mentiras
da Redação DiárioZonaNorte
Quem nunca caiu em uma pegadinha de primeiro de abril, que atire a primeira pedra. Em tempos de fake news, o primeiro de abril carrega uma certa ingenuidade, é tipo um liberou geral para as crianças pregarem peças , já que elas aprendem desde cedo que é muito feio mentir.
E este ano vai ser um prato cheio. O dia 1º de abril caiu colado ao feriado de Páscoa. Nas redes sociais e no WhatsApp durante toda a semana que antecedeu a data, circularam memes dos mais criativos, envolvendo o coitado do Coelho da Páscoa.
Origem francesa
Até o século XVI, a França seguia o Calendário Juliano, onde o Ano Novo era comemorado no dia 25 de março – início da primavera. As festas duravam sete dias e terminavam no dia 1 de abril.
Com a adoção do Calendário Gregoriano em 1564, o ano novo passou a ser comemorado no dia 1 de janeiro, como é até hoje.
E como naquele tempo, as notícias demoravam a chegar, muitos franceses na área rural continuavam comemorando o ano novo no dia 1 de abril e viraram motivo de piada de quem morava na cidade e tinha acesso às notícias da corte, de forma imediata.
Dois séculos depois, a brincadeira francesa se espalhou para a Inglaterra e para o restante do mundo. Na França, o Dia da Mentira é chamado de “Poisson d’avril” e na Itália, o dia é conhecido como “Pesce d’aprile” (peixes de Abril em francês e italiano). Por isso, em alguns lugares, dizem que os pescadores são especialistas em mentir.
No Brasil
O primeiro registro do “dia da mentira” no Brasil, data de 1828, quando um jornal chamado “A Mentira” noticiou a morte de Dom Pedro II (desmentida no dia seguinte). Os relatos da época mostram que, Dom Pedro II ao saber da notícia, filosofou sobre a morte e a vida e encarou como “galhofa” a notícia.
Sem glamour
Coube ao italiano Carlo Collodi autor do conto “As Aventuras de Pinocchio”, em 1883, contar as desventuras de um boneco de madeira que queria ser menino de verdade e para isso, aprendeu que a mentira tem consequências graves.
Em 1940, Walt Disney levou a estória para as telas e acrescentou o simpático “Grilo Falante”, que teve muito trabalho ao assumir o papel de “consciência” de Pinocchio.
Fake news
Veicular notícias falsas não é uma prática que surgiu com a internet e com as chamadas “mídias alternativas” de direita, de esquerda ou de centro. Usando o “dia da mentira” como pretexto, as primeiras notícias falsas veiculadas intencionalmente pela mídia, surgiram na Inglaterra por volta de 1800.
Desde então, virou uma tradição dos jornais britânicos, inventar estórias fantásticas e enganar os seus leitores no dia 1º de abril. Lá, quem acredita nas estórias inventadas no Dia da Mentira são chamadas de “patetas” (noodles).
Enquanto as “notícias de 1º de abril” são uma brincadeira, as “fake news” são criadas com o propósito de prejudicar pessoas e induzir comportamentos e podem influenciar de forma negativa, em processos eleitorais – a exemplo das eleições norte-americanas.
No Brasil, a discussão sobre fake news ganhou relevância nas últimas eleições.
As faces da mentira
E a mentira tem muitos subprodutos. Tem a mentira social (quando uma mulher com a qual você tem pouca intimidade pergunta: “estou bem?”), tem a mentira piedosa (quando alguém está muito doente pergunta “vou me recuperar, né? ”), o silêncio conivente (o velho “quem cala consente”), as meias verdades e as meias mentiras.
Ah, tem a mentira carioca (convite para “passar em casa” feito de longe, ao acenar para alguém conhecido – sendo que o “amigo” convidado não tem seu endereço), a mentira mineira (enviei uma mensagem te parabenizando e o outro, recebi e já respondi – sendo que nenhum dos dois tem o contato do outro), a mentira paulista (não tenho tempo prá nada, quando quer se livrar de um determinado compromisso) e por ai vai.
Uma coisa é certa. Todo fato tem três versões: a minha, a sua e a verdadeira. Talvez quem tenha razão é o Mário Quintana, quando diz que “a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer”.
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