da Redação DiárioZonaNorte
- “Os perfis de Lillian Ross eram essenciais para todos aqueles que gostam de cinema. E ainda são.” – Martin Scorsese;
- ” Ao bando de talentosos e abnegados editores da New Yorker de 1945 a 2015” – de Lillian Ross, a dedicatória em homenagem e agradecimento aos colegas no caminho de sua profissão.
Lillian Ross (1918/2017), com seu olhar afiado e preciso, foi uma das maiores jornalistas do século XX. Seus 99 anos de vida e sete décadas dedicadas à revista norte-americana The New Yorker a transformaram em uma das figuras mais cultuadas do jornalismo literário.
Ela trilhou os caminhos para os seus companheiros jornalistas – como Joseph Mitchell, Truman Capote e Gay Talese — , como uma das pioneiras no estilo reportagem que, mais do que relatar fatos, capturava a essência humana em toda a sua complexidade.
Quando publicou “Sempre Repórter” – sua última coletânea em vida –, Ross não estava apenas reunindo textos de uma carreira admirável. Ela estava oferecendo um legado, uma lição sobre como olhar para o mundo e, com uma escrita enxuta e refinada, transformar o ordinário em extraordinário.
O livro reflete sua habilidade única de observar o que escapa aos olhos mais comuns. E com as personalidades sempre buscou o melhor da reportagem até nas simples assuntos em pauta. E focou também nos bastidores de Hollywood e nas vidas de personagens das cidades cosmopolitas.
Marcou o tempo como uma das jornalistas mais influentes de sua época, um exemplo não só para colegas de profissão, como também modelo obrigatório para estudantes que buscam a mesma profissão e leitores em geral pelo estilo e histórias. Ao longo de sua trajetória, sempre na The New Yorker, ela publicou mais de quinhentos textos.
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No sangue corria jornalismo
“Sempre Repórter”´ não se limita apenas a ser uma coletânea de textos, mas também oferece uma visão do processo de construção da reportagem. Logo no início do livro, em 10 páginas, Ross compartilha suas observações sobre o que significa ser jornalista, explorando desde a apuração minuciosa até a redação final.
A autora aborda temas como a interação entre repórteres e fontes, a complexidade da verdade e a influência do contexto e da perspectiva pessoal na construção da narrativa. O jornalismo, para Ross, é mais do que apenas reportar fatos – é sobre captar a essência de uma história, de um momento, e transmiti-los com sensibilidade e profundidade.
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Essa repórter tinha uma capacidade única de tornar histórias aparentemente simples em relatos profundos e instigantes. Mesmo quando lidava com pessoas menos conhecidas, seu olhar atento conseguia encontrar detalhes significativos que transformavam a narrativa.
Por isso, a escrita de Lillian Ross é descrita por muitos como enxuta, mas profunda. Como destaca o jornalista e escritor Paulo Roberto Pires, no posfácio da edição, sua escrita não se rende a ser supérfluo com análises excessivas.
Ela se baseia na observação direta, no concreto do que vê e ouve, e evita especulações ou julgamentos. Segundo consta, ela não usava gravador, tendo uma boa memória e mantendo sempre seu caderninho de anotações. Essa abordagem permite que suas reportagens se mantenham ao mesmo tempo objetivas e envolventes, capturando a essência de seus sujeitos sem distorcê-los.
Nas 432 páginas, as 32 reportagens em textos corridos, sem intertítulos, o livro leva a uma reflexão sobre a prática jornalística e a experiência de Ross ao longo de sua carreira. Dividido em quatro partes – “Atores”, “Escritores”, “Jovens” e “Novaiorquinos” e “Figurões” , abrindo abre um leque de visões e situações.
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As personalidades
O livro também traz a série de retratos de figuras públicas que marcaram sua época, como Ernest Hemingway — que consome 31 páginas — e, na visão de Ross, a verdadeira essência de um dos maiores escritores do século XX. E mais as reportagens de Charlie Chaplin, Coco Chanel, Fellini, Clint Eastwood, Al Pacino – entre outros.
Os textos produzidos pela jornalista, são mais do que apenas biografias ou perfis, e sim uma imersão nos mundos internos de suas fontes, resultando em reportagens que desafiam as convenções do jornalismo tradicional e criam novos padrões de escrita.
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Em seus textos, Ross também mostra uma habilidade rara de capturar a vida cotidiana de uma maneira que ninguém mais poderia fazer. Ela retrata, por exemplo, a reação de clientes adolescentes ao lançamento do álbum Sgt. Pepper’s, dos Beatles.
A edição de “Sempre Repórter” foi cuidadosamente preparada e traz, além da tradução de Jayme da Costa Pinto, um excelente projeto gráfico, com capa dura e tipografia no estilo de cartazes de cinema, puxando para um destaque de grande lançamento.
Lillian Ross não apenas documentou o mundo à sua volta; ela transformou a observação e a narrativa jornalística em uma forma de arte. Seu estilo único e sua habilidade de captar a essência de suas histórias fazem de “Sempre Repórter” uma leitura essencial.
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A repórter conseguiu, por meio de sua escrita, imortalizar momentos fugazes, capturando a alma de suas histórias de uma forma que poucos conseguiram fazer, deixando um legado que continua a inspirar jornalistas e escritores até hoje.
“Não importa se já se escreveu muito ou pouco sobre uma pessoa, sempre acho o que dizer”, só poderia ser da autoria da repórter Lillian Ross.
Degustação = Leia as 29 primeiras páginas do livro – incluindo o bastidores de das coberturas jornalísticas na introdução com a própria Lillian Ross – clique aqui
Serviço
“Sempre Repórter´´- de Lillian Ross
- Autora: Lillian Ross
- Editora: Carambaia
- Tradução: Jayme da Costa Pinto
- Posfácio: Paulo Roberto Pires
- Capa/designer: Laura Lotufo
- Tamanho: 432 páginas
- Valor: R$149,90
- Compra/pedidos: clique aqui
<<Com apoio de informações/fonte: Imprensa/Marketing – Editora Carambaia – Clara Dias >>
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