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Um pouco do “Boi-Bumbá” de Parintins chega na ZN com Bloco “Amigos do Boi”

Tempo de Leitura: 9 minutos
da Redação DiárioZonaNorte

Distante 2.566 quillômetros da cidade amazonense de Parintins, a modesta e pouco conhecida Rua Viri, no bairro do Jardim São Paulo da Zona Norte da cidade de São Paulo, está entrando para a história do Boi Bumbá.

Depois do Festival  Folclórico de Parintins, com o Boi Garantido (vermelho) e o Boi Caprichoso (azul) ter viajado o mundo pelos milhares de turistas, o Carnaval de Rua paulistano ganha neste ano um bloco diferente e de muita história, que ali se apresenta no dia 24/02/2020 (2ª feira de Carnaval), a partir das 14 horas.

Os corações no vermelho e no azul

Muito diferente dos 865 blocos inscritos na Prefeitura de São Paulo e que terão 960 desfiles pelas ruas das 32 regiões administrativas da cidade, com a inclusão de outros “megablocos estrangeiros”, onde estrelas artísticas carregam  multidões de foliões atrás de trios elétricos, bebendo e enrolando as pernas.

Ao invés, um grupo de paulistas e cariocas criaram há cinco anos o bloco “Amigos do Boi”, homenageando o Garantido e o Caprichoso  do Festival de Parintins. Esses jovens apaixonados por um Carnaval diferente vivem na correria desenfreada de uma grande megalópole, entre trabalho e estudos, e aqui dividem os corações entre o vermelho e o azul

São apaixonados pelos bois e o Festival de Parintins, onde já estiveram várias vezes e programam viagens em grupo — onde criam novas amizades de relacionamento com os bois. E sempre programam eventos em cidades do interior para divulgação do festival e dos bois. Com o Bloco Amigos do Boi, os organizadores tem projetos de ampliar atuação e, com isto, abrir eventos sociais.

A criação

É um grupo de amantes do Festival Folclórico de Parintins, sendo formado de um projeto “Uma Noite em Parintins”, que aconteceu em Arujá (42 kms de SP – 85 mil habitantes); e outra parte da “Noite dos Bumbás”, em Sumaré (117 kms de SP – 97 mil habitantes). Essa junção criou o bloco “Amigos do Boi” para as ruas da Zona Norte para uma brincadeira séria e tradicional, com carinho do vermelho e do azul para todos na dança dos bois.

Não muito distante, apenas quatro quilômetros na Zona Norte, os samba-enredos estarão sendo apresentados no Sambódromo do Anhembi, e o bloco “Amigos do Boi” estará trazendo, pela primeira vez, um pouco do folclore do Norte e Nordeste do país, com os festejos do “Boi-Bumbá” na dança de reverência aos índios, personagens humanos e seus animais fantásticos, em torno da lenda sobre a morte e ressureição de um boi.

Não está programado percurso com o bloco, que ficará em ponto estático, sendo mais dançante e em algumas evoluções que é conhecido como cortejo.  Haverá toda a representatividade do bloco com estantarde, os dois bois (com os tripas – que fazem os movimentos), os pajés, fantasias e artistas amazonenses farão o som com as toadas. Um pouco afastado haverá um espaço reservado às crianças. “Isto é importante porque o boi-bumbá leva-nos às brincadeiras de criança com os bois”, lembra o grupo.

Em Parintins, e em toda a Amazônia, existe a rivalidade amigável do vermelho do Garantido(com coração na cabeça) e do azul do Caprichoso (com estrela na cabeça), como há entre times de futebol no exemplo Palmeiras e Corinthians, e outros esportes. Tanto que um grupo não usa a cor do outro nas vestimentas e em nada.

Em letras compostas com riquezas da natureza e do folclore indígena da Amazônia, entre rios, peixes, jacaré, ariranhas, botos, pirarucús, florestas,  gaviões e pássaros, as cores das duas agremiações são relevantes —  até “Eu sou Azul até morrer!” ou “O Vermelho está nas minhas veias”.

