privatização
por Beto Freire (*) -– Artigo n.34 – <Cidadania>
Quando o projeto de privatização do serviço funerário da cidade de São Paulo entrou na pauta da Câmara Municipal, o discurso era de redução nos custos de velórios, enterros e diminuição da burocracia. Alinhados a promessas de mais conforto, segurança e zeladoria dessas necrópoles.
Sem muita discussão e consulta popular como de praxe, os vereadores da base de apoio do digníssimo Senhor prefeito logo aprovaram a comercialização da morte em São Paulo. No meio de tudo, havia protestos e advertências de entidades.
Na prática como historicamente acontece no Brasil, o serviço logo passou a custar mais caro, não houve significativas melhorias na estruturas, infraestrutura e atendimento aos contribuintes que buscam o serviço funerário da cidade.
Tudo para a hora da morte!
Pelo contrário, uma coroa de flores que é feita com restos de buquês e arranjos de flores — assim são feitas as coroas de cemitério — passaram a custar à bagatela de R$ 1 mil. Um velório simples em área pública e enterro na mesma área pública que estão apenas concedidas para empresas administrarem, chegam a R$ 10 mil, sem nenhuma pompa.
Os chamados velórios e enterros sociais, que antes da privatização tinham enormes burocracias, agora são mosca branca… A burocracia e impedimentos técnicos praticamente inviabiliza um funeral com a mínima dignidade para aqueles pessoas sem conta bancária parruda. Houve uma tempestade de reclamações e casos tristes veiculadas nos programas de tv.
As ofertas de serviços pós-morte para pessoas em extrema fragilidade emocional, que antigamente eram feitas por atravessadores, papa-difuntos e vendedores sem empatia e com viés psicopata, agora são feitas pelos escritórios oficiais das empresas concessionárias.
Tudo pelo comércio interno
As lojas e barraquinhas que antes vendiam flores, do lado de fora, não aguentaram o novo esquema e simplesmente abaixaram as portas. Mas do lado dentro dos muros dos cemitérios, as concessiionárias também comercializam as fotos em custos exorbitantes.
Enquanto isto, funcionários das empresas tercerizadas trabalham internamente com uniformes com a logomarca da Prefeitura de São Paulo. É de estranhar! E, por outro lado, nem mesmo se vê uma segurança no loca, pois até a Guarda Civil Metropolitana não foi convocada para vigiar os locais — pelo menos, no Cemitério da Quarta Parada.
Em São Paulo, morrer ficou bem mais custoso, menos humano, tornou-se um mercado macabro, visando exclusivamente lucro sobre o desespero e abalo de familiares enlutados. E tudo isso com a benção dos vereadores, que além de votar ´´Sim´´, nunca fizeram sequer um gesto para fiscalização e aperfeiçoamento do serviço funerário da cidade de São Paulo.
“Quem não respeita o passado não merece futuro em próximos mandatos”
(*) Beto Freire — Antônio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve quinzenalmente. Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
Comentários e sugestões: [email protected]
Nota da Redação == (*) O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor e colaborador, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.
privatização privatização privatização privatização privatização