da Redação DiárioZonaNorte
Localizado a cerca de 11 quilômetros do centro de São Paulo, o bairro do Tremembé é uma das áreas mais emblemáticas da Zona Norte da cidade. Com 134 anos, completados neste domingo (10/11/2024), o distrito guarda lembranças preciosas da história paulistana. É também conhecido por suas nascentes naturais, como a Fonte Fontalis, que deu nome a uma de suas regiões.
Apesar das profundas transformações urbanas, o Tremembé se destaca pela abundância de áreas verdes e pelo perfil mais residencial, o que mantém uma ligação viva com o passado em meio ao crescimento da metrópole.
O nome Tremembé vem do tupi, significando “alagadiço,” em referência às antigas condições do terreno. A história do bairro remonta ao final do século XIX, quando a antiga fazenda da família Vicente de Azevedo foi loteada e deu origem às primeiras chácaras e glebas.
A sede da fazenda estava localizada na esquina da Avenida Nova Cantareira com a Rua Maria Amália Lopes de Azevedo, região que ficou conhecida como “Fazendinha“. Nos anos 1910, os filhos do casal Pedro Vicente de Azevedo e Maria Amália Lopes de Azevedo fundaram a Companhia Villa Albertina de Terrenos, iniciando o loteamento urbano e atraindo muitos imigrantes europeus.
A beleza natural do local e o clima serrano, similar ao das paisagens europeias, tornaram o Tremembé atraente para portugueses, italianos, alemães e eslavos. Com uma grande presença da comunidade alemã, o bairro contava com estabelecimentos tradicionais, como o restaurante Recreio Holandês, que funcionou por 50 anos. Atualmente, o legado da família Van Enck, que administrava o restaurante, e continua vivo no Biergarten Munique, com unidades no Shopping Center Norte e na Av. Engenheiro Caetano Álvares.
Conexão com a cidade
Devido ao seu relevo acidentado, Tremembé permaneceu relativamente isolado até meados do século XX. O acesso principal era feito pelo Tramway da Cantareira, uma linha de trem inaugurada em 1894 para apoiar a construção dos reservatórios de água da cidade. A linha se tornou essencial para o deslocamento dos moradores até 1964, quando foi desativada. A estação Tremembé, penúltima parada antes da estação Cantareira, é uma lembrança dos tempos em que o bairro era servido por esse meio de transporte.
Com 134 anos de história, o Tremembé mantém o status de um dos bairros mais verdes da cidade, abrigando uma vegetação nativa que se estende por ruas, terrenos e pelas amplas áreas do Horto Florestal e do Parque Estadual da Cantareira. Parte da Mata Atlântica preservada, o parque é reconhecido como reserva da biosfera pela UNESCO e pertence ao Cinturão Verde de São Paulo. Além de preservar a biodiversidade, a região desempenha um papel crucial na manutenção das fontes de água e na qualidade do ar, fatores cada vez mais valorizados diante do avanço da urbanização.
Apesar disso, o crescimento imobiliário pressiona a preservação ambiental, com pequenos terrenos sendo transformados em condomínios horizontais e reduzindo a cobertura vegetal. Embora menos verticalizado que outros bairros da cidade, Tremembé enfrenta desafios para equilibrar o desenvolvimento com a conservação ambiental, especialmente em áreas de mananciais e nas proximidades da Serra da Cantareira, onde loteamentos clandestinos aumentam o desmatamento e a ocupação irregular.
Comunidade e tradição
Tremembé preserva um forte espírito comunitário, com destaque a várias entidades assistenciais e da Paróquia São Pedro, que organizam ações de apoio social e comunitário. A Fundação Gol de Letra e outras associações locais também desempenham um papel importante, colaborando para manter viva a tradição de solidariedade e engajamento social. A Escola Estadual Arnaldo Barreto, inaugurada em 1922, segue como um símbolo de educação e tradição na comunidade.
Com uma área de 22,9 km², o distrito é o quarto maior entre os 96 distritos de São Paulo e inclui diversos bairros, como Jardim Floresta, Parque do Tremembé, Vila Albertina e Jardim Virgínia Bianca, entre outros. Juntos, eles formam um mosaico de histórias e identidades, refletindo a diversidade cultural e social da região.
Desafios e perspectivas para o futuro
As festas de bairro, que antigamente animavam o Tremembé com desfiles e fanfarras, tornaram-se raras. Hoje, as celebrações são mais silenciosas, restritas às lembranças dos moradores mais antigos e ao trabalho das entidades locais. A Prefeitura de São Paulo com sua Subprefeitura Jaçanã/Tremembé ignoram a data e nem mais promovem eventos comemorativos, deixando para os moradores a tarefa de preservar a história.
No entanto, o Tremembé resiste como um bairro que equilibra tradição e modernidade, buscando preservar seu caráter residencial e verde, mesmo com os desafios impostos pela urbanização. A luta pela preservação ambiental e pelo reconhecimento da história local faz do Tremembé um exemplo de resiliência e compromisso comunitário em uma cidade em constante transformação.
ddTremembé 134 anos – Tremembé 134 anos – Tremembé 134 anos – Tremembé 134 anos