Na Rua Viri, ao lado do Clube Escola Jardim São Paulo e próximo do Sesc Jardim São Paulo/Santana, diante dos carros trafegando  pela “Velha Avenida Nova” — a Dumont Villares –, o Boi-Bumbá estará dançando sem rivalidades entre os vermelhos e os azuis.  O logotipo do bloco tem a divisão dos dois bois com as respectivas cores, mais a estrela azul e o coração vermelho.

O mais importante é mostrar um pouco mais de nossa cultura, vinda lá de cima, em toadas em ritmo contagiante, os pés que mexem, o corpo que dança, a mente que viaja pela Amazônia, ao som forte de tambores, maracas, chocalhos e metais, que misturam até instrumentos dos ancestrais Incas dos Andes – o charango, quena e zampoña — até na abertura das toadas aparece a graça de nosso cavaquinho, como acontece nas escolas de samba.

“É tão apaixonante que ficamos contando os dias para chegar o final de junho e já sonhamos com a gente dentro do Bumbódromo”, desabafa com alegria Adão Modesto (geógrafo e mora em Osasco), e ao seu lado Priscila Ribeiro (tesoureira/empresa e mora em Osasco), balançando a cabeça para confirmar.

Os dois se juntaram com os outros apaixonados por Parintins, entre eles, Renan Portela (formado em Recursos Humanos, artesão com atelier, mora na Vila Prudente), Elisangela Santos (professora em escola especial no Tucuruvi, nasceu e mora na Zona Norte) e Ramos Zamparro (de Pernambuco e mora na Zona Norte, com trabalho na área de Gestão de Pessoal) – que se transformaram nos principais organizadores do bloco “Amigos do Boi”.

E, enquanto isto não acontece, no ano passado o grupo recebeu apoio do Centro de Tradições Nordestinas (CTN) com o evento “A Força Cultural da Amazônia” e também apresentações na Bienal do Ibirapuera com “Feira de Artesanato Brasileiro”, na casa de espetáculos  Paris 6 e a casa noturna EGarden Club na Vila Madalena, que contaram com as presenças e divulgação dos organizadores do grupo “Amigos do Boi”.

Um grande sonho do grupo é trazer e ver um pouco do Festival do Folclore  de Parintins nas ruas de São Paulo, com patrocínios e apoio do Turismo do governo amazonense.

Além da paixão do grupo “Amigos do Boi”, há um pouco da saudade de artistas de Parintins, que deixam suas famílias para passar metade do ano trabalhando nos barracões das escolas de samba e na Fábrica do Samba, ao lado do Sambódromo.

Eles são os artistas dos grandes carros alegóricos, que estrearam no carnaval trabalhando na Escola de Samba X9-Paulistana (que fica bem próxima ao local da apresentação do bloco) no carnaval de 1997 e que na sequencia Joãozinho Trinta também os levou para o Rio de Janeiro. “Com este evento, além de nos divertimos no ritmo que amamos e divulgarmos o festival, queremos prestigiar esses trabalhadores que sentem saudade dos costumes de sua terra”, explicou Adão Modesto.

Nesta primeira apresentação do bloco “Amigos do Boi” no Carnaval de Rua paulistano, os “brincantes” (que seriam os “foliões”) vão dançar e acompanhar as toadas que fazem sucesso com os vermelhos e os azuis.

 “Queremos difundir ainda mais o Festival de Parintins, com o público que está em busca de novas experiências no Carnaval de Rua”, explica o apaixonado azul, Renan Portela. Segundo os organizadores, além do “boi-bumbá” que estará dançando junto às toadas e ao ritmo forte, os representantes parintinenses mostrarão às famílias, aos jovens e às crianças como participar das danças com “dois prá lá, dois prá cá”.

