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Hospital do Mandaqui receberá R$7,8 milhões de ajuda. E crise chega no Ministério Público Estadual.

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da Redação DiárioZonaNorte

Aqui é Mandaqui, Zona Norte. Estamos na Rua que já deveria ser Avenida Voluntários da Pátria, no seu movimento constante de várias linhas de ônibus e carros que buscam o bairro próximo de Santana ou o centro da cidade, a 20 quilômetros. 4ª feira, 27 de junho, quase 8 horas da manhã,  estamos em frente do conhecido Hospital do Mandaqui, com os seus 80 anos de existência.

A história de antes não é a mesma de hoje. Nas mudanças do passado ficaram só as lembranças. Mas ali nos prédios deste conjunto hospitalar – que inclusive abriga o Centro de Referência do Idoso– CRI Norte – tudo gira em torno das dificuldades do agora de forma quase permanente, sem o “olhar das autoridades e deputados estaduais”. Vive-se o hoje sem saber como será o amanhã.

Uma ação conjunta

O imponente pórtico principal sustenta um pouco da modernidade em acrílico para identificar o local com seu nome oficial, que trocou o Complexo para o Conjunto Hospitalar do Mandaqui.

Justamente ali alguns membros do Conselho Gestor juntos com o presidente Marco Antônio Cabral;  o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Dr. Eder Gatti; dos Conselheiros de Saúde da região; do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde – SindSaúde; da Associação dos Moradores do Mandaqui e Lauzanne – Grupo UnidadeConselho Gestor da UBS de Lauzanne Paulista; líderes comunitários; funcionários e moradores misturados com usuários juntaram-se mais uma vez para protestar em ato público para chamar atenção sobre as condições precárias de um hospital “em estado grave”.

As responsabilidades

O cartaz dependurado na grade lembrava que o evento era “um abraço fraternal” no Hospital do Mandaqui, junto a ele cerca de 40 pessoas. A convocação e responsabilidade era levar muito mais convidados para o ato, junto com as convocações dos 78 deputados estaduais, dos 55 vereadores, dos 70 deputados federais representantes de São Paulo e os três senadores — somente Marta Suplicy se mexeu e esteve em visita em 12/05/2018 – veja aqui e conseguiu audiência com o presidente da República Michel Temer e com o Ministro da Saúde – e mais verba parlamentar de R$7,8 milhões (ver nota logo abaixo)  – além das Comissões de Saúde da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal — todos os parlamentares receberam avisos via e-mail sobre a crise no Hospital do Mandaqui.

Os problemas que já caminham há anos exigem esse responsabilidade de todos – principalmente os políticos nos seus mandatos –, que devem deixar de lado os discursos e promessas para agir efetivamente.

Os moradores devem  sair de frente das telinhas dos celulares ou computadores, junto aos grupos de Facebook e WhatsApp,  e agir como cidadãos, marcando presença em atos que buscam o bem-estar e a melhor qualidade de vida de todos, sem distinção. “Se hoje estou aqui brigando por algo coletivo, sabendo que o bem é para todos, amanhã eu ou minha família podemos ser as vítimas da inércia e do mau atendimento”, desabafou um morador, no local.

Senadora responde

” Nesta 5ª feira (28/06/2018), a senadora Marta Suplicy (MDB) foi procurada pelo DiárioZonaNorte em seu gabinete, em Brasília, e enviou a seguinte nota: “Garantimos do governo federal, ainda para este ano, o investimento de R$ 7,8 milhões (são R$ 4 milhões para aquisição de equipamentos e R$ 3 milhões para reformas). Estive no Hospital do Mandaqui e constatei o lamentável estado em que se encontra. Também, tenho acompanhado o desespero da população. Assim, o quanto antes falei ao presidente Michel Temer sobre o que presenciei, e ele, prontamente, atendeu ao meu pedido de emenda ao Orçamento da União. Em audiência com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, ele assegurou que incluirá essa previsão orçamentária, autorizada pelo presidente, no sistema do Ministério da Saúde tão logo receba o plano de trabalho da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Meu assessor parlamentar está acompanhando, diariamente, essa questão. Para nós, prioridade.” 

(Nota da Redação: DiárioZonaNorte solicitou junto à Assessoria de Comunicação um parecer sobre o andamento do assunto na Secretaria de Estado da Saúde/SP, com declaração do secretário Marco Antonio Zago. Até o fechamento desta reportagem, não houve retorno ).

