da Redação do DiárioZonaNorte
“Bom dia!, uma balinha para adocicar a vida?”. Logo cedo, às 6 horas da manhã, todos os dias – no aperto até sábados, domingos e feriados. É a rotina do paulistano Marcelo Maia de Andrade, de 38 anos, que busca sobreviver “com o pouco que tem”. Em casa, tem as despesas e mora em uma ocupação na Parada Pinto, na Zona Norte, onde quatro bocas ficam à espera: a companheira Karen e os três filhos — David, Felipe e Rodrigo.
Com um terno já meio surrado e sem um corte perfeito – um achado de Brechó, por 50 reais –, ele se transforma e carrega uma valise tipo “Executivo” (com jeito de 007), de 6 quilos, e que vive recheada de balas e guloseimas. Dentro da caixa, um cartaz avisa: “Empresário iniciante”, que faz parte de sua rotina há quase um ano nas esquinas da Av. Parada Pinto com a Av. Conselheiro Moreira de Barros, próximo do Supermercado Andorinha.
Ali, quando o farol vira para o vermelho, Marcelo circula entre os carros e desviando dos ônibus que passam em sentido contrário. Um risco de vida, que ele minimiza “já me acostumei e tiro de letra!”. De carro em carro, oferece os “docinhos e guloseimas” nas embalagens da paçoca, gomas, dropes e mini pão de mel, entre outros. O retorno quando vende é de 1 ou 2 reais. No fim de sua jornada, ele tem por volta de 60 reais, em média, de onde abate o custo na faixa dos 30 por centro na compra dos produtos. “Isto nos dias que dá para trabalhar, sem chuva ou qualquer outro imprevisto!”, comenta. O “solzão a gente fica suado, mas sobrevive com as garrafinhas d´água”.
Com o momento atual, que pegou todo mundo de surpresa nesta pandemia do coronavirus, o serviço ficou mais difícil. “As pessoas tem medo de contrair o vírus e a maioria nem mesmo abre o vidro do carro”, mais sempre com um sorriso leva a situação tranquila. “Tudo vai passar e sairemos mais fortes”. E ele tem experiência de “dar tempo ao tempo” no que fez no passado e o que está aprendendo agora.
Não aparenta, mas Marcelo chegou a fazer faculdade de Publicidade e Marketing, e não concluiu por questões financeiras. Já foi um pouco de tudo, de garçom até diagramador do extinto jornal “Primeira Mão” — sem contar os conhecimentos de informática. Tem uma boa conversa, com um português muito bom, e um força de vontade contagiante. “Não posso parar, quero atingir mais alto e acredito que poderei chegar na meta de um negócio próprio. Meu sonho de empresário, então, será realizado”, diz animado.