D.Pedro
- “TE DEUM” representa o cântico sacro de ação de graças à visita do Príncipe Regente, que a mostra rememora um costumeiro ato litúrgico, à época, utilizado para a recepção de autoridades tanto políticas como eclesiásticas.
Como parte das comemorações do Bicentenário da Independência, o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS) abre a mostra “TE DEUM” na próxima 5ª (25 de agosto) — das 11 às 14 horas –, na mesma data em que Dom Pedro chegou a São Paulo no século 19, sob curadoria de Beatriz Cruz e João Rossi.
Na exposição, relíquias da Antiga Sé e outras peças históricas e de mobiliário compõem a ambientação da Igreja primacial de São Paulo, produzindo uma atmosfera que evoca a Velha Sé paulistana, oferecendo ao visitante a sensação de estar presente à cerimônia da recepção pública do futuro Imperador do Brasil, Dom Pedro.
Uma peça que faz as vezes do altar mor utilizado na antiga igreja, estará adornado com peças originais da cerimônia como tocheiros, palmas, imaginária, ornamentos e mobiliário pertencentes ao acervo do museu. Manequins trajados com réplicas dos vestuários da época, compõem a nave da igreja.
No vernissage, estão programadas algumas ações especiais que emulam acontecimentos da ocasião: apresentação do coral do Museu de Arte Sacra com regência da maestrina Denise Castilho Cocareli, uma salva de tiros e os sinos das igrejas das imediações do bairro da Luz entoando a mesma melodia, simultaneamente.
As comidinhas foram selecionadas de acordo com pesquisas sobre as iguarias da época: coxinha de frango, cuscuz paulista, mandioca frita e suco de caju, muito apreciado por todos.
Recorte da História
No dia 14 de agosto de 1822, o Príncipe Regente deu início à jornada de 634 km, com início na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, pela Real Estrada de Santa Cruz com destino a São Paulo, aonde chegaria 12 dias depois.
Todas as paradas do percurso – Lorena, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, Jacareí, Mogi das Cruzes – haviam sido estrategicamente planejadas na sua passagem pelo Vale do Paraíba, um dos motores econômicos do País a época, para que pudesse encontrar com as lideranças locais e firmar alianças.
No momento em questão, a viagem – que se estenderia por quase um mês – era importante do ponto de vista político. A província de São Paulo vivia um momento conturbado, com um princípio de motim em que parte da elite ameaçava se recusar a cumprir ordens da capital.
Conforme progredia a viagem, a comitiva de 5 integrantes que deu início à jornada, chega ao destino com muito mais de 30, uma vez que pessoas vão se incorporando a ela no decorrer do percurso. O grupo chega a São Paulo na manhã do dia 25 de agosto onde participa de missa na capela de Nossa Senhora da Penha. Logo após, segue para a Capital e, na Sé, assiste com sua comitiva, à solene Te Deum e depois recebe o beija-mão de autoridades e do povo.
TE DEUM (*)
“Recepcionando o Príncipe Dom Pedro e sua comitiva, após a jornada de 13 dias vindo do Rio de Janeiro, o antigo costume religioso – TE DEUM – aconteceu na igreja da Sé, no bispado de Dom Matheus de Abreu Pereira, onde o Príncipe Regente foi recebido com grande solenidade”, explica o curador João Rossi.
Esse ato solene, até hoje utilizado em cerimônias importantes, foi explicado pelo Papa Bento XVI: “no ‘Te Deum’ está contida uma sabedoria profunda, aquela sabedoria que nos leva a dizer que, apesar de tudo, existe o bem no mundo, e este bem está destinado a vencer graças a Deus, o Deus de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado”. No século 19 “as cerimônias civis possuíam início nas igrejas, dado o vínculo entre a Igreja e o Estado, fundindo assim os dois poderes”, explica João Rossi.
Em 25 de agosto de 1822, o hino do Te Deum Laudamus (A Ti Deus louvamos), entoado em eventos solenes de ação de graças, foi regido pelo mestre de capela da Sé André da Silva Gomes em homenagem a Dom Pedro e sua comitiva. Como costume colonial, as orações cantadas sempre tiveram grande importância artística e cultural no Brasil. Grandes compositores dessas peças fizeram história na música brasileira, a exemplo do Mestre de Capela da Antiga Sé do Rio de Janeiro, Pe José Maurício Nunes Garcia, seu contemporâneo em São Paulo, André da Silva Gomes, compôs e regeu muitos atos litúrgicos na Velha Sé”, exemplifica João Rossi.
Serviço
Exposição: “TE DEUM”
- Curadoria: Beatriz Cruz e João Rossi
- Abertura: 25 de agosto – 5ª feira – das 11h às 14h
- Período: de 26 de agosto a 23 de outubro de 2022
- Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo || MAS/SP
- Endereço: Av.Tiradentes, 676 – Luz, SP (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)
- Estacionamento (entrada opcional) – Rua Dr. Jorge Miranda, 43 (sujeito a lotação)
- Informações adicionais: 11 3326-5393
- Horários: 3ª feira a domingo, das 10 às 17h (entrada permitida até às 16h30
- Ingresso: R$ 6,00 (Inteira) | R$ 3,00 (meia entrada nacional para estudantes, professores da rede privada e I.D. Jovem – mediante comprovação)
- Compra de ingressos: site do MAS-SP – clique aqui
- Ingresso grátis: aos sábados
- Isenções: crianças de até 7 anos, adultos a partir de 60, professores da rede pública, pessoas com deficiência, membros do ICOM, policiais e militares – mediante comprovação
- Observação: recomenda-se o uso de máscara
<<Com apoio de informações/fonte: Balady Comunicação – Silvia Balady>>
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