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Uma ação e outra reação, mas o destino do albergue no Pq. Novo Mundo é o mesmo

Foto Instagram: @caarlosbezerrajr
Tempo de Leitura: 8 minutos

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da Redação DiárioZonaNorte

  • Moradores picham o prédio onde está indicado o novo albergue (CTA)
  • Houve protestos nas ruas e na Marginal, com faixas
  • O Pq.Novo Mundo já tem outro albergue que não funciona adequadamente
  • O Secretário não gosta dos protestos e publica critica dura no Instagram

Os moradores do Parque Novo Mundo, há mais de uma semana, continuam apreensivos com a notícia da chegada na região de mais um Centro Temporário de Acolhida (CAT), equipamento coordenado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (SMADS) da Prefeitura da Cidade de São Paulo.  Desta vez, o local escolhido é a Av. Serafim Gonçalves Pereira nº 119 , ao lado de muitas residências e um crescente comércio.

Além de abaixo-assinado, os moradores recorreram a faixas e manifestações em praças e  uma caminhada de protesto até frente ao local escolhido para o novo CAT. Na principal praça do bairro –, a Parque Novo Mundo — , houve um encontro de moradores e foi estendida a faixa: “Sr. Prefeito Ricardo Nunes – Os moradores do Parque Novo Mundo são contra a instalação de UM NOVO CTA ALBERGUE no bairro´´. Já no sábado, os moradores foram além e fecharam com barreiras com fogo um trecho da Marginal, que está próxima do Parque Novo Mundo.

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Faixa na Praça Parque Novo Mundo
Mais manifestações

Segundo moradores, as manifestações continuarão ´´até chegar às autoridades e levaremos ao Ministério Público´´. Alegam ainda que não foram consultados e nem mesmo através de uma audiência pública junto à Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros ou até do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) ou do Conselho Participativo Municipal (CPM).

´´Todos foram pegos de surpresa, ninguém sabia de nada. Desde o ano passado, tudo estava às escondidas´´, alegou um morador, onde reside há anos em frente ao prédio do novo CTA. E lembrou que ninguém é contra o pessoal em situação de rua, mas ´´que a escolha do imóvel seja em local mais afastado, em terreno que a Prefeitura tem nas Marginais ou próximo aos galpões de empresas de transportes, e não no meio de residências com idosos e crianças´´.

Há outro CTA no bairro

A propósito, os moradores lembraram que o Parque Novo Mundo já tem um Centro Temporário de Acolhimento, que é o CTA-14, desde 2017,  e que está localizado na Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silva ,1399 –– que fica somente a 1,5 km do prédio para abrigar o novo CTA. Neste local, as pessoas em situação de rua não tem autorização para frequentar o local antes das 17 horas e ficam ao redor do prédio, sentados na calçada ou já morando em barracos improvisados.

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Frente CTA-14 com pessoas em frente à espera das 17 horas

Outros perambulam pela região para o tempo passar e retornar ao local no horário permitido para entrada no CTA – onde vai receber o tratamento adequado em higiene, alimentação e local para dormir, até 7 horas da manhã, quando é obrigado a se retirar. ´´A pessoa em situação de rua não pode ficar no CTA e acaba vagando pelas ruas. E aí mora o perigo, pois pode até usar álcool e drogas, andando pelas ruas do bairro´´ é o comentário de um morador.

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Distância de 1,5 km entre dois CTAs no Pq. Novo Mundo
A pichação e a reação

Na 6ª. feira passada (10/02/2023), alguns moradores mais revoltados foram ao prédio determinado ao novo CTA e picharam os portões: ´´CTA Aqui não. Queremos sossego. Paz´´. Essa atitude  trouxe a reação do Secretário Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social,  o vereador licenciado Carlos Bezerra Júnior, que mandou funcionários ao local para apagar a pichação e publicou um desabafo na sua página do Instagram ( link: clique aqui) , conforme publicamos na íntegra:

