- A Câmara Municipal de SP deve marcar nova Audiência Pública sobre o assunto
- O Crematório de Vila Alpina foi concedido à empresa Velar
Em comunicado à Imprensa, do qual o DiárioZonaNorte teve acesso, e de modo aberto e geral, um mês depois da concessão/privatização do Serviço Funerário Municipal de São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep) divulgou na 6a.feira (07/04/2023), o que acontece com as novas concessões e classifica: UM VERDADEIRO CALVÁRIO PARA O POVO DE SÃO PAULO.
Esclarece o comunicado do Sindsep, na íntegra: ´´O desejo das empresas privadas em assumir os serviços funerários na maior cidade do país levou anos e anos, mas enfim o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e seus vereadores “vendilhões do templo” conseguiram fazer a entrega do serviço funerário à iniciativa privada. As quatro empresas – Consolare, Maia, Velar e Cortel – assumiram os serviços diretamente no dia 07 de março de 2023 e isso pode durar 25 anos de calvário para o povo.
UM MÊS E JÁ VIMOS O DESASTRE
Iniciados os trabalhos com as empresas privadas, esse primeiro mês foi uma pequena amostra de quanto esses serviços custarão cada vez mais caro para o povo paulista.
As empresas neste mês acumularam denúncias de majoração de preços, pois para eles o céu é o limite, e a resposta da SP Regula, que administra o contrato é a mesma, “diminuímos o preço do caixão de R$ 750,00 para R$ 566,00, 25% a menos e em outros também”, no papel é isso mesmo.
Mas a realidade é muito mais dura, os vendedores como são chamados os agenciadores agora, nem apresentam essa tabela padrão, já oferecem o pacote pronto com caixão, flores, tanatopraxia (que não é necessário em todos os corpos), translado, sala de velório, acessórios e enfim o enterro e isso pode chegar a milhares de reais. No valor baixo pulou de R$ 756,00 para R$ 1.300,00, e isso é a mais barata.
NATIMORTA E COM DIREITO A GRATUIDADE
Um caso que leva às lágrimas, recebemos uma denúncia de uma criança natimorta e que a família não estava conseguindo a gratuidade e o telejornal SPTV-2 da Rede Globo fez a cobertura e o repórter Wallace Lara acompanhou a saga dessa tragédia. << Assista a reportagem da Tv Globo – clique aqui >>
A criança natimorta encontrava-se no hospital há dois dias e a família tentou a gratuidade do serviço. A empresa funerária alegou que os dados no Cadastro Único (CadÚnico), — critério para gratuidade estava vencido –, foram mais dois dias de angústia e a família acabou conseguindo fazer o enterro, mas saiu de lá com um boleto de R$ 850,00 para ser pago em 60 dias.
O pai da criança, a mãe e a avô compareceram a audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo em 07 de março e fizeram esse relato emocionante e cruel do que significa as empresas privadas operando em São Paulo. João Batista Gomes, diretor do Sindsep falou na tribuna que esse caso deveria ser revisto urgentemente, pois pela própria tabela do serviço funerário, uma urna infantil custaria R$ 299,00. Mas que era muita desumanidade não prestar o serviço gratuito porque o CadÚnico estava desatualizado, o que a família nega e apresentou os documentos na audiência.
Reportagem da Tv Câmara de 23/03/2023 sobre a CPI dos Cemitérios – clique abaixo:
Vários servidores tomaram a palavra na audiência, inclusive a ex-superitendente do Serviço Funerário Municipal de São Paulo, Lúcia Salles, que relembrou que no governo do PT de Haddad, a autarquia possuia superávit financeiro, mas a política tucana levou ao sucateamento. A diretora do Sindsep, Sheila Costa, lembrou que no dia que as empresas ganharam o leilão, as ações da Cortel deram um salto enorme na Bolsa de Valores, é o lucro acima da vida, tudo vira mercadoria numa sociedade que não pensa no ser humano, mas sim no lucro acima de tudo.
MAIS E MAIS CASOS
Mas este é um caso gritante, existem muitos e muitos mais anos como este e de cobrança totalmente abusivas, o presidente da Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara Municipal, Jair Tatto, declarou “Eu votei não. Queria ter uma oportunidade de votar sim para um Projeto de Lei que revogue já está concessão”. De fato, é isso que precisava mas o poder público não está preocupado com a população.
Foram cinco adiamentos do leilão de concessão até que conseguiram e em um mês já se viu a amostra do que vai ocorrer nestes 25 anos.
NOS CEMITÉRIOS
As empresas privadas já agem a todo vapor para ganhar dinheiro, pois essa é sua natureza, das 10 agências que existiam no dia 6 de março pularam para 23 agências com vendedores de serviços nos cemitérios e os portais foram fechados. Até revistas em carros de funcionários querem fazer, mas essa medida é para preparar a cobrança de estacionamento previsto no contrato de concessão.
As famílias tem recebido cartas para comparecerem nos cemitérios para demonstrarem se há interesse de manter túmulos sob seu controle, e as concessionárias apresentam as custas. Em seguida, as famílias desistem de ter um túmulo e imediatamente as empresas o colocam à venda.
