Nadir
da Redação DiárioZonaNorte
- Obra de contenção se solo será realizada em um trecho de 120 metros de extensão, com um custo de R$ 1,05 milhão
- Também serão refeitas a calçada e o guarda-corpo que separa a via do córrego
- Projeto de Parque Linear completou 17 anos, sem previsão para sair do papel
Enquanto o projeto de transformar a Avenida Nadir Dias de Figueiredo, na Vila Guilherme em um parque linear completa 17 anos empacado, nos próximos dias um trecho da via, localizado na altura do número 1.146 – a partir da rua Professora Maria Jose? Barone Fernandes até a rua Padre Joa?o Antonio -, receberá uma robusta obra de contenção de solo na margem direita do córrego que atravessa a avenida – no sentido da Praça dos Trotadores.

A empresa vencedora da licitação promovida pela Subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros foi a MACOR Engenharia, Construções e Comércio Ltda, que receberá pelo trabalho R$ 1.055.490,36 (um milhão, cinquenta e cinco mil, quatrocentos e noventa reais e trinta e seis centavos).

De acordo com o processo – SEI Nº 6058.2022/0003083-5 -, a obra tem a extensão de 120 metros e, será executada utilizando a técnica “de contenção solo grampeado e concreto projetado” e também prevê a reconstrução do guarda corpo e calçada e, de acordo com o contrato, tem previsão de 90 dias para ser concluída.
Quando o buraco é mais embaixo
Fechar um buraco não é tão fácil quanto parece. Envolve engenharia e questões geológicas. O dicionário define geologia como a ciência que estuda a origem, história, vida e estrutura da Terra por meio de um conjunto de terrenos, rochas e fenômenos naturais como terremotos.
Solo Grampeado
O solo grampeado é uma solução de engenharia que “melhora” o solo, permitindo a contenção e estabilização de terrenos inclinados (taludes), por meio da instalação vertical de grampos/barras de aço com pintura anticorrosiva, que funcionam como chumbadores verticais, fixados com concreto projetado ao longo da parede. Além da estabilização da área, a técnica permite que ocorra a drenagem e, desta forma, deve resolver o solapamento de solo – que causa as rachaduras na calçada e guarda corpo que margeia o córrego.

No passado um Tietê cheio de curvas
O local onde hoje é a Avenida Nadir Dias de Figueiredo fez parte dos meandros e trajetória do Rio Tiete antes da retificação (processo de tornar o curso ou trajeto dos rios retos). Observe no mapa de 1897 o formato sinuoso dos rios Pinheiros e Tietê.

Se você prestar atenção da imagem aérea da região, onde está o bico da lapiseira é o começo da área da “Vila Maria Baixa“, onde hoje é a avenida Nadir Dias de Figueiredo, observará a enorme quantidade de lagoas. Durante muitos anos, a região tinha lavras de areia usada na construção dos prédios do outro lado da marginal.

Anatomia do buraco
Dada as características do solo arenoso, a região é um local fértil para o surgimento de buracos. Na divisa entre Vila Guilherme e Vila Maria, por exemplo, novamente o asfalto dá sinais do surgimento de uma nova “velha” cratera. Localizada no cruzamento da Rua Paes Barreto com a Av Nadir Dias de Figueiredo, ficou aberta por dois anos – entre 2019 e 2020 – quando, em meados de setembro foi fechada por agentes da Subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros.

Na época, o local passou por duas intervenções da Sabesp, visando captar o esgoto da rua Paes Barreto para a galeria que percorre a Avenida Nadir Dias de Figueiredo. Não será a primeira vez e nem a última que o buraco reabre, justamente pelas tais questões geológicas, conforme nosso recente registro fotográfico.

Parque Linear Nadir Dias de Figueiredo
O esgoto sempre foi um problema social em qualquer lugar do mundo. Quando ele não é colhido e devidamente tratado gera inúmeras doenças. Na avenida Nadir Dias de Figueiredo não é diferente.
De acordo com Beto Freire, presidente da Associação dos Frequentadores do Parque da Vila Guilherme/Trote e morador da região há mais de 40 anos – a briga para solucionar a questão do esgoto naquela área é antiga. Ele lembra que há 17 anos , um projeto para transformar a área em um parque linear foi feito pelo urbanista e Professor Silvano Pereira.

“Não é um córrego, é um “esgotão” que faz a divisão de Vila Maria e Vila Guilherme, bem em frente ao Parque da Vila Guilherme/Trote e “cartão postal” na entrada dos dois bairros. Esse canal é alimentado principalmente por esgoto e água do lençol freático. A pouca água limpa que corre ali é fruto da perfuração do lençol freático por grandes obras, que para escoar a água de forma econômica “conectaram” as vertentes de água na rede fluvial (bueiros), desta forma o Valetão ganhou o status de Canal”, afirma Freire.
Sem desapropriações e melhor qualidade de vida
Ao contrário de um parque tradicional, o parque linear ou “greenway” em inglês, é uma intervenção urbanística construída ao longo de cursos d’água.
Geralmente são maiores em seu comprimento do que na sua largura – por acompanhar o trajeto de rios e córregos e estarem sempre associados à rede hídrica. O da Av Nadir Dias de Figueiredo, por exemplo, teria cerca de 2.400 metros extensão.

O parque linear consegue unir áreas verdes, proteger, recuperar o ecossistema, controlar enchentes, abrigar práticas de lazer, esporte e cultura, contribuindo com alternativas não motorizadas de mobilidade urbana. Lembramos que para a implantação de um parque linear no local, não existe a necessidade de desapropriações.
Pauta em audiências públicas e plano de metas
A despoluição do córrego e o desejo da criação de um parque linear também foi pauta nas audiências públicas municipais, que discutiram o orçamento do ano de 2013. E chegou inclusive, a constar na meta 30 do Programa de Metas do ex-prefeito Gilberto Kassab para o ano de 2007. Até agora, não saiu do papel.