Os problemas

O dia teve início junto aos manifestantes portando o cartaz “Somos todos Mandaqui”, mas lá dentro dos corredores do Hospital do Mandaqui os sofrimentos continuavam nos bancos de espera, nas macas e nos quartos. Tudo é mais difícil ainda com a falta de médicos com salários e benefícios reduzidos. A paciência está atingindo um ponto alto de saturação. É o caos no atendimento.

As cenas vem se repetindo dia a dia com falta de médicos, enfermeiros e funcionários insuficientes e os usuários à espera de atendimento por muitas horas – lotando os bancos de espera nas saletas. Há duas semanas, os corredores chegaram a ficar congestionados de macas com pacientes.

Consultas e cirurgias sendo proteladas ou canceladas, até com falta de material e equipamentos. E para agravar mais ainda a situação calamitosa do local, até rato apareceu dentro do hospital e foi morto a vassouradas, antes disto a direção havia comunicado dos serviços de desratização – o que confirma o estado do local.

Sem enxergar

A Imprensa tem noticiado esse problema gravíssimo, que não tem um “olhar de salvação” do governo de São Paulo, com a Secretaria Estadual de Saúde ignorando os pedidos  de ajuda e até os fatos graves registrados nas vigílias de 24 horas que são realizadas em revezamento pelos membros do Conselho Gestor. Os relatos estão nas mídias sociais diariamente, com os casos dramáticos.

É a maneira de mostrar os sérios problemas do Hospital do Mandaqui ao governo de São Paulo, deputados estaduais e demais autoridades. Por  trás de todos os problemas, encontra-se uma população dos mais carentes e necessitados que buscam uma ajuda da saúde pública. “A responsabilidade é de todos nós. Amanhã podemos ser as vítimas no Mandaqui. Mas as autoridades são atendidas no Einstein ou Sirio Libanês, entre outros”, lembra um dos conselheiros.

O que acontece

O ato simbólico e de protesto, em frente ao hospital, teve a palavra do presidente do Conselho Gestor, Marco Antonio Cabral, que pediu inicialmente um minuto de silêncio para várias vítimas que passaram pelo hospital e que não resistiram à sobrevivência.

Em seguida, Cabral fez uma rápida retrospectiva dos últimos acontecimentos e da “moção de repúdio” (ver íntegra no final desta matéria) — que, está sendo  encaminhado  em mãos por dois conselheiros ao Ministério Público do Estado de São Paulo – nas pessoas dos promotores de Justiça Dora Martin Strilicherk  (da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, Área da Saúde) e Arthur Pinto Filho (da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos – área de Saúde Pública) — e deixou bem claro que a cobrança de providências será mais intensificada até que cheguem as soluções no local.

Ficou também nas entrelinhas que o Conselho Gestor não tem nenhum envolvimento político, mas espera-se que não fiquem em palavras e promessas de vereadores, deputados e senadores, que devem ter ações concretas e visíveis à população, que é uma obrigação dos que foram eleitos e agora encontram-se em ano eleitoral.

Mais observações na crise

Na mesma muretinha de concreto que serviu de palanque, a vez foi concedida ao presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp)Dr. Eder Gatti, que também foi recorrente apontando e resumindo os problemas do Mandaqui. E lembrou que esse hospital  é referência e também responsável pela formação de novos médicos e especialistas.

E para fechar o ato,  o Dr. Sizenando Ernesto de Lima Jr., coordenador do Núcleo Central de Obesidade Mórbida do hospital  lembrou seus 20 anos no Hospital do Mandaqui e o antes e o depois das boas fases e agora crise.

Segundo ele, com informações após sua fala: até o momento ele chegou a 1.535 cirurgias e a meta anual é cerca de 132 ações por ano. Mas no ano passado caiu para apenas 38 intervenções e, no momento, tem registrado somente 26 cirurgias no primeiro semestre.

Ele lembrou a falta de equipamentos e material, referindo-se ao “grampeador” (um aparelho descartável, fundamental e de precisão que é usado para abrir e fechar a cirurgia), que tem um custo aproximado de R$2,8 mil – um kit para cada cirurgia. E lamentou o momento mais grave que atravessa o Hospital do Mandaqui.

“Uma visita surpresa”

Depois dos três pronunciamentos que acabaram reunindo e concentrando os ouvintes em uma roda —  enquanto não parava de entrar ambulâncias do SAMU, Resgate, viaturas da Policia Militar e de emergências particulares,  até um caminhão do Corpo de Bombeiros,  com suas sirenes estridentes –, todos presentes deram as mãos e formaram um meio círculo para fotos do registro do ato de protesto.