E OS TRABALHADORES?
Desde o dia 7 de março os trabalhadores do serviço funerário não podem mais executar serviços, apenas podem orientar os trabalhadores das empresas privadas, o que gera vários conflitos, pois as empresas não querem que os trabalhadores do serviço funerário fiquem ali por perto, pois os erros só se acumulam e os nossos trabalhadores estão de olho nestas maracutais e denunciam mesmo para desespero do presidente da SP Regula, João Manoel.
O Sindsep vem discutindo com o superintendente do serviço funerário a necessidade de tratamento digno a esses trabalhadores que se dedicaram por anos e anos a dar condições as famílias de enterrarem seus entes queridos e nunca é demais lembrar, não pararam nem um só dia durante a pandemia e agora são humilhados pelas empresas privadas.
UM PROVOCADOR
O presidente da SP Regula, João Manoel, que recebe salário público de R$ 24.823,40 para entregar os serviços públicos as empresas privadas. Sua atitude desequilibrada e provocadora diante das denúncias dos munícipes da cidade, apenas defendiam que a concessão será a melhor coisa que poderia ocorrer na cidade.
Na discussão o presidente da SP Regula provocava os trabalhadores acusando que não aceitam a concessão e fazem as denúncias e atacar o Sindsep com uma foto na mão de reunião do prefeito com o presidente do Sindsep, João Gabriel, seria a prova de que estava tudo bem, que o serviço funerário não foi tratado naquela reunião, e João Batista convocou ato no serviço funerário, só rindo para o provocador.
Para todos os cidadãos de nossa cidade, fica claro que o presidente da SP Regula recebe salário pela administração pública municipal para defender as empresas privadas que exploram as famílias no duro momento de dor e perda de entes queridos e trabalha para prejudicar a população de São Paulo.
NÃO HÁ FISCALIZAÇÃO
Outra denúncia feita pelo Sindsep é que não há controle, fiscalização nenhuma e a resposta é temos o canal 156 de denúncias, imagina o povo no momento da morte de um ente querido quer resolver rapidamente a questão e enterrar ou cremar dignamente seu ente, e ai as empresas privadas aproveitam para lucrar e lucrar mais, são os verdadeiros “urubus”.
Mas nossa denúncia gerou uma mesa técnica no Tribunal de Contas do Município (TCM) no dia 4 de abril, como diz o vereador Jair Tatto era uma “audiência pública de luxo”, pois eram os conselheiros do TCM, vereadores, técnicos, o superintendente do serviço funerário, Secretaria de Desestatização e Parcerias e o presidente da SP Regula de novo apresentando seu lindo power point para demonstrar que os valores baixaram.
E assim conclui a matéria em seu site do TCM sobre a mesa técnica “O Tribunal de Contas vem promovendo reuniões técnicas com a Prefeitura de forma a permitir, de forma mais ágil, o aperfeiçoamento da gestão pública, tratando de processos de fiscalização relacionados à temas relevantes para a população, como as concessões de serviços público”.
Diálogo com quem? Faltou povo e o sindicato nesta mesa técnica para que os nobres conselheiros e vereadores vejam a realidade dura do povo.
DE NOVO REDE GLOBO
Dias depois a Rede Globo trouxe nova matéria sobre o serviço funerário, onde denuncia que não há fiscalização da SP Regula para o novo contrato de concessão do serviço funerário. E a resposta da SP Regula é a mesma, estamos fiscalizando e os preços baixaram.
SERVIÇO FUNERÁRIO 100% PÚBLICO
O Sindsep e os trabalhadores continuarão denunciando os desmandos dessas empresas privadas e da SP Regula e desmascarando o que significa a concessão/privatização dos serviços públicos e continuarão lutando pela reversão desse desastre em São Paulo, queremos o serviço funerário 100% público.´´, conclui o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep).
Integra com 02hs52min da Audiência Pública de 23/03/2023 – clique na imagem:
Notas taquigráficas da Audiência Pública acima — clique aqui
AS CONCESSÕES
Cada uma das concessionárias é responsável pela gestão de um subconjunto de cemitérios e suas respectivas agências:
ZONA NORTE
- Consolare (telefone: 0800-0800-190): SANTANA e TREMEMBÉ — e mais Consolação, Quarta Parada, Vila Formosa I e II e Vila Mariana. Agência Zona Norte: Rua Nova dos Portugueses, 85/141 – Santana
- Cortel São Paulo (telefone: 11-5026.2750): Vila Nova Cachoerinha — e mais: Araçá, Dom Bosco, Santo Amaro e São Paulo
- Agencia Zona Norte: Rua João Marcelino Branco, s/n – Vila Nova Cachoeirinha;
OUTRAS REGIÕES
- Grupo Maya (telefone: 0800-042-9020): Campo Grande, Lageado, Lapa, Parelheiros e Saudade;
- Velar (telefone: 11-3037.2000): Freguesia do Ó, Itaquera, Penha, São Luiz, São Pedro e Vila Alpina (crematório)
<<Com apoio de informações/fonte: Assessoria de Imprensa do Sindsep >>