Home Destaque Hospital São José, no Imirim, é descartado para uso de dependentes...

Hospital São José, no Imirim, é descartado para uso de dependentes químicos

Auditório, Colégio Consolata, logo no início da reunião
Tempo de Leitura: 7 minutos

 

 da Redação DiárioZonaNorte

  • O Hospital São José do Imirim foi idealizado na década de 1960 pelo Padre Constançio Dalbezio, que recebeu apoio da comunidade, sendo inaugurado em 1983;
  • Fechado desde 2007, o hospital foi reinaugurado em dezembro de 2011 pelo então governador Geraldo Alckmin como unidade de apoio aos hospitais da região.
  • Na época formou-se a Comissão Pró-Resgate do Hospital São José, com um abaixo-assinado de 25 mil pessoas; e
  • Em 2014 chegou a funcionar como Hospital do Homem e, na época da pandemia do Covid-19, foi requisitado para atendimentos.

Foi por intermédio do vereador Eliseu Gabriel (PSB) as boas notícias aos moradores do bairro do Imirim, na verdadeira Zona Norte (*), localizado na Rua Diogo Cabrera, 94-B:  o Hospital  São José  não mais será reutilizado como acolhimento para dependentes químicos vindos do centro  da cidade, na Cracolândia. O auditório do Colégio Consolata, com um público de cerca de 250 pessoas, irrompeu em aplausos na noite da 2ª.feira (05/06/2023).

Havia uma grande apreensão com essa mudança nos destinos do prédio que está fechado depois de até ter sido usado em casos especiais durante a pandemia da Covid-19, carregando um longa história de mais de 60 anos. E que foi construído com a mobilização da comunidade para sua criação.

O hospital ficou com o muro colado ao prédio do tradicional Colégio Consolata, que tem 74 anos de fundação, e hoje com mais de muitos alunos nos períodos de educação infantil, fundamental I e II, mais o ensino médio. Com uma estrutura moderna e vários requisitos de laboratórios, biblioteca, quadras poliesportivas, teatro, auditório e outros.

Na região há outras escolas e colégios. Essa era uma das grandes preocupações desde a veiculação da vinda da transferência de dependentes químicos da cidade. Com a quantidade de crianças e jovens mesclando a preocupação dos pais e familiares de um bairro tradicional da verdadeira Zona Norte.

José
Prof. Getúlio Ferreira, diretor do Colégio Consolata
O anúncio do vereador

Em sua fala, no auditório do Colégio Consolata, o vereador Eliseu Gabriel (PSB), ao lado do diretor e professor Getúlio  Ferreira, revelou que  “era mesmo a intenção de trazer para cá o pessoal internado da Cracolândia. Era mesmo! Confirmado, era essa mesmo a intenção.”

De acordo com o vereador, em reuniões com o Secretário  Municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamargo, foi colocado que “a transferência não tinha cabimento, já que a lei de minha autoria criou a Área Escolar de Segurança, impedimento esse tipo de coisa no entorno das escolas”.

José
Vereador Eliseu Gabriel e, ao lado, Prof. Getúlio

O vereador conclui falando da importante mobilização dos moradores, empresários, escolas… todos até com abaixo assinado  para  mostrar que queriam o hospital mas não a transferência dos dependentes químicos.  Ele disse que na mesma 2ª.feira  (05/06) conversou com o Secretário e o seu Assessor Parlamentar e Gestão, Ivan Cáceres,  para demovê-los da ideia.

Eliseu Gabriel pega o celular e lê a mensagem: “Vereador: O local que se pretendia instalar o serviço no antigo Hospital São José foi descartado”.  E declara que “essa é a primeira vitória, não teremos esse programa instalado aqui – não que a gente não respeite essas pessoas. Não vão instalar aqui no meio do bairro. Eles abriram mão disso. Agora, a luta é a reabertura do Hospital São José.


Nota da Redação: O DiárioZonaNorte solicitou a confirmação da Secretaria Municipal da Saúde sobre a desistência do local, que encaminhou à nossa Redação mensagem na 3a.feira (06/06/2023), às 20h56 – que transcrevemos na íntegra:

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que procura outro local para a implantação de um Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT III). O equipamento vai oferecer acolhimento terapêutico de médio prazo, coletivo ou familiar; ações de redução de danos articulados ao tratamento vinculado no Projeto Terapêutico Singular, inclusive com ações de lazer, esporte e cultura e disponibilizar oferta variada de capacitação e qualificação profissional visando a inserção social”.


 

José
Auditório do Colégio Consolata lotado
A lei que protege as escolas

A presença do vereador Eliseu Gabriel tinha muita razão de ser na região, pois ele foi o autor  da Lei Municipal n. 14492/07 , de 31 de julho de 2007 (Gestão do prefeito Gilberto Kassab), que “estabelecia a área escolar de segurança como espaço de prioridade especial do Poder Público Municipal”, ou seja criou uma lei de total proteção às escolas e seus entornos, com uma série de detalhes.

Já no primeiro artigo define: “A área escolar de segurança é aquela de prioridade especial do Poder Público Municipal, que objetiva garantir, através de ações sistemáticas e prenunciadas em lei, a realização dos objetivos das instituições educacionais, cuja finalidade é proporcionar a tranqüilidade de alunos, professores e pais”.

E no segundo artigo coloca que “a área de que trata a presente lei corresponderá a círculos de raio correspondente a 100 (cem) metros, com centro nos portões de entrada e saída das escolas e deverá ser indicado por placas a serem afixadas nas proximidades”.

