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“Um Broto Legal” revela os bastidores que levaram Celly Campello ao estrelato

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Tempo de Leitura: 5 minutos

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<< Crítica/Cinema>> === por Aguinaldo Gabarrão (*)

O sucesso alcançado pela cantora Celly Campello (1942 – 2003), no final dos anos 50 e início dos 60, é inquestionável. Ela foi a precursora do rock no Brasil. Mas não é menos verdade afirmar que Celinha –- como era conhecida em Taubaté -– não chegaria ao estrelato se não houvesse a obstinação de um outro jovem: seu irmão e também cantor, Tony Campello.

O filme Um Broto Legal tem o mérito de trazer a atmosfera de uma época em que a juventude, aparentemente ingênua e comportada, seguia as regras sociais sem questionamentos. Porém, essa aura é quebrada logo nos primeiros momentos do filme, quando Sérgio Campello e sua banda se apresentam e fazem um contra ponto à banda anterior, que tocava uma música morna.

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Estúpido Cupido

O roteiro faz escolhas claras: mostrar os principais eventos que conduziram Celly Campelo com apenas 17 anos ao sucesso meteórico, a partir do lançamento da música Estupido Cupido, e dar o devido crédito ao irmão dela, que buscou Fred Jorge (1928 – 1994) para fazer a versão que se tornaria o marco inaugural na carreira da primeira “namoradinha do Brasil”.

Outro aspecto focado no roteiro é o dilema da cantora: preservar o relacionamento com Eduardo Chacon (interpretado por Danillo Franccesco), a quem ela amava, ou dedicar-se à carreira artística. E entre brigas e reconciliações com o namorado, ela segue com outros sucessos na velocidade de um vídeo clip até a sua decisão, comunicada no programa apresentado pelo jornalista Reali Junior (1941- 2011), interpretado com elegância por Emmilio Moreira.

Elenco antenado

Os atores Marianna Alexandre e Murilo Armacollo (Celly e Tony Campello), acertadamente escolhidos, preenchem a tela com interpretações convincentes. A delicadeza e certa ingenuidade no registro da atriz é contrabalançada com a energia de Armacollo. E o conjunto se completa.

O elenco abraçou a proposta do diretor Luiz Alberto Pereira (Jânio a 24 Quadros; Hans Staden) e traz um sabor especial à atmosfera pensada por Pereira. Mas é preciso citar Felipe Folgosi, divertidíssimo em sua composição. Igualmente Paulo Goulart Filho e Martha Meola, o casal Campelo, apresentam boas composições: ele apoiador, ela “pé no chão”, por vezes, repressora.

A produção cuidadosa de época, os belos figurinos e a competente direção de arte são outros ganhos de Um Broto Legal.

* (Veja após a crítica os principais trechos das entrevistas concedidas por Tony Campello e o ator Emmilio Moreira ao DiárioZonaNorte).


Tony Campello: “Na nossa história o livro não fecharia”

O cantor e produtor musical Tony Campello, 86 anos, pisciano assumido e espiritualista, falou ao DiárioZonaNorte de sua carreira e da irmã, Celly Campello, e de sua contribuição para o filme Um Broto Legal.  Em tom descontraído ele revelou sua admiração pelo jornalista Ary Silva, responsável pelo jornal A Gazeta da Zona Norte, que fazia citações do cantor em sua coluna no Diário de São Paulo.  

Campello não poupou elogios ao filme, a produção, elenco e, em especial, ao ator Murilo Armacollo, que o interpretou: “… foi tão fiel, inclusive cantando. Me surpreendeu muito”. Quanto aos diálogos criados por Pereira e Dimas Oliveira Junior, ele observou: “(eles)… se municiaram de entrevistas, além dos meus relatos, coisas que eu falei e que apareceram nos diálogos”, “...coisas muitos pessoais que se passaram comigo e que foram relatadas no filme”.

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A presença paterna

Lembrando o período de programas ao vivo e com auditório, Tony mencionou uma conversa entre Paulo Machado de Carvalho, à época dono da TV Record e Nélson Campelo, pai dos cantores. Na ocasião ele informou que o programa mudaria para outro estúdio e sem público. Motivo: Celly e Tony estavam lotando o auditório e isso dava prejuízo à emissora, uma vez que a rapaziada subia em cima das cadeiras para dançar e depois era preciso consertá-las.

Perguntado sobre como ele havia reagido ao receber da irmã a notícia de que ela iria parar de cantar, Tony fez uma ligeira pausa e disse que, principalmente o pai, sendo um educador, havia criado os filhos para serem irmãos no sentido pleno da palavra. E acrescentou: “(meu pai) nos ensinou também a respeitar o que o outro sente e decide. Isso eu carrego muito comigo.”

Ao final Tony relembrou que Celly nunca encerrou a carreira. Ela se retirava para o “cantinho dela, pra casa dela, pros filhos” e depois voltava. E sobre mais este “retorno” da irmã por meio da cinebiografia, Tony, conclui: “… eu já esperava que isso acontecesse um dia, eu sempre disse que na nossa história, minha e da minha irmã Celly, o nosso livro não fecharia”.

Emmilio Moreira: “Eu gosto demais de trabalhos de época!”

Foto: Rayssa Sago

Emmilio é ator formado na UNICAMP. Quando chegou a São Paulo seu primeiro trabalho foi na Zona Norte, no bairro de Santana, gravando o piloto para o programa TV Bairros, exibido pela TV Bandeirantes. Ele atualmente interpreta o doutor Ambrósio na novela “Além da Ilusão” (Tv Globo) e no filme Um Broto Legal, ele é o apresentador e jornalista Reali Junior.

Ao ser perguntado quanto a técnica que um ator deve usar para um trabalho de época, ele considera importante conhecer e estudar o período em que a personagem vive e o que representa aquele período. Mas para ele, o momento em que coloca o figurino de época, a personagem começa a aparecer, juntamente com o estudo do texto, o linguajar, as pontuações, a maneira de falar e gesticular mais comedidas. E conta uma curiosidade: “… acho que tenho uma cara de época mesmo, eu fico bem em obras que retratam uma época”.

Para interpretar o jornalista e apresentador Reali Junior, o ator pesquisou diversas biografias, uma vez que não havia nenhum registro do primeiro programa de auditório da TV brasileira. E conclui: “por outro lado, foi uma libertação e alívio, porque eu tinha uma liberdade de fazer e de preencher essa ausência de informações com o que eu achasse melhor”.

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Serviço:

UM BROTO LEGAL

  • Gênero: drama, biografia, musical
  • País: Brasil
  • Classificação: 12 anos
  • Duração: 1h e 34 minutos
  • Ano: 2022

Ficha técnica

  • Elenco: Marianna Alexandre, Murilo Armacollo, Danillo Franccesco, Paulo Goulart Filho, Martha Meola, Petrônio Gontijo, Felipe Folgosi, Emmilio Moreira, Claudio Fontana, Carlos Meceni
  • Direção:  Luiz Alberto Pereira
  • Roteiro: Luiz Alberto Pereira e Dimas Oliveira Jr
  • Direção de Fotografia: Uli Burtin, ABC
  • Direção de Arte: Glauce Queiroz
  • Montagem: Jr Carone
  • Produção: Ronald Kashima, Diana Landgraf Pereira, Luiz Alberto Pereira
  • Distribuição: Pandora Filmes
  • Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação

 

(*) Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.

 


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