“Amigos do Boi” na Terceiro Milênio

O G.R.C.E.S.  — Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Estrela do Terceiro Milênio, da Comunidade do Grajaú (Zona Sul) – que neste ano comemora 22 anos –, estará homenagenado os artistas de Parintins no enredo “No Coração da Floresta Nascem Estrela que Brilham no Meu Carnaval”,  idealizado pelo carnavalesco Murilo Lobo. A escola vai entrar no Sambódromo para a tão sonhada vaga no grupo de elite do Carnaval de São Paulo.  O grupo “Amigos do Boi” foi convidado pela diretoria da  Escola de Samba Estrela do 3º Milênio e estará fechando o desfile nos último carro alegórico.

O desfile trará a história da ilha de Parintins, a formação do povo,  lendas, belezas naturais, influências culturais, religiosidade e crenças para explicar como nasce essa aptidão artística tão latente que é exportada da ilha para o Rio de Janeiro, São Paulo, para o sul do país e pelo mundo. Para isso, o enredo vai destacar a importância do missionário que montou a primeira escola de arte e escultura na ilha, fato que mudou para sempre o destino deste povo.

O enredo também abordará o festival mostrando como a brincadeira do bumba meu boi do Maranhão, inspirou a criação o boi bumbá de Parintins e como essa expressão cultural e folclórica, que se tornou a grande ópera da Amazônia, projeta os anseios de um povo que se transformou em um levante cultural de resistência, que valoriza e reafirma a cultura e a raiz ancestral.  “Parintins é inspiradora e, estes artistas que nos emprestam seus talentos e com suas mãos constroem nosso carnaval, merecem essa homenagem. Vamos fazer um desfile emocionante, cheio de energia”, diz o presidente Gilberto Rodrigues.

O samba-enredo teve pelo segundo ano concecutivo, os compositores Rodrigo Oliveir(Shumacker), Matheus Nassar, Maurício Pito e Felipe Mendonça, que venceram o concurso de samba-enredo da Estrela do Terceiro Milênio e  assinam a canção que vai embalar a homenagem que exaltará os artistas da Ilha da Magia.  Veja abaixo a íntegra da letra  e mais o vídeo com o pessoal da escola.


Letra do Samba –  Compositores: Rodrigo Oliveira (Shumacker), Matheus Nassar, Maurício Pito e Felipe Mendonça

  • Hoje o couro vai comer, cai no samba / Minha festa é pra você, gente bamba
  • Azul e vermelho, explode povão Milênio, estrela do meu coração
  • Vou rumo a ilha da magia / É mãe d’água quem me guia
  • Nesse rio de encantos, emoções / Amazona guardiã guerreira
  • Será peixe ou cunhã? Sereia! / No tempo a viajar
  • Parintintins, Tupinambás / Preservaram sua joia rara
  • Índio resistiu ao invasor / Negro foi trazido de além mar
  • Em cada encontro uma dor e um amor / Dessa mistura, uma cultura singular
  • Bate o tambor, entra na dança / Canta o pajé, é magia, herança
  • Vem da floresta a cura pro mal / Há força em cada ritual
  • É cabocla a cara do Norte desse país / Um caldeirão de raças, um sabor
  • Que não perde a raiz / A benção de Nossa Senhora do Carmo, proteção!
  • A arte  e o sagrado despertam os dons, revolução
  • Êh boi, lembranças lá do Maranhão O Boi Bumbá aqui nasceu
  • Fez da alegria tradição / No festival das cores “em toadas ” as paixões
  • Das mãos de sonhadores o bailar das criações
  • A identidade do artista genial / Na avenida, ganha vida é Carnaval

G.R.C.E.S. Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Estrela do Terceiro Milênio

Rua José Antunes Cerdeira, 71 – Calçadão Cultural do Grajaú – Parque América


O Festival Folclórico de Parintins

O festival Folclórico de Parintins é um evento que acontece anualmente na última semana do mês de junho, na cidade de Parintins, no estado do Amazonas. A festa é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

?A festejo ocorre há 55 anos (desde 1965) e é muito popular na região, atraindo também pessoas de todo o Brasil e de outros países. Tradicionalmente, é realizada no Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes em Parintins —  conhecido como Bumbódromo, possui o formato de cabeça de boi e tem capacidade de reunir 30 mil pessoas — dividido 15 mil para a torcida de cada boi. No Bumbódromo tem uma área reservada gratuita para pessoas de pequena renda e que se inscrevem para assistir o Festival.

