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SINDSEP critica o prefeito por usar colete da UVIS e não dar atenção aos seus agentes

Prefeito com Secretário da Saúde e Subprefeita de Itaquera
Tempo de Leitura: 6 minutos

SINDSEP

da Redação DiárioZonaNorte

  • Prefeito nem Itaquera ( Zona Leste ) em mais um compromisso de agenda
  • No marketing do prefeito, o colete de agente da UVIS contra a dengue
  • O sindicato dos agentes da UVIS, o protesto pelo uso do colete

Foi na manhã da última 4ª. feira (21/12/2022), o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deslocou-se mais uma vez em visita para cumprir agenda em um dos lugares mais visitados em sua administração: a Zona Leste – que divide com o reduto eleitoral dele na Zona Sul.

Ele esteve na companhia do Secretário Municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, outros convidados na comitiva, junto á subprefeita da região. Na agenda oficial,  o prefeito participou de uma ação contra a dengue (aedes aegypti), na Cidade A.E.Carvalho (Itaquera).

Na oportunidade, Nunes vestiu um colete de serviço e exclusivo dos agentes  da Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) da Covisa, que foi motivo de revolta do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo – SINDSEP, que repudiou “o uso politico do colete”.

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Prefeito ao lado do Secretário da Saúde, subprfeita de itaquera e convidados
O comunicado do SINDSEP

Esse ato abriu a oportunidade do SINDSEP criticar ações da Prefeitura de São Paulo, junto à Secretaria Municipal da Saúde, com as condições de trabalho na relação dos agentes da área da Uvis aos reajustes salariais e bonificações, carros para equipes de combate à dengue, entre os comentários. Esse comunicado está reproduzido abaixo, na íntegra:

Na manhã desta quarta-feira, 21.12, o prefeito Ricardo Nunes esteve na região de Itaquera realizando, segundo agenda da Prefeitura, “Ações de prevenção e conscientização contra o Mosquito transmissor da Dengue”. Durante a visita, Nunes vestiu o colete que os Agentes de Combate às Endemias utilizam e nós do Sindsep, por meio do nosso Coletivo dos Agentes de Combate à Endemias, repudiamos esse uso político.

Lucianne Tahan, diretora do Sindsep e Agente de Combate à Endemias, comentou o caso, “o colete é um símbolo de luta e trabalho dos agentes, usamos isso diariamente faça chuva ou sol pra levar saúde a casa de todas as pessoas, é nossa “farda” não é pra ser usado dessa forma”,  afirma Lucianne.

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Agente verifica foco no vaso de residência

O prefeito confisca nossos salários, precariza nossos postos de trabalho, não aceitou aplicar o Piso Nacional de Endemias no inicial de carreira, optando por uma bonificação para quem ganhava menos que R$2.424,00, sendo que a bonificação não conta para as aposentadorias.

Além disso, os servidores da Zoonoses estão com uma defasagem salarial de quase 50%, com vencimentos corroídos pela inflação, o prefeito optou por “aumentar” em apenas 15% depois de muita mobilização da categoria, mesmo sabendo que esse dinheiro não influencia no orçamento, uma vez que a Prefeitura recebe do Fundo Nacional de Saúde para pagar aos agentes.

O prefeito também não repassa aos agentes o Incentivo Financeiro Adicional (IFA) que também é repassado ao município pelo Fundo Nacional. Outras prefeituras pagam aos seus agentes um 14º salário com essa parcela, por exemplo, coisa que não acontece em São Paulo.

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Agentes visitam um local na V.Guilherme

Para Lucianne, “o Prefeito foi participar de atividades de combate a dengue, mas desde quando houve mudança no contrato dos carros no final de outubro, não há mais carros suficientes para os agentes se deslocarem para as regiões mais afastadas, prejudicando muito o combate a Dengue.”

São Paulo registrou aumento de casos de Dengue recentemente, é realmente necessário intensificar a prevenção e os cuidados. Mas, para isso, prefeito Nunes, é preciso aumentar as equipes com mais concursos, estruturar e melhorar as condições de trabalho dos Agentes e pagar um salário digno. Não fazer aparições usando nosso colete, aparecendo para a população, mas desvalorizando aos servidores”.

