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Nos 125 anos da invenção do rádio, Padre Landell recebe homenagem na Zona Norte

Tempo de Leitura: 5 minutos

invenção do rádio

da Redação DiárioZonaNorte

Sem grandes lembranças de autoridades, em uma data importante nos 125 anos (16/07/2024) das primeiras transmissões de rádio pelo inventor brasileiro Padre Roberto Landell de Moura (1861/1928-67 anos), o  imponente teatro do Sesc Santana (245 lugares), na Zona Norte/Nordeste, nesta 4ª.feira (17/07/2024), recebeu a palestra do jornalista, escritor e biógrafo Hamilton Almeida. 

À frente de uma pequena e seleta plateia composta de 20 pessoas interessadas,  o jornalista — que há mais de  40 anos pesquisa o assunto –,  realizou a palestra para mostrar o grande feito histórico do Padre Landell, no ponto mais alto do bairro de Santana, possibilitando as demonstrações nas transmissões de seu invento, o rádio.

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A intenção dos organizadores da palestra era ter as presenças de autoridades,  estudantes de jornalismo/rádio-tv-internet  ( várias faculdades  foram convidadas — a única representada foi a Belas Artes, com Guilherme Bryan, do Depto. de Jornalismo ), radialistas  (na plateia, Duda Nastri, da Rádio Trianon – Programa Metrópole em Foco), Arquidiocese de São Paulo/Capela Santa Cruz e representantes de emissoras de rádio/televisão. Mas, por outro lado,  o privilégio de mostrar aos moradores da Zona Norte/Nordeste, onde surgiu o grande feito mundial do invento.

Foram enviados previamente cerca de dois mil convites, de modo geral, e várias divulgações neste jornal — incluindo artigo exclusivo de Hamilton Almeida ( clique aqui ) — e suas mídias sociais, além da edição especial a newsletter segmentada Jornalistas&Cia – ( clique aqui ) — com a participação na plateia de seu diretor Eduardo Ribeiro. 

Com cinco livros (um deles traduzido na Alemanha)  e muitas palestras, Hamilton tornou-se voluntariamente, com os seus recursos, o segundo legítimo biógrafo do Padre Landell, seguindo os passos do gaúcho Ernani Fornari. E o lado histórico e as dificuldades do Padre Landell, com as suas experimentações e as transmissões pioneiras do rádio foram se cruzando nas inúmeras e trabalhosas pesquisas no Brasil e no exterior.

A localização do Sesc Santana na Zona Norte/Nordeste – que teve o apoio da gerente Fernanda Gonçalves e de sua eficiente equipe –- foi estratégica por estar junto à região onde nasceu o invento e que possibilitaram as primeiras transmissões com os  sinais do rádio. Naquela época, Landell serviu por dois anos como pároco na Capela Santa Cruz ao lado do Colégio Sant´Anna, há 125 anos.

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As primeiras transmissões

Em 16 de julho de 1899, época que São Paulo contava por volta de 240 mil habitantes, com suas casas humildes e sem os arranha-céus, aconteceu a transmissão das primeiras ondas radiofônicas diretamente do morro de Sant´Anna até a Ponte Grande (hoje, Ponte das Bandeiras), distante 3,8 km de distância. De uma das janelas do Colégio Sant´Anna, partiu a ordem do Padre Landell, que foi curta,  objetiva e nacionalista: ´´Toquem o Hino Nacional´´.

Quase um ano após (03/06/1900), Landell realizou nova transmissão radiofônica em uma distância de oito quilômetros, do mesmo ponto da Zona Norte até a Avenida Paulista – que, naquela época, era composta pelos palacetes e o bonde era puxado a burros, sendo anteriormente conhecida por Rua da Real Grandeza. São fatos em locais que ficaram marcados na história, por meio de autoridades da época e nas páginas de jornais, reconhecendo as experiências radiofônicas.

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E rola a palestra

Com as imagens esclarecedoras em power-point no telão, o biógrafo Hamilton Almeida  resumiu em cerca de meia hora todos os pontos importantes e relevantes do inventor do rádio e, em seguida, respondeu várias perguntas da plateia. Mas  ficou bem claro o desinteresse do brasileiro em relação à valorização de fatos nacionais e reconhecimento aos inventores e cientistas -– em toda a sua história,  Landell ainda é um deles.