As apresentações, que começam na última 6ª feira do mês de junho indo até domingo, simbolizam uma disputa a céu aberto entre duas agremiações folclóricas Boi Garantido (vermelho) e Boi Caprichoso (azul).  O Festival Folclórico de Parintins já foi transmitido AO VIVO  pela Tv Bandeirantes e atualmente  é transmitido ao vivo para todo o Brasil pela Tv Cultura.

São milhares de turistas do Brasil e do mundo que acompanham as toadas dos bois Garantido e Caprichoso. Na época do festival, a população de Parintins, de 114 mil habitantes, chega a quase dobrar. Segundo a prefeitura do município, cerca de 80 mil turistas visitam a cidade durante o festival. O Festival Folclórico foi responsável pela divulgação de algumas músicas que ficaram famosas, como os hits Tic Tic Tac, VermelhoSaga de Um CanoeiroParintins Para o Mundo VerLamento de RaçaRitmo Quente, entre outras.

O Boi Garantido foi campeão 32 anos e vice 22 anos. Já o Boi Caprichoso teve 23 vezes como campeão e 30 como vice. No Wikipédia tem quadro com todos os anos de apresentações e mais os temas apresentados.

Parintins é uma cidade em ilha e fica a 396 quilômetros de Manaus. A maneira mais barata de ir de Manaus para Parintins é de barco que custa R$ 90 a R$ 210 e dura 8 horas;  mais é de avião que custa de R$ 350 a R$ 1000 e dura 2h35m.  Leia mais no Wikipédia — clique aqui.

Localizada na região do Baixo-Amazonas, quase na fronteira com o estado do Pará, a ilha de Parintins só é acessível aos visitantes por meio de barcos ou aviões. Tanto os barcos quanto os expressos saem do porto da Manaus Moderna, por trás do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no Centro de Manaus. As passagens podem ser adquiridas em guichês ou diretamente com os proprietários das embarcações. As opções para chegar na cidade são:

Avião – Diariamente há voos diretos Manaus-Parintins, que podem durar de 45 minutos a 1 hora, dependendo da aeronave. No período do festival, por conta da demanda, aumentam consideravelmente o número de voos diários. Durante o período do Festival de Parintins, a Amazon Best oferece serviços exclusivos de passagens aéreas em aeronave de grande porte.

Barco – Navegando a favor da correnteza do rio Amazonas, a viagem de Manaus a Parintins demora de 14 a 18 horas, dependendo do tamanho da embarcação. O retorno é um pouco mais demorado, entre 24 e 30 horas. Os barcos têm capacidade de levar até passageiros e oferece serviços de camarotes, locais para amarração de redes, refeições a bordo, área de lazer e serviços de bar. Durante o período do festival, os barcos ficam ancorados na orla de Parintins e funcionam como barcos-hotéis.

Lancha Expresso – Outra opção muita usada pelos passageiros são as viagens através das lanchas rápidas ou expresso, com capacidade de até 90 pessoas.  Esse tipo de embarcação é semelhante a um ônibus fluvial e faz o mesmo percurso até Parintins em aproximadamente 8 horas.


Serviço
Bloco Amigos do Boi – Parintins
  • Quando: 24/02/2020 (2ª feira de Carnaval)
  • Horário: 14h00 (concentração) e 19h00 (dispersão)
  • Local: Rua Viri (altura do nº 797 da Av. Luiz Dumont Villares)
  • Bairro: Jd.São Paulo / Santana
  • Referências:  próximo  Clube Jardim São Paulo e Sesc Santana
  • Transporte:  Metrô Jd. São Paulo  e Parada Inglesa
Mais informações sobre o grupo Amigos do Boi:
  • Site: amigosdoboi.com
  • Instagram: @amigosdoboisp
  • Facebook: Amigos do Boi – SP
  • Patrocínios/Informações:     (11) 97672-0279 – Adão – e  (11) 96551-2331 – Renan

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