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Vendaval deixa São Paulo às escuras e os ensinamentos de como tratar as árvores

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A cidade de São Paulo não registra rajadas de vento com mais de 100 km/h, como a que atingiu a capital na tarde desta 6ª feira (03/11/2023), desde 1995. Os dados são do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo.

São Paulo enfrentou uma situação caótica, desde 6ª.feira até agora, com a chuva e o vento que derrubou árvores. Além de mortes

Bairros inteiros e muita gente ficou sem energia elétrica, com previsão em alguns lugares de restabelecimento somente na 3ª.feira (07/11/2023).

Foram mais de 1.400 chamados relacionados a ocorrências com as quedas de árvores por toda a cidade. Somente no Parque do Ibirapuera caíram 128 árvores. E pior ainda: a cidade fiou às escuras, sem contar os prejuízos de moradores e comerciantes.

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A repórter Ananda Apple, no Bom Dia São Paulo/Tv Globo (06/11/2023)

ÁRVORES: REPÓRTER DÁ AULA DE CONHECIMENTO

Logo pela manhã desta 2a. feira (06/11/2023), durante o telejornal Bom São Paulo da Tv Globo ( comentários do apresentador  Rodrigo Bocardi ), a repórter Ananda Apple —  especializada em assuntos do meio ambiente — deu uma aula sobre as condições das árvores na cidade e a falta de cuidados do poder público.

Um grande conhecimento e observações muito importantes, que mexem nas consciências de todos os moradores e do poder público — principalmente da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Secretaria  das Subprefeituras, entre outras.

Diante das explicações claras, inteligente e objetivas da repórter, o DiarioZonaNorte resolveu transcrever as observações:

Rodrigo Bocardi == Das sete pessoas que morreram por causa da chuva de sexta-feira pelo menos quatro foram atingidas por alguma árvore que caiu. E e a gente fica se perguntando se não tem como prever, se não dá para evitar tantas quedas de árvores… é isso que a gente tá falando aqui. Mas tem alguém com mais propriedade para falar sobre isso. É a Ananda Apple. Ananda, você ouviu aí a entrevista com o prefeito, é.. tudo que a gente viveu neste final de semana.. e essa questão que eu coloquei aqui: da gente encontrar uma maneira de fazer com que cuidemos das nossas árvores. E, quantas vezes e quantas vezes, nós tivemos aqui frente a frente.. você trazendo pra gente casos absurdos, né? Da maneira como as árvores estão aqui na cidade de São Paulo e sem ter um cuidado, uma maneira de lidar para fazer com que a árvore viva mais e não caia sobre as nossas cabeças. 

Ananda Apple ==  Bom dia, Rodrigo. É uma situação de flagelo mesmo e a gente tem que pensar que poda não é uma palavra… uma solução tão mágica assim nessa situação que é mais complexa. Por exemplo, para começar, por que que as árvores caem em São Paulo? Por uma série de motivos.. Mas eu diria que um dos mais importantes é de responsabilidade da prefeitura, das incorporadoras, dos condomínios, dos donos de casa, de comércio, etc. Quando se planta uma árvore na calçada, você tem que saber o tamanho que ela vai ter quando adulta, principalmente se for de grande porte… você tem que prever um bom espaço para raiz de no mínimo, no mínimo, por baixo 60 cm a 1 m de diâmetro em torno da raiz, porque na regra se planta uma árvore pensando que vai ficar do tamanho de uma roseira… ela começa a expandir a raiz, em geral vai concreto até quase o tronco , adoram colocar aquelas muretas de concreto em volta, porque acham bonitinho ou porque acham que daí a raiz não vai crescer… Tá errado! . . Raiz tem que crescer para sustentar a Copa. Se a raiz não cresce, se tem concreto em cima, ela vai ficando sem água, sem nutriente… raquítica… e lá em cima tá crescendo…

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Um exemplo claro na Zona Norte = a raiz da árvore quebrando a calçada e o pedestre andando na rua.

A copa tá ficando cada vez maior. E aí, quando chove, o peso dessa copa se multiplica de repente ou em poucas horas… por dez. Então se já era difícil sustentar uma copa seca, imagine uma copa molhada aí. Dez vezes mais pesada, repentinamente. Por exemplo, a gente tá aqui embaixo de uma tipuana na Gastão Vidigal, no canteiro central, essa tipuana é uma árvore de grande porte, é boliviana… e foi muito plantada pela City Lapa na época do nascimento do bairro da Lapa. Ela é muito bonita, mas não é uma árvore brasileira de madeira nobre… a madeira da tipuana, embora linda e de grande porte, ela é uma madeira mais frágil… Muito provavelmente o que aconteceu aqui: ela foi cortada ao meio com o vento, nessa parte de cima da intersecção entre os dois troncos que sobraram, eu coloquei a mão e estava meio mole. Muito provavelmente houve uma poda desequilibrante e aí começou a infiltrar a água por dentro a madeira, que está boa e gente não vê bicho… mas o corte em cima tornou essa árvore mais frágil.

Então ela acabou sendo cortada pela metade. Muito provavelmente tá condenado ou tem que ter um tratamento muito especial, para não perder essa árvore. E, são seres vivos, vão ficando velhos. A gente vê que na regra, na cidade de São Paulo, elas não são cuidadas, não tem um manejo pra saber como estão por dentro e raiz sufocada, o peso repentino, nenhum tratamento, podas mal feitas e desequilibrantes causam isso nas árvores.

