das autoridades municipais, não é somente um monumento declaratório, reclamam os moradores.
Antigamente uma praça repleta de cadeiras nas calçadas, onde vizinhos se reuniam para conversar e as crianças brincavam despreocupadas, hoje ela carrega um papel mais introspectivo: um lugar de reflexão sobre o futuro do bairro e a busca por melhores condições de vida.
A história política
A relevância da Vila Maria também se faz presente em sua rica história política e cultural. Foi o primeiro reduto eleitoral de Jânio Quadros, ex-presidente do Brasil, que celebrava a união das três regiões do bairro – Vila Maria Alta, Baixa e do Meio – em seus discursos, sempre calorosamente recebidos pelos moradores.
Além disso, o distrito é lar da renomada escola de samba Unidos da Vila Maria, que há décadas representa o bairro no Carnaval paulistano com desfiles cheios de brilho e emoção.
Um lugar alagado
Remontando ao início do século XX, a área onde está localizada a Vila Maria era dominada por campos alagados, charcos e vegetação rasteira.
O Rio Tietê desempenhava um papel vital como rota de transporte, conectando os moradores à cidade. Com o passar dos anos, as lagoas deram lugar às ruas, e a chegada da energia elétrica e dos bondes ajudou a transformar o local em um bairro mais urbano e dinâmico.
Os cinemas locais, como o Cine Vila Maria e o Cine Candelária, marcaram uma era de ouro na vida cultural do bairro, servindo como ponto de encontro para gerações de moradores. Além disso, as linhas de bonde que iam até a Praça da Sé eram um símbolo do progresso, embora hoje sejam apenas uma memória saudosa.
Na atualidade, a Vila Maria se destaca como um polo estratégico para a logística e o transporte de cargas, com inúmeras empresas do setor estabelecidas na região.
Contudo, os moradores continuam a valorizar o aspecto comunitário do bairro, organizando-se para enfrentar desafios contemporâneos, como a instalação de novos equipamentos públicos sem consulta popular.
O senso de pertencimento e a vontade de participar ativamente nas decisões do bairro continuam sendo características marcantes de sua população. Os moradores pedem mais transparência nas ações do governo municipal e da subprefeitura, com a participação popular em todas as áreas, como na saúde, educação, segurança e outros.
Ao completar 108 anos, a Vila Maria reafirma sua posição como um exemplo de bairro que alia tradição e modernidade. Suas ruas de terra do passado deram lugar a movimentadas avenidas, mas a essência do bairro, marcada por solidariedade e luta, permanece inalterada.
Que os próximos anos tragam não apenas festas e celebrações, mas também as conquistas tão almejadas por seus habitantes.
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