da Redação DiárioZonaNorte
“Parece uma cidade do interior”, o comentário é de um dos 1,4 mil moradores das 360 residências em um espaço 120 mil metros quadrados. Não é uma cidade do interior e sim o primeiro bairro ecológico da cidade. É a EcoVila Amélia com sua história nos mais de 140 anos, encravada no meio do Horto Florestal, que tem o controle pelo Parque Estadual Alberto Löefgren da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Acertos e desacertos
Por detrás do cotidiano destes moradores da Vila Amélia, há uma briga na Justiça com o governo de São Paulo, que reivindica o espaço para o Horto Florestal. Mas, na realidade, houve uma sobreposição de direitos entre os documentos de terrenos de sítios daquela época.
Esse imbróglio continua por anos. Mas já começa a haver um reconhecimento com os moradores, que possuem escrituras, as documentações registradas e impostos pagos. Por outro lado, através da Prefeitura de São Paulo veio uma mudança na classificação de zonas da cidade. Isto transformaria a Vila Amélia em Zona Especial de Preservação (ZEP), utilizada somente para parques estaduais e municipais. E gerou várias reuniões e participações de moradores para reivindicar a classificação em Zona Mista Ambiental.
O desinteresse
E surgiu um caminho de salvação para a Vila Amélia, torná-la a primeira ecovila como um modelo piloto para outras áreas da cidade, no estado e até no Brasil. E foi através de um projeto da arquiteta e urbanista Evy Hannes, apresentado em mestrado na Universidade de São Paulo (USP), que abre oportunidades para o futuro da ecovila e a salvação para a Vila Amélia.
E, com o convite formulado pela presidente da Associação dos Moradores da Vila Amélia-AMOVA, Rosana Rodrigues Schiavolin, através do diretor da entidade Roberto Ribeiro Lobo, neste sábado (06/04/2019) aconteceu no Espaço Moriah Buffet na Av. Parada Pinto, ao lado do Horto Florestal, uma explanação da arquiteta com o apoio do colega Thiago Salvadeo sobre o que se pode fazer com ideias de um projeto de meio ambiente e paisagísmo para o local.
Uma boa vontade e um espaço do buffet muito bem cuidado, com várias cadeiras dispostas a receber muitos moradores, mas foi demonstrado um desinteresse da maioria deles. O comparecimento aconteceu com apenas 25 pessoas preocupadas e interessadas em colaborar para o bem de todos. <<Releia aqui a recente reportagem sobre a EcoVilaAmélia, com mais detalhes do projeto>>
Imagens do sonho na ecovila
Por uma hora, em 20 fotos/desenhos nas telas do ‘power point’, a arquiteta Evy Hannes foi exibindo as ideias e os planos de mudanças no meio ambiente e serviços na EcoVila Amélia. É claro que há necessidade de um planejamento mais real com as medidas e proporções dentro do espaço da ecovila.
Os locais e as ruas devem sofrer mais estudos e cálculos, que dependem também de investimentos diretos ou indiretos dos moradores e de empresas ou instituições que podem investir no local. Segundo a arquiteta, “o maior desafio no desenvolvimento do projeto foi encontrar um modelo de ecobairro que se encaixasse no modelo brasileiro, principalmente na Vila Amélia”.
Evy Hannes lembra que há muitos ecobairros e ecovilas na Europa – principalmente na Alemanha – mas lá há mais recursos e muita consciência ecológica. “É triste ver que pouca gente tem esse conhecimento aqui no Brasil e há ainda uma grande dificuldade para captar o interesse de empresas”, finalizou. << Veja todas as telas que foram exibidas no álbum anexo, logo abaixo>>
Mais educação ambiental
No final, a arquiteta Evy Hannes, mais à vontade e descontraidamente com as pernas sobrepostas em uma cadeira, conversou com os moradores presentes. Foram colocados alguns problemas e a falta de colaboração de moradores, que vai precisar de meios para instruir as pessoas a um bem comum.
E a AMOVA vai desenvolver alguns meios de educação ambiental e de esclarecimentos. Serão instalados serviços que prestigiem o meio ambiente na EcoVila Amélia, como ecoponto, bituqueiras para cigarros, armazenamento ecológico para óleo de cozinha e outros.
A mesma entidade promoverá palestras e até cursos para desenvolver os bons hábitos. É uma maneira de conscientização dos moradores. Ao mesmo tempo, a AMOVA fará gestões às empresas e entidades que queiram participar do projeto, com ajuda de possíveis emendas parlamentares através de deputados estaduais – que também ajudarão ao desenrolar dos direitos dos moradores.
À espera do sonho com final feliz
“É o começo de um novo sonho, a ser bem sonhado, que terá um final feliz”, define o diretor da AMOVA, Roberto Ribeiro Lobo, que certamente tem o mesmo objetivo de vários moradores. E que ganhou uma incentivadora no projeto e em sua condução, que é a arquiteta Evy Hannes, e um legião de torcedores do meio ambiente com os sonhadores de ecovilas e de bairros com o mesmo propósito.
Diretrizes
Moradores podem implantar por conta própria:
- Intensificar a arboração e aumento da impermeabilidade do solo;
- Jardim de Chuvas nos quintais;
- Mudança por calçadas drenantes;
- Sombreamento das ruas;
- Implantação de paredes verdes e agricultura urbana;
- Captação e reuso de águas pluviais; e
- Núcleo Arboreto Vila Amélia (local de experiências, núcleo de apoio, centro comunitário, escola de educação ambiental, centro de compostagem, hortas comunitárias e área de lazer).
Depende da ação do governo ou empresas:
- Parque fluvial do Córrego do Indio;
- Contenção da água das chuvas por biovaletas e jardins de chuvas;
- Mudança por calçadas e asfaltos drenantes;
- Ruas compartilhadas;
- Sombreamentos e áreas de estar;
- Fiação subterrânea;
- Núcleo Arboreto Vila Amélia (local de experiências, núcleo de apoio, centro comunitário, escola de educação ambiental, centro de compostagem, hortas comunitárias e área de lazer); e
- Troca do muro de segurança por alambrado e mudança em sua localização.