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O Censo IBGE está nas ruas. Você recebeu o recenseador e respondeu o questionário ?

Tempo de Leitura: 4 minutos

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por Beto Freire (*) — Artigo n. 08 – < Cidadania >

O primeiro Censo do Brasil foi realizado há 150 anos, a mando de D.Pedro II.  Desde o início de agosto deste ano, chegamos ao 13º. Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, que busca informações muito importantes pelas ruas da cidade, inclusive passando pelas residências da Zona Norte. Os funcionários de colete azul começaram a ser vistos nas ruas e travessas das Vilas Maria / Guilherme / Medeiros.

Os recenseadores têm um questionário completo de perguntas para cada uma residência com 77 questões mais aprofundadas para cada sete domicílios visitados, os outros seis respondem o questionário reduzido com apenas 26 perguntas básicas. Desta forma, o mapa dos moradores ficam comprometidos nas chamadas “desigualdades”.

Muitas pessoas acreditam que o Censo visa apenas saber a quantidade populacional do país, e sua renda básica, poucos realmente tem consciência da importância dessa coleta de informações do IBGE. E o que significa em termos sociais e o que pode mudar os destinos de um país.

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Devagar, eles estão chegando

Por que o Censo do IBGE é fundamental para a Zona Norte e nossas Vilas ?

Entre outras coisas, é através do Censo que o Sistema Único de Saúde (SUS) destina verbas para determinada cidade, para leitos em hospital, médicos em UBS, compra de medicamentos e fraldas geriátricas.

O Censo também é responsável pela indicação de vulnerabilidade social para cada região, o apontamento mostra onde estão as pessoas em área de risco, sem esgoto ou dificuldade de água potável. E as dificuldades destas pessoas no cotidiano, com problemas na família e o desemprego batendo na porta de cada um.

O Censo conduz como e onde o país precisa de mais creches, escolas, universidades, ambulâncias, efetivo policial, professores e especialidades médicas. É através do cruzamento desses dados que podemos reivindicar com embasamento mais hospitais públicos, aumento do efetivo policial e viaturas para nossa região. Demonstrando na prática a necessidade de Creche para idosos, e a falta de geriatras, ginecologistas, oncologistas entre outros serviços públicos.

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O Censo do passado

O último levantamento aconteceu há 12 anos — em 2010 –, e através desses números por exemplo que nossas Vilas receberem verbas para o atendimento na rede SUS, como quantidade de profissionais, medicamentos e insumos. Mas houve um atraso, já que o Censo é realizado a cada 10 anos, e deveria ter acontecido em 2020. Portanto, uma defasagem de dois preciosos anos.

Esse atraso pode ter comprometido os dados na Segurança Pública, influenciando no número de policiais x habitantes e com a população flutuante, idem. E talvez seja a explicação para a insegurança e falta de atendimento médico estejam espelhadas nessa desproporcional equalização de números completamente obsoletos. Também leva esses dados para determinar onde estão os idosos, e as políticas públicas para essas pessoas.

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Falta de informações fidedignas

Esse ano apesar de todas as mutações que o país sofreu por causa da pandemia, as mortes e divisão política, os recenseadores não estão fazendo uma pesquisa de excelência, pois há falta infraestrutura para a pesquisa, pouca verba para translado e alimentação adequada dos pesquisadores, com pagamentos em atraso. Diante disto, muitas desistências de recenseadores, que buscam outros empregos, e com isto o atraso no Censo 2022.

A qualidade inexata das informações e a pesquisa qualitativa de um domicílio a cada sete pesquisados para responder o questionário completo, deixa muitas falhas e vai omitir informações complexas para a formação futura dos orçamentos nacionais, estaduais e municipais.

Equipamentos de lazer, falta de infraestrutura viária, poucas opções de transporte, inadequação dos serviços. O mundo se transforma, mas os dados ficam obsoletos e incompatíveis com as mudanças nos bairros e na cidade, ainda mais com irregularidades.

Sem termos milimetricamente a indicação de quem e onde tem necessidade de determinada política pública, a tendência é o velho exemplo do “cobertor curto” para algumas camadas da população. Normalmente são as regiões periféricas e os mais pobres que entram na invisibilidade de todas as esferas governamentais.

Quando essas pessoas e necessidades não têm registros completos no recenseamento, fica mais fácil para o poder público fazer “vista grossa” para educação, segurança, saneamento, moradia popular, entre outras.  E, dentro do círculo vicioso, entre tantas políticas públicas exaltadas nas campanhas eleitorais para essa camada da sociedade, que é lembrada para votar, e logo após esquecida pelos conhecidos e eloquentes políticos.

Ao passar por uma rua, ouvi uma senhora parada no portão de sua residência reclamando ao recenseador, com o seu computador de mão (dispositivo móvel de coleta): “Mas, meu filho, responder só essas poucas perguntas? Eu sou diferente dos meus vizinhos dos lados direito e esquerdo, até o da frente da minha casa, do outro lado da rua!”.  De modo geral, é o que está acontecendo com Censo 2022.


 

Beto Freire

(*) Beto Freire — Antonio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, é torcedor apaixonado pela Portuguesa de Desportos. Ele é um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte. Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção,  já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).


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