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“Pajeú” investiga a estreita relação das águas com os descaminhos da vida urbana

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Tempo de Leitura: 3 minutos

pajeú

<Cinema/Crítica> == por Aguinaldo Gabarrão (*)

Qual a importância que você, leitor do DiárioZonaNorte, dá ao rio, riacho ou córrego que passa próximo de onde você mora ou trabalha? O quanto esse elemento aquoso pode interferir ou mesmo contar um pouco do seu passado, dialogar com o seu presente e até influenciar o seu futuro?

Se você nunca parou para pensar nisso, o filme Pajeú, do diretor cearense Pedro Diógenes, provoca o público com estas e outras questões da cartografia humana a partir da investigação do riacho Pajeú, hoje um córrego na cidade de Fortaleza, similar a outros tantos que resistem nos grandes centros urbanos, apesar de toda a poluição.

Maristela (Fátima Muniz) é atormentada por um sonho recorrente: uma criatura emerge das águas do Riacho Pajeú. A estranheza e insistência do pesadelo começam a atrapalhar o sono e o cotidiano da professora que, procurando uma solução para seu problema, inicia uma pesquisa sobre o Riacho, sua historia e seu desaparecimento.  Porém, sua angústia aumenta quando percebe que, assim como o riacho, ela e pessoas ao seu redor também podem ser esquecidas e desaparecer.


Clique na imagem abaixo e assista ao trailer:


Ficção e Documentário

A história do riacho Pajeú – nome de uma árvore das matas ciliares – hoje um esgoto à céu aberto, é investigada por Maristela. Ela busca diferentes profissionais e pessoas comuns. A partir deste momento, o diretor Diógenes opta no roteiro por aproximar a história ficcional da narrativa documental, uma vez que os entrevistados são pessoas em estreito contato com a realidade.

Em cada novo depoimento evidencia-se o processo de apagamento histórico e físico do riacho, o que amplifica o estado de crise existencial da personagem Maristela. Ela continua a ter pesadelos com a criatura, esse ser híbrido, meio humano e fantasmagórico.

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A criatura não é o mal em si, mas sim o elemento provocador. E a partir dele, a professora identifica por meio da cartografia geográfica, o lento e gradual processo de destruição não só do riacho, mas da qualidade de vida nas relações sociais, culturais e históricas. E essa percepção de perda crescente é intensificada com o uso da trilha sonora, que repete sons metálicos e de água, num tom minimalista e perturbador.

(*) Pajeú é uma metáfora de memórias coletivas violentamente apagadas por interesses mesquinhos e pela indiferença.


 Serviço:
PAJEÚ
  • Estreia: 31.03.2022
  • Gênero: Drama e Documentário
  • País: Brasil
  • Classificação: 12 anos
  • Duração:  1h e 13 minutos
  • Ano: 2020
Ficha técnica

Elenco: Fátima Muniz, Yuri Yamamoto

Direção e Roteiro: Pedro Diógenes

  • Assistente de Direção: Michelline Helena
  • Direção de Fotografia: Victor de Melo
  • Som direto e finalização de som: Lucas Coelho
  • Montagem: Guto Parente, Victor Costa Lopes
  • Trilha Sonora: Vitor C.
  • Som direto e finalização de som: Lucas Coelho
  • Direção de Produção: Rubia Mercia e Victor Furtado
  • Produção: Marrevolto
  • Distribuição: Embaúba Filmes
  • Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação

Aguinaldo Gabarrão

 

(*) Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.

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