Agora é esperar que o governo estadual dê um olhar para o problema, que o Secretário da Saúde venha junto com o governador Márcio França – que quer ser reeleito – para uma visita  “de surpresa”, na hora de maior movimento, descartando a possibilidade de “maquiagem do local”.

E que haja ações concretas e não “palavras soltas nas promessas”, que possa também chegar aos políticos – inclusive aos vereadores, apesar do hospital ser estadual, os problemas e os usuários estão dentro do “município de São Paulo” e merecem respeito.

Reunião do Conselho Gestor

Depois dos abraços, cumprimentos e fotos, os conselheiros e alguns convidados dirigiram-se a uma sala de reuniões do primeiro subsolo do hospital. Neste local, acontecem as reuniões do Conselho Gestor, sempre na última 4ª.feira de cada mês – que, por sinal, coincidiu no dia do ato de protesto.

E aí veio a surpresa: a Dra. Magali Vicente Proença, que é a diretora geral do hospital, mandou avisar que ela e seus representantes não podiam comparecer na reunião porque tinha sido cancelada, por e-mail. Alegou que estavam em providências internas e de reorganização diante dos últimos acontecimentos.  Nenhum dos conselheiros confirmou o recebimento do cancelamento.

Até a Capela do Padre…

Como a reunião já estava previamente agendada e  é  parte do calendário fixo do Conselho Gestor e de conhecimento de todos, o presidente Marco Antonio Cabral observou que havia quórum e abriria a reunião.

Após os agradecimentos pelo ato de protesto e abraço simbólico ao hospital, Cabral colocou as questões na enorme mesa, onde estavam presentes cerca de 25 pessoas, entre conselheiros e convidados.

Foi lida a “Moção de Repúdio” (ver abaixo) que, naquele momento, estava sendo entregue em mãos para o Ministério Público do Estado. Entre os assuntos discutidos  a falta de uma  Comissão de Saúde do Trabalhador – COMSAT – obrigatória por lei estadual, a falta de  equipamentos de proteção individual (EPIs) para os trabalhadores do Complexo. 

O Hospital também não tem um  Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), um conjunto de ações visando à preservação da saúde e da integridade/segurança dos trabalhadores. O saldo da falta de planejamento da área de Recursos Humanos do Hospital: 74 funcionários readaptados incorretamente em outras áreas e 39 trabalhadores de licença médica e sem previsão de retorno.

E teve  a presença do  Padre Alfredo Grazotto, pároco da Capela interna do Hospital do Mandaqui, que até lá entrou na crise atual. O padre relatou que a capela foi invadida e houve ato de vandalismo, com o roubo de uma peça litúrgica das cerimônias. Este e todos os outros casos foram registrados em ata do Conselho Gestor, que fará sua divulgação.

Um pedido especial

Segundo o DiárioZonaNorte apurou junto aos conselheiros, não há nada contra a diretora-geral do Hospital do Mandaqui, Dra. Magali Vicente Proença, que realiza um bom trabalho administrativo, mas o que ficou evidenciado é que ela carece de suporte, definições claras e urgentes da Secretaria de Estado da Saúde/SP.

Na visão destes conselheiros, o que passa ser importante são os esclarecimentos do governo com uma reunião envolvendo o Secretário da SaúdeMarco Antonio Zago, e seus assessores, junto à direção do Hospital do MandaquiConselho GestorSindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (SindSaúde).

Desta forma, pode-se buscar soluções mais concretas para definir uma agenda positiva com datas de encaminhamentos e de trabalho. “O que falta neste miolo é exatamente comunicação e esclarecimentos com todos os envolvidos, com único objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares para o bem da população”, defendeu uma conselheira.

(*) O evento teve o apoio do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo,  da Associação dos Amigos do Mirante do Jardim São Paulo e Região (presença de Alba Medardoni), do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG-Água Fria/Mandaqui (representado por Simone Molnar), Nelsinho Ferreira Filho (Conselho de Supervisão de Saúde/ZN-Vila Maria), do representante do deputado federal Walter Ishohi  e deputada estadual Clélia Gomes . Na reunião do Conselho Gestor houve também a presença dos representantes dos dois, que também receberam cópias da Moção de Repúdio. O DiárioZonaNorte vai acompanhar os encaminhamentos dos dois parlamentares.

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