Na palestra, Hamilton lembrou que aprendemos nos bancos escolares — até no ensino superior –, que o inventor do rádio foi o italiano Guglielmo Marconi. Nada contra ele, já que contribuiu na representação dos sinais do Código Morse — uma outra invenção nas comunicações. Mas ele nada fez com as ondas radiofônicas transmitindo com voz humana ou musical. Nas salas de aula, deveria ser ensinada a verdade sobre a invenção do rádio e a história do Padre Landell.

Padre Landell esquecido

O palestrante informou que, até o momento, não houve interesse em desenvolver um novo documentário atualizado ou filme. É necessário apoio de produtoras, emissoras de TV e ajuda governamental para contribuir com mais informações e conhecimento sobre o verdadeiro inventor do rádio.

Recentemente, foi inaugurado o Boulevard do Rádio com apoio da Prefeitura de São Paulo, junto à Avenida Paulista, onde há a maior concentração de emissoras de rádio e um local importante na história do invento, mas o nome do Padre Roberto Landell de Moura não foi lembrado nem citado ou até uma placa.

Por outro lado, houve alguns reconhecimentos:  na Câmara dos Deputados, em Brasília, desde 2012,  que aprovou a inclusão do Padre Landell no Livro dos Heróis da Pátria – (clique aqui ). Em São Paulo, desde 1974, foi oficializada a Rua Padre Landell de Moura, no Distrito de Vila Formosa/Zona Leste (clique aqui ). Já em 2019, a Câmara Municipal de São Paulo criou o Prêmio Landell de Moura de Radiojornalismo, que premiou vários profissionais de emissoras de rádio — e depois de dois anos o vereador Eliseu Gabriel (PSB), autor do projeto de lei, não deu sequência.

Em Porto Alegre, cidade de nascimento do Padre Landell, há uma lei municipal determinando aulas sobre o brasileiro inventor do rádio. E, por lá,  há também algumas escolas municipais, estaduais e particulares com o nome do Padre Landell de Moura. No Rio de Janeiro, foi criado em 2007, o Prêmio Padre Landell de Moura pela Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro), com a intenção de reconhecer a contribuição de pessoas notáveis para a área de microeletrônica, comemorando e valorizando as invenções de Pe. Landell de Moura.

Segundo o biógrafo do Padre Landell, nota-se que ainda são poucos os caminhos para as merecidas homenagens de reconhecimento ao inventor do rádio, um padre que tinha orgulho de ser brasileiro e que fez tudo sozinho. Logo nas páginas iniciais de um dos livros de Hamilton Almeida, há uma marca que o Padre Landell previu: “Eu bem sei que, em coisas de ciência, o que avança em relação à sua época, não deve esperar justiça dos contemporâneos.


Documentário da Tv Senado, de 11/10/2019 – YouTube.  <<clique na imagem abaixo>>



Livros da autoria de Hamilton Almeida:

  •  Padre Landell de Moura – Editora Tchê/RBS;
  •  Padre Landell – um herói sem glória –  Editora Record;
  •  Padre Landell, o brasileiro que inventou o wireless  –   Editora Insular;
  •  O outro lado das telecomunicações: a saga do Padre  Landell  – (Ed.Sulina);
  •  Padre Landell: O brasileiro que inventou o Wireless; e
  •  Em alemão: Pater und Wissenschaftler – Debras Verlag-Deutschland.

Saiba mais:

  • Av. Paulista ganha espaço em homenagem ao rádio, mas sem citar o seu inventor Landell – clique aqui
  • Bulevar do Rádio precisa reconhecer o inventor brasileiro Padre Landell de Moura – (20/09/2023) – clique aqui
  • Exposição no MIS apresenta o Padre Landell, o verdadeiro inventor, e a história do rádio – (01/03/2023) – clique aqui
    * Padre Landell, um gênio brasileiro que foi esquecido como inventor pioneiro do rádio – (24/06/2022) – clique aqui
    *  O rádio nasceu na Zona Norte da cidade de São Paulo -(30/07/2021) – clique aqui

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