´´ FUTURO CENTRO DE ACOLHIDA AMANHECE PICHADO NA ZONA NORTE DE SP —  Quando o assunto é assistência social para moradores em situação de rua, a gente vive um impasse, que seria até engraçado, se não fosse trágico. A verdade é que as pessoas querem que a situação de quem vive nas ruas seja resolvida, mas querem que a solução passe bem longe de suas casas. A máxima do “resolva, desde que…”. Explicando:

  1.  É preciso entender que pessoa em situação de rua não é um bandido. Ela vive um drama grave que poderia acontecer nas “melhores famílias” e a sucessão de infortúnios a colocou em condição de rua.
  2. São Paulo não é um lugar, ao contrário do que muita gente pensa, onde há fartura de imóveis nas condições ideais para que sejam feitas intervenções mínimas e entrega rápida de Centros de Acolhida.
  3. E este é o mais difícil de compreender sob a ótica de um cristão, sobretudo: pessoas não são lixo, não são entulho, e isso não pode estar atrelado à condição social em que elas vivem.
  4. Tráfico e traficante são problemas policiais; falta de um abrigo pra viver é questão da assistência social; dependência química é assunto da saúde.Em suma:  Querem que a condição das pessoas que vivem nas ruas, agravada pela crise econômica e a pandemia, seja resolvida, mas quando encontramos imóveis adaptáveis à proposta de Centros de Acolhida menores para atendimento mais qualificado, a gente se depara com reações deste tipo.

E isso depois de eu ter recebido uma comissão de moradores em meu gabinete…

Vocês não podem imaginar o que eu já ouvi de vizinhos e até de lideranças religiosas (pasmem!) quando há repúdio, revolta, rejeição à instalação de um Centro de Acolhida em um determinado bairro. “Leva pra casa”, “coloca na sua rua”…

Engraçado, se não fosse trágico (e hipócrita), que as pessoas que fazem este tipo de manifestação preconceituosa são as mesmas que aparecem no culto ou missa de domingo para orar em favor dos pobres e dos oprimidos.

PS: estamos pintando a fachada pichada, porque entendemos que as pessoas que serão acolhidas ali, precisam entender o significado real da palavra “acolhimento”.  Vida que segue! ´´

Portão pichado e funcionário apaga as mensagens
O outro lado 

Esse post de Carlos Bezerra Jr. Atingiu 1.368 curtidas  (até no começo da tarde desta 2ª. feira – 13/02/2023), com posicionamentos a favor do secretário e outros contra,  como um post identificado como ´´EDPMadeira´´ (ver no link: clique aqui) , que ponderou com os comentários do responsável pelo SMADS e lembrou de um caso real na Zona Leste, segundo escreveu (na íntegra):

<< O CTA 11 fica na rua João Soares, próximo a igreja católica Nossa Senhora de Lourdes no bairro da Água Rasa/Moóca. Fica a 50 metros da UBS da Água Rasa, que é na mesma rua, só que com outro nome, rua Serra de Jairé. O centro de acolhimento, abrigo, albergue ou qualquer outro o nome dado, cumpre com a sua real função a noite, porém durante o dia o que se vê no entorno são grupos de homens largados na rua, “jogados na sarjeta”, consumindo bebida alcoólica e até mesmo drogas.

O ponto de ônibus que atende o posto de saúde da UBS Água Rasa é um ponto de encontro desses homens, principalmente em dias de chuva. Grupos de até 10 ou 12 homens, assusta a qualquer pessoa que chega de ônibus ao local. As calçadas nessa rua da UBS principalmente a tarde, inclusive aos finais de semana, fica cheia de lixo, resto de marmita e garrafas de corótes ( cachaça barata), muita sujeira e muitos homens.

É quase rotina ouvir xingamentos, palavrões ainda de madrugada, pois não são todos que estão na rua que conseguem entrar no CTA. Parece que há regras para poder ter acesso ao atendimento, banheiro, banho, cama e comida. Há horário de entrada e horário de saída, e não é permitido usar drogas/álcool lá dentro, com isso alguns “preferem” ficar na rua.