E, vamos imaginar: todo esse cenário faz mal para elas e ainda que elas fossem saudáveis, o melhor jeito de uma árvore se proteger é estar no meio de todas. Você imagina um monte de árvores juntinhas e vem um ventão… fica mais difícil a copa é mais forte e um emaranhado de raízes de árvores juntas, também faz uma força por baixo que fica difícil levantar. Uma árvore sozinha se torna muito mais frágil nesse tipo de situação. Rodrigo.

Rodrigo == “essa sua clareza, né? Disse tudo… disse tudo… A gente se lembra aí dessas incorporadoras, vão fazendo os prédios e você olha mesmo… você presta atenção… ali bota uma árvorezinha no meio de um concreto . Lógico que isso não vai dar certo. Que a prefeitura de São Paulo possa cobrar também nesse sentido, né? Criar uma regra, um ordenamento pra que essas pessoas façam um negócio direito, elas só querem saber de vender o seu imóvel… bota uma plantinha de qualquer jeito e ela vai cair em cima do próprio prédio.

Amanda Apple ==  E um detalhe, Rodrigo. A gente está vendo que a fiação de internet, de energia , de tudo…. está cada vez baixa… mais criminosamente baixa. Às vezes com dois metros e meio. Se a grande prioridade é afiação, estão podando essas árvores cada vez de um jeito mais baixo, mais deformante… inclusive árvores de grande porte se você é poda uma árvore gigante dessas, bem embaixo, imagina o quanto ela não se desequilibra… quanto mais baixa a fiação mais deformante e alejatória é a poda. Isso já está acontecendo há anos, em São Paulo. É como se a gente só tivesse arvorezinha pequena e de médio porte.

Nenhuma cidade sobrevive com árvore pequena e de médio porte. Sabe por que? Porque elas não conseguem fazer serviço ambiental suficiente ou seja captar água da chuva e mandar para o pro lençol freático, produzir oxigênio, limpar a poluição, debelar o gás carbônico… Elas não conseguem, elas são muito poucas. Essas de pequeno e médio porte… A gente precisa muito de árvores de grande porte para ter uma cidade que dê para respirar, que a gente não passe por enchentes e não dá para ter árvore de grande porte com essas fiações criminosamente baixas, que ninguém faz nada e deixa acontecer principalmente nessas regiões super tecnológicas, que requerem muito fio, como a Vila Olímpia. É um terror olhar isso.

Rodrigo Bocardi ==  Que dureza, viu? Nós construímos da cidade de São Paulo assim, né? É com esse monte de fio aéreo aqui, a gente faz saneamento básico depois de asfalta a rua, a gente faz o asfalto e depois a gente vai lá e corta para fazer o saneamento básico Obrigada Ananda, você traz uma clareza… E, aquela árvore que a gente mostrou, onde o prefeito estava, naquela região, olha a base dela… A imagem está no ar. É o que a Ananda fala… olha o tamanho dessa árvore, desse tronco e no entorno, você só tem concreto da calçada. A árvore pode até saudável, mas como é que ela fica em pé? Você tem razão… como é que ela fica em pé, se ela não tem não espaço pra sua raiz criar um sustento, para criar uma raiz mesmo, com uma própria palavra diz.

Rodrigo Bocardi == olha aí e é só uma né entre tantas. Que esse episódio sirva de lição para todos nós, tem que ter uma revisão, né? Nas atitudes, né? Nos atos de cada um.. na participação da sociedade… porque senão a gente vai ficar convivendo com isso´´.

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Ananda Apple, na externa (telão), com Rodrigo Bocardi, no estúdio. (Bom dia SP-06/11/2023

As ocorrências

Na 2a. feira, a concessionária ENEL afirmava ter normalizado a energia de 400 mil de seus 1,4 milhão de clientes na capital. A previsão de normalização foi colocada para a 3ª.feira (07/11/2023).

Com os números sendo atualizados aos poucos, no meio da tarde, os semáforos que apresentaram problema por conta da chuva, 284 que estavam apagados ou intermitentes já tinham sido restabelecidos; 247 ainda estão apagados por falta de energia e 20 por problemas no equipamento. No total, a cidade tem 6.500 semáforos.

De 618 chamados por falta de iluminação pública, 523 haviam sido consertados também pela manhã, segundo a Prefeitura de São Paulo.Das 150 árvores que caíram, 90 foram retiradas.

Segundo a concessionária de energia elétrica ENEL, das 84 escolas que estavam sem energia, agora são 47. A concessionária informava que resolveria o problema ainda nesta noite.Os

Os parques foram afetados

Os parque municipais também foram afetados. Somente no Parque do Ibirapuera caíram 128 árvores.  Os parques Nabuco, Santo Dias, Morumbi Sul, Guarapiranga, Previdência e Eucaliptos permanecem fechados para o restabelecimento das condições adequadas de segurança e bem-estar dos visitantes.  Alguns parques ficaram sem energia elétrica.


<Com apoio de informações/fonte: Secretaria Especial de Comunicação – Secom/PMSP>>

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