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Agentes em visitas casa a casa
O que a Prefeitura respondeu

Por uma questão de ética profissional, o DiárioZonaNorte solicitou esclarecimentos da Secretaria Especial de Comunicação (SECOM) e Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que encaminharam o seguinte posicionamento:

“ O prefeito Ricardo Nunes usou o colete como uma forma de homenagear e apoiar o trabalho dos agentes, durante a campanha de combate ao mosquito da dengue.  Portanto, não existe uso político, uma vez que não estamos em período eleitoral. A participação do prefeito também foi um incentivo à sociedade nos cuidados caseiros de prevenção.

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) esclarece que o uso de uniforme e colete é uma medida de identificação e segurança adotada para a execução de ações em vias públicas.

A pasta informa também que assinou, em novembro deste ano, um novo contrato de prestação de serviços de transporte para o Sistema Municipal de Vigilância em Saúde (SMVS), que ampliou a frota em mais 104 veículos para ações de vigilância, passando de 255 para 359.

A SMS acrescenta que a referida ação com a participação do prefeito Ricardo Nunes está sendo realizada no intuito de preparar o município para a sazonalidade da doença em 2023 e reforça que não houve aumento recente no número de casos positivos de dengue na capital˜.

Carro nebulizador (“fumacê) da Uvis/PMSP na Zona Norte
A reação ao comunicado da Prefeitura

Lucianne Tahan, diretora do SINDSEP — e que está há 12 anos como agente de combate de endemias na Zona Norte — atualmente na região Casa Verde / Cachoeirinha/ Limão –, reagiu ao Comunicado da Prefeitura com as justificativas da visita do prefeito à Zona Leste, vestindo o colete: ” A gente fica muito bravo quando o colete é usado indevidamente. É como se fosse nossa farda. Aquele colete é emblemático para nós. Usamos como uniforme que foi feito em 2014, quando éramos ‘agentes de apoio’ e passamos com reconhecimento para ‘agentes de combate às endemias’ e tem um grande valor para quem lutou na categoria˜.

Lucianne ainda complementa: “Esse colete não é só o símbolo  de nosso trabalho, mas da luta que ganhamos para chegar ao cargo˜. Ela lembra que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) chegou a fazer a nebulização nas casas usando um macacão como material de segurança, super-quente, e uma máquina de 20 quilos nas costas. E sugere: “o prefeito atual poderia fazer o mesmo, seria melhor, pois vestir colete não homenageia em nada os agentes“.

Sobre os carros para trabalho, a diretora do SINDSEP vai direto no problema que os agentes estão enfrentando: “estamos sem carro para trabalhar desde outubro. E o trabalho da gente é na rua, em lugares que ficam distantes. O básico que é o carro para trabalho, não temos“. Os agentes estão trabalhando no entorno da Suvis, com o serviço não sendo completo e eficiente. Quem tem carro faz mais completo. E lembra que agora é período de proliferação da dengue e está aumentando os casos com notícias de maior número de mortes.

“É mentira!” foi a reação da diretora do SINDSEP sobre o aumento de 104 carros na frota da UVIS, passando o total para 359 carros. Segundo ela, lá no evento de Itaquera mandaram carros da Supervisão. “É igual em ações de final de semana — onde a Prefeitura quer fazer média — e aí aparecem carros de um monte de lugares, mas no dia-a-dia não aparece nenhum para o trabalho normal”, acrescenta.

Segundo ela, seria muito mais válido a Prefeitura dar mais condições de trabalho, valorizar como profissionais e resolver a questão dos salários, que é financiado pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS).  “Isto é lei federal e está em uma emenda constitucional que declara que nenhum agente pode ganhar menos do que dois salários mínimos e a Prefeitura tem 1.970 agentes na ativa, que tem o repasse mensal do FNS o valor R$2.424,00 para profissional, desde maio deste ano. Antes o valor era de R$1.750,00˜. Diz ainda que a atual gestão deu aumento depois de seis anos somente de 15%, mas a Prefeitura está recebendo muito mais. Com isto, os salários dos agentes não tiveram a mesma proporção.

Lucianne lembra que em julho e agosto o SINDSEP foi para as ruas e na frente do prédio da Prefeitura, ˜se humilhando para pedir reajuste˜. E receber somente 15%, quando o prefeito teve o aumento de 48%, ainda financiado pelo FNS. E,  segunda ela, o Município está com orçamento bem maior e poderia contratar mais agentes e dar melhores condições de trabalho. “O prefeito não tem noção do que é dentro de uma Suvis, temos até cadeiras quebradas˜.


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