por Dr. Márcio Kawano (*)
Em 21 de julho de 2020, foi publicado pela revista Nature Communications estudo sobre um teste laboratorial com potencial de detectar o câncer até 4 anos antes quando comparado aos métodos atuais.
O exame “PanSeer”, desenvolvido pela equipe do Dr. Xingdong Chen, da Universidade Fudan de Shanghai na China, procurou nas amostras de sangue alterações específicas do DNA que ocorrem em alguns cânceres, como o de estômago, esôfago, colorretal, pulmão e fígado.
A avaliação possui alta acurácia na detecção dessas neoplasias malignas e pode ser uma alternativa promissora para que, no futuro, possamos diagnosticar mais precocemente essas doenças e elevar a taxa de cura.
No entanto, vale lembrar que a ideia de utilizar exames sanguíneos para detecção precoce do câncer, tanto pela facilidade na realização, como pelo possível menor custo, não é nova.
Pesquisadores do Instituto do Câncer Dana-Farber, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram um exame de sangue capaz de detectar com precisão mais de 50 tipos de câncer e identificar em qual tecido a doença se originou, muitas vezes antes de haver sinais ou sintomas clínicos da doença.
Ambos exames avaliam pequenas porções de DNA que ficam livremente circulando pelo sangue após uma célula morrer e liberar seu material genético na corrente sanguínea.
O teste analisa os chamados “perfis de metilação”, processo em que um grupo molecular denominado metil se liga a um dos carbonos da fita de DNA, ajudando a ativar ou desativar genes específicos.
Células saudáveis têm um perfil de metilação bem diferente do de células tumorais, ou seja, os lugares em que os grupos metil se ligam na sequência genética são distintos e característicos. Assim, caso seja encontrado no sangue dos pacientes pedaços de DNA metilado com o perfil encontrado somente em células cancerígenas, podemos diagnosticar a doença.
Esse tipo de teste seria uma maneira mais simples e menos invasiva para o rastreamento do câncer na população brasileira. Com aprimoramento, possivelmente poderia substituir a biópsia, necessária hoje em dia para fazer o diagnóstico definitivo do câncer.
Assim, esperamos que em breve o PanSeer seja validado para utilização em diferentes populações e que demonstre não apenas aumento na detecção precoce dos cânceres como também acréscimo na sobrevida dos pacientes, para que possamos ampliar de maneira simples e menos invasiva o rastreamento do câncer na população brasileira.
* Dr. Márcio Kawano, médico oncologista do IBCC Oncologia.
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