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Jaçanã comemora 154 anos com muita história de um bairro de tradições na ZN

Jaçanã ainda no processo de urbanização. Foto: Arquivo SP
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154 anos

  • A linha férrea do Tramway passava pelo Jaçanã — ligando o bairro com o centro da cidade —  e seguia até Guarulhos; e
  • O bairro do Jaçanã faz fronteiras com Guarulhos (leste), Tremembé (norte), Vila Medeiros (sul) e Tucuruvi (oeste).

´´Não posso ficar nem mais um minuto com vocêSinto muito amor, mas não pode serMoro em Jaçanã, se eu perder esse tremQue sai agora às 11 horas, só amanhã de manhã´´

Quem não conhece esses versos e não cantou em algum lugar, com muita alegria? Jaçanã é lembrado  em todos os 365 dias do ano, em algum lugar no Brasil ou diversos países dos cinco continentes.

Ela repercutiu tanto que é mais conhecida do que Garota de Ipanema, de Vinicius de MoraesAquarela do Brasil, de Ary Barroso.  Agora, neste momento, tem alguém cantando e lembrando do Jaçanã.

Neste sábado (14/09/2024), o bairro do Jaçanã celebra 154 anos de uma rica trajetória marcada por transformações e desenvolvimento.

Um pouco da história

A história do distrito começou em 1870, quando a região, então conhecida como Uroguapira— termo tupi que significa “terra que tem ouro” — atraiu aventureiros em busca de preciosidades que jamais foram encontradas. Com o passar do tempo, o nome foi simplificado para Guapira.

A mudança significativa veio em 1934, quando os irmãos Manoel e Henrique Mazzei, figuras importantes na urbanização da Zona Norte de São Paulo, iniciaram o loteamento das terras da Fazenda Guapira.

Esse processo deu origem a chácaras e pequenos comércios, estabelecendo uma comunidade próspera e diversificada. A região também viu a construção de sua infraestrutura básica, com a abertura de igrejas, escolas e um posto médico.

Em 1930, o nome Jaçanã foi adotado, inspirado na ave que era abundante na região. A principal avenida do bairro e o primeiro clube social e esportivo foram nomeados em homenagem à antiga fazenda, refletindo as raízes históricas do local.

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Equipe de gravação da Maristela. Foto:Arquivo SP

O cinema no bairro

O Jaçanã também desempenhou um papel significativo na indústria cinematográfica brasileira, principalmente na década de 1950, quando o cineasta Mario Audrá Junior, conhecido como Marinho, escolheu o bairro para sediar a Cinematográfica Maristela.

Durante seus dez anos de funcionamento, os Estúdios Maristela produziram 60 filmes, contando com a participação de ícones como Mazzaropi, Procópio Ferreira,  Regina Duarte, Tônia Carrero e Odete Lara, entre outros.

Adoniran Barbosa, um dos grandes nomes da música brasileira, frequentava o bairro devido à proximidade com os Estúdios Maristela e compôs a famosa música “Trem das Onze“, inspirada pelo Tramway da Cantareira. Esta linha férrea  funcionou de 1895 a 1965, foi crucial para o desenvolvimento do Jaçanã, facilitando o transporte de materiais e passageiros.

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Adoniran e o Trem das Onze – Foto: Arquivo SP
O clima na saúde

Por causa da proximidade da Serra da Cantareira, com muita mata e ar puro, o aspecto de saúde pública também é uma parte importante da história do Jaçanã. Em 1874, os primeiros leitos do Hospital Geriátrico D. Pedro II  foram instalados para atender a mendigos e idosos, na época o hospital era conhecido como Asilo dos Inválidos.[

Um pouco mais de 30 anos, teve início a construção de um prédio  — que funciona até os dias atuais na Avenida Guapira —, nas mãos do arquiteto  começava a ser construído o prédio que permanece até hoje, com projeto de arquitetura de Francisco de Paula Ramos de Azevedo.  Foram mais 27 anos para ser inaugurado.  

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O Aylo de Inválidos – Foto: Arquivo SP

O bairro abrigou o Leprosário Guapira, inaugurado em 1904 pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Com o tempo, o leprosário evoluiu para o Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, hoje um hospital geral que serve não só ao Jaçanã mas também aos bairros vizinhos e municípios adjacentes como Guarulhos e Mairiporã.

Este hospital não só continua a ser um centro de tratamento médico, mas também um polo de ensino e pesquisa, particularmente em geriatria.

As ruas ainda em terra e o progresso chegando com iluminação. Foto: Arquivo SP
As personalidades

Além do hospital, o Jaçanã é conhecido por suas contribuições à arte e cultura, com obras de artistas renomados como Tarcila do Amaral e Alfredo Volpi instaladas nas paredes internas no Hospital  Municipal São Luiz Gonzaga.

O bairro também presta homenagem a personalidades importantes em suas nomenclaturas de ruas, como a Avenida Luiz Stamatis, um pioneiro da Odontologia no Brasil, e a Rua Michel Ouchana, um empresário têxtil que contribuiu significativamente para o desenvolvimento comunitário do Jaçanã.

O presente e o futuro

No território de 7,8 quilômetros quadrados do Jaçanã estão os bairros, chegando a cerca de 100 mil habitantes: Jardim Aliança, Jadim Cabuçu, Vila Carolina, Vila Constância, Parque Edu Chaves, Vila Germinal, Guapira,  Vila Isabel, Jardim Jaçanã, , Conjunto Residencial Jova Rural, Vila Laura, Vila Milagrosa, Jardim Modelo, Conjunto Residencial Montepio, Vila Nélson, Vila Nilo, Vila Nova Galvão, Vila Santa Terezinha e Chácara São João.

Hoje, o Jaçanã não é apenas um reflexo de seu passado histórico e cultural, mas também um exemplo de comunidade que continua a crescer e se adaptar, mantendo seu charme e importância dentro da metrópole de São Paulo. Não deixando de lado um pouco ainda do ar interiorano e de simpatia de seus moradores.

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