Hoje cedo não foi diferente a muitos outros dias, pois sempre há alguém gritando palavrões antes do amanhecer.  Ao abrir a janela de casa, vi mais uma vez um carro da polícia na rua João Soares, estacionado, era uma viatura da polícia técnica. Infelizmente, muito provavelmente mais um “foi pro saco” lá dentro ou na rua. Não duvido de coma alcoólico. É triste demais a situação, a visão é horrível, as vezes parece ´´ the walking dead´´, alguns são como zumbis.

O comércio na região da Avenida Álvaro Ramos/ Salim Farah Maluf / rua Serra de Jairé/ João Soares está em total decadência, várias lojas fechadas nos últimos três anos, vários imóveis fechados e pichados. Sair e chegar a pé em casa é sempre um desafio, perigoso. Alguns funcionários do condomínio contam que já foram assaltados nas ruas próximas. É mais um grande problema sem solução na cidade, como se diz, “Despiu um santo para cobrir outro”. >>

CTA 11 Água Rasa/Mooca

Se o CTA da Vila Maria,  que era da Rua  Margarinos Torres  e que está sendo  transferido para o Parque Novo Mundo para 400 vagas,  como ficarão os outros dois: o da Av. Morvan Dias de Figueiredo junto à Ponte da Vila Maria (que já tinha o prédio alugado com contrato assinado e pode ser uma estação do Metrô) e o da Rua Zulmira na Vila Medeiros, que foi prontamente cancelado? No total seriam três com 900 vagas no total para acabar com o CTA da Av. Zaki Narchi. Essa é a pergunta do moradores, que aguardam o rolar dos acontecimentos e, como é um assunto polêmico, uma decisão que possa ter um desfecho de ajuda aos munícipes que pagam os seus impostos e alguns, com muita trabalho e juros, conseguiram pisar em seu lar próprio. Outros são idosos junto aos seu pequenos netos, que vivem um modo de vida modesto e querem sossego.

Em cima da hora

No início da noite desta 2a. feira (13/02/2023), aconteceu uma reunião na sede da Distrital Nordeste (Vila Maria) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para discutir a situação do novo CTA no Parque Novo Mundo, que contou com representantes da liderança local e moradores.

O documento está sendo encaminhado à Procuradoria Geral do Estado de São Paulo oferece informações sobre a situação do novo equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo e solicita verificação nos procedimentos, já que ´´não audiências públicas para discussão e/ou consulta da população, além de ter havido Estudo de Impacto de Vizinhança ou Impacto Social, Econômico e de Segurança´´.

No encontro, estiveram presentes: Willian Oliva da Siva (diretor-superintendante ACSP-Distrital Mordeste), Elias Pereira sobrinho (presidente do CONSEG Parque Novo Mundo/ Vila Sabrina),  Roberto Soares Mota (presidenfe do CONSEG Vila Maria), Anto?nio Roberto Freire (presidente da Associac?a?o dos Amigos do Parque Vila Guilherme – AAPVG) e Jefferson Eloy (presidente da Associação de Moradores do Parque Novo Mundo).

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Leia o artigo de Roberto Freire:

  • Os “albergues” da cidade e na Zona Norte devem entrar em debate sem proselitismoclique aqui

Leia sobre o terreno na Av. Zaki Narchi:

  • Área ao lado do Center Norte receberá 2.210 unidades habitacionais populares – (05/01/2021) – clique aqui

E as matérias sobre o caso no DiárioZonaNorte:

  •   “Albergue da Zaki Narchi irá para o Parque Novo Mundo. Vizinhos são contra” – (01/02/2023) –  clique aqui
  •  “Prefeitura confirma Albergue na Av Serafim Gonçalves Pereira, no Parque Novo Mundo”- (09/02/2023) – clique aqui

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