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Museu dos Transportes comemora 40 anos e há 6 anos continua fechado à visitação pública

Nova Frente do Museu dos Transportes - à frente o eixo/tração de um bonde
Tempo de Leitura: 5 minutos
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da Redação DiárioZonaNorte

O Museu dos Transportes Públicos Gaetano Ferolla, que acaba de completar em 20 de março passado os seus 40 anos, é um dos mais importantes espaços de preservação da memória da mobilidade urbana de São Paulo, mas que permanece fechado à visitação pública há seis anos.

Instalado em um prédio de nº 780 na Avenida Cruzeiro do Sul, na divisa do bairro do Canindé com a Zona Norte, o museu está inacessível ao público desde 2019, inicialmente devido à pandemia da Covid-19 e, posteriormente, à continuidade de obras de reforma e acessibilidade.

O museu guarda um acervo raro, que narra a evolução do transporte coletivo da capital. Entre as relíquias, destacam-se bondes originais do século XIX, puxado por tração animal, como o primeiro modelo a circular em São Paulo, em 1872, inspirado no sistema implementado no Rio de Janeiro, que era capital do Brasil.

Museu dos Transportes
Bonde com tração anima que tinha até Sant´Anna. Foto: Divulgação/Secom-Eduardo Ogata
O acervo do Museu

Também integra o acervo o primeiro trólebus de fabricação nacional, lançado em 1960, além de ônibus antigos que contam décadas de transformação da cidade e da Companhia Municipal de Transportes Coletivos – a  conhecida pela sigla CMTC.

Cada detalhe dos bondes e ônibus do local criava um ambiente nostálgico produzindo uma viagem nos velhos tempos da cidade e nas reminiscências do visitante, observando como a mobilidade moldou a expansão da cidade.

O ambiente interno no prédio do museu remete a uma São Paulo na “época da garoa e de uma cidade mais tranquila”.

Os bancos e luminárias do jardim intrno do museu reproduziam o estilo da década de 1920, enquanto um antigo bonde de areia — utilizado para evitar derrapagens nos trilhos — reforça a atmosfera de outra época.

Museu dos Transportes
Ônibus estilo inglês, que ficou conhecido como “Fofão”, na época de Jânio Quadros. Foto: Secom/Eduardo Ogata
A SP Trans responde

O DiárioZonaNorte procurou a São Paulo Transportes (SPTrans), um órgão municipal responsável pela administração do museu, para saber sobre o andamento da reforma.

Em resposta, a SPTrans informou que o museu passa por obras estruturais e de acessibilidade, visando a obtenção do Selo de Acessibilidade Arquitetônica – indica que o local é adequado ao uso por pessoas com deficiência, concedido pela Comissão Permanente de Acessibilidade – CPA.

Segundo o órgão, intervenções iniciadas ainda em 2019 precisaram ser intensificadas para corrigir problemas antigos do prédio.

Paralelamente, foi realizado um inventário detalhado do acervo de muitos documentos (fotos, mapas, objetos etc), para garantir melhor conservação e apresentação das peças. Apesar disso, comenta-se que a reinauguração poderá ocorrer no meio do ano, entre junho e julho — que antes, segundo previsões iniciais, deveria ter acontecido no final de 2014.

Enquanto o Museu dos Transportes  permanece fechado, a cidade continua a viver grandes mudanças no seu sistema de transporte — até a chegada de ônibus a gás e com bateria elétrica. Mas, por outro lado, o Museu dos Transportes se adequara ao momento com maior interatividade com os visitantes.

Museu dos Transportes
Ônibus elétrico com o “supensório” – Foto: Secom/Eduardo Ogata
A cidade e as mudanças

Desde os tempos dos bondes puxados por animais até a era atual dos corredores exclusivos de ônibus, a mobilidade urbana em São Paulo foi adaptando-se às necessidades de uma população em constante crescimento.

A explosão na produção e venda de automóveis, registrada principalmente a partir da década de 1950, impactou profundamente o trânsito da cidade.

O aumento exponencial da frota levou a congestionamentos diários, impulsionando a criação de corredores de ônibus como solução prioritária para o transporte coletivo.

Atualmente, as faixas exclusivas e corredores somam dezenas de quilômetros, buscando garantir maior agilidade aos ônibus, que transportam milhões de passageiros por dia.

Além dos ônibus, a cidade também investiu na expansão da malha metroviária e na modernização dos trens metropolitanos, operados pela  Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e, mais recentemente, pela ViaMobilidade.

Embora esses sistemas tenham crescido, o ônibus ainda é o principal meio de transporte público para a maioria da população, fato que realça a importância do Museu dos Transportes na preservação dessa memória.

O museu carrega um valor que vai além da nostalgia. Ele permite compreender as transformações urbanas provocadas pela mobilidade, os desafios enfrentados ao longo das décadas e as soluções adotadas para integrar melhor o transporte à vida cotidiana dos paulistanos.

Museu dos Transportes

O começo de tudo

Em 1985 ( há 40 anos ) foi fundado por iniciativa do ex-funcionário da antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), Gaetano Ferolla, o museu foi sendo enriquecido por doações de colecionadores e instituições públicas.

No acervo conta com sete veículos históricos, aproximadamente 1.500 fotografias, 1.500 livros e dezenas de objetos que retratam cada etapa da evolução do transporte urbano.

A ausência prolongada de atividades abertas ao público gera uma lacuna significativa na preservação e divulgação desse patrimônio.

O museu, que sempre teve entrada franca, recebia não apenas apaixonados por transporte e história, mas também grupos escolares e pesquisadores interessados em compreender o impacto da mobilidade na construção da metrópole.

Enquanto os bondes permanecem estacionados e os ônibus antigos esperam em silêncio, o cotidiano da cidade continua acelerado. Novos corredores são planejados, o transporte por aplicativos cresce, bicicletas compartilhadas ocupam parte das ruas e o metrô avança, ainda que em ritmo lento.

A evolução urbana prossegue, mas a memória dos primeiros trilhos, das velhas linhas e das inovações que moldaram São Paulo aguarda para ser novamente revelada ao público.

Exposição de anúncios e avisos – Foto: Secom/Eduardo Ogata
O público aguarda

A expectativa de moradores da Zona Norte é que, uma vez concluídas as reformas, o Museu dos Transportes possa não apenas retomar sua função original, mas também se modernizar, ampliando seu papel como centro de educação e cultura voltado às novas gerações.

Preservar a história dos bondes, dos primeiros ônibus e dos trólebus não é apenas relembrar o passado: é entender o caminho percorrido até aqui e refletir sobre o futuro da mobilidade urbana em uma das maiores cidades do mundo.

Enquanto isso, o prédio do Museu dos Transportes Públicos, na Avenida Cruzeiro do Sul,  segue como testemunha silenciosa de uma história que merece, o quanto antes, voltar a ser contada.

Av. Cruzeiro do Sul, 780 – Museu dos Transportes

Álbum/Portifólio – clique em cima da foto para expandí-la:


<<Com apoio de informações/fonte: SP Trans >>

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