E na sequência, uma série de responsabilidades à Prefeitura  da Cidade de São Paulo, como a fiscalização do comércio de ambulantes, providências com a iluminação pública, a pavimentação do local, a retirada de entulhos, os serviços da CET, a faixa de pedestres, o auxilio da Guarda Civil Metropolitana, até a poda de árvores,  e muitos outros itens.

José
Abaixo-assinado em 2021
Prédio disponível para locação

Segundo fontes ouvidas por este jornal, o prédio está para ser alugado por R$ 90 mil mensais e mais os encargos, através da Imobiliária Mirantte –- que estava com placa em frente ao imóvel –  e poderia  até ter tido contatos de interesse comercial com a Secretaria Municipal da Saúde.

História

A história do Hospital São José teve início na década de 1960 quando o Padre Constançio Dalbezio – a frente da Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Imirim e com apoio de toda a comunidade, encabeçou a luta pela construção de um equipamento de saúde que atendesse gratuitamente a população da região.

O futuro hospital seria  gerido pela Sociedade Missionários de Nossa Senhora Consoladora,   que adquiriu o terreno com verbas federal e estadual.  A  pedra fundamental (cerimônia que marca o início de uma obra) foi  lançada em 15 de agosto de 1962.  A demarcação dos alicerces aconteceu em 1964 e, em 1966 a obra foi paralisada por falta de recursos.

No ano de 1975, a Sociedade Missionários de Nossa Senhora Consoladora, doou o terreno e o prédio inacabado para a Sociedade Civil das Irmãs Franciscanas, que assumiu o compromisso de finalizar a obra do hospital e colocá-lo em funcionamento.

No termo de doação, ficou explícito que o terreno e o prédio só poderiam ser usados com a finalidade da implantação de um hospital e que o imóvel só poderia ser vendido para terceiros pela Sociedade Civil das Irmãs Franciscanas, com concordância da Sociedade Missionários de Nossa Senhora Consoladora.

Inauguração

Em 14 de agosto de 1983, o Hospital São José foi inaugurado. O imóvel de cerca de 3,3 mil metros recebeu 68 leitos de internação, 4 leitos de pré-parto,  berçário com capacidade para 25 bebês, duas  salas cirúrgicas, duas salas de parto, ambulatório médico, serviços  cirúrgicos, ortopédicos, neurológicos, equipamentos  de imagem e análises clínicas.  O corpo clínico e administrativo era formado por 40 profissionais.

Em 3 de abril de 2.000,  a Sociedade Civil das Irmãs Franciscanas cedeu, por meio de um contrato de comodato, a administração do Hospital São José para a Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar.

Venda do imóvel

Durante a vigência do contrato de comodato  com a Pró-Saúde – em 2003, as Irmãs Franciscanas negociaram o imóvel com a GSH – Gerência Hospitalar e Serviços em Saúde. O contrato com a Pró-Saúde foi encerrado e, em 2006, o Hospital São José encerrou suas atividades.

As dependências do Hospital São José chegaram a ser utilizadas como lavanderia do também Hospital Albert Sabin até o ano de 2008, quando teve suas atividades encerradas no local.

Comissão Pró-Resgate

Formou-se então a Comissão Pró-Resgate do Hospital São José do Imirim, responsável por um abaixo-assinado com mais de 25 mil assinaturas, pedindo a reabertura do equipamento de Saúde.

Só em 2011, o Governo do Estado reabriu o Hospital São José como unidade de apoio aos hospitais estaduais das Zonas Noroeste e Norte (Hospital Geral de Taipas, Hospital Vila Penteado, Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha e Complexo Hospitalar do Mandaqui) – atendendo de “portas fechadas” ao público (apenas pacientes encaminhamento feito por estes equipamentos de saúde).

Em 2014 o Hospital São José foi transformado em uma unidade do Hospital  do Homem, também gerido pelo Governo do Estado de São Paulo. Em 2011, em função da Pandemia do Covid-19, os pacientes urológicos foram transferidos para o Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha e a unidade passou a atender vítimas do Covid-19.  Terminada a emergência sanitária, o hospital foi desativado e o prédio foi colocado para locação.

Recentemente, Anderson Negrão – atual presidente da Comissão Pró-Resgate, ao levar ao conhecimento do Secretário Municipal de Saúde a situação do imóvel, recebeu a informação de que a Prefeitura da Cidade de São Paulo  tinha planos para transformar o lugar em um serviço de atendimento a dependentes químicos.


(*) Nota da Redação-Esclarecimento: A Prefeitura da Cidade de São Paulo faz o uso equivocado dos pontos cardeais -– que acaba influenciando as emissoras de rádio e tv, mais as outras mídias e a população —  classificando os distritos, bairros e as subprefeituras da Freguesia do Ó / Brasilândia, Pirituba / Jaraguá  / São Domingos e Perus  / Anhanguera  como sendo ZONA NORTE.

O certo é ZONA NOROESTE, pois os distritos e bairros estão mais entre  a Zona Norte e  a Zona Oeste — puxando pelo ponto colateral. A verdadeira ZONA NORTE, que é adotada por este jornal, tem como distritos, bairros e subprefeituras: Casa Verde / Cachoeirinha / Limão, Santana / Tucuruvi / Mandaqui, Jaçanã / Tremembé e Vila Maria / Vila Guilherme / Vila Medeiros.


 

d