refeições
- Estudo brasileiro avaliou impacto das refeições noturnas no acúmulo de gordura;
- Ideal é parar de comer três horas antes de ir para a cama e ter bons hábitos alimentares
O hábito de fazer refeições muito tarde aumenta o risco de obesidade e de desenvolver complicações relacionadas à síndrome metabólica, como diabetes, Acidente Vascular Cerebral (AVC), entre outras condições.
Isso é o que aponta um estudo inédito da Universidade Federal de Uberlândia, publicado no Clinical Nutrition, que trata de uma área relativamente nova chamada crononutrição, o estudo da relação entre o horário das refeições e a saúde.
Nosso relógio biológico é ajustado por vários fatores, incluindo a luz e a alimentação. Pesquisas anteriores já haviam constatado que antecipar a última refeição está associado a uma melhor composição da massa corporal, redução da gordura visceral e da porcentagem de gordura corporal.
O novo estudo acrescenta dados epidemiológicos sobre o tema, que ainda são escassos, reforçando os achados clínicos anteriores, como relata a nutricionista Cibele Aparecida Crispim, professora da Universidade Federal de Uberlândia e uma das autoras do estudo.
Avaliações da saúde
Após analisar informações de 7.379 adultos do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), um programa dos Estados Unidos destinado a avaliar a saúde e o estado nutricional dos americanos, os pesquisadores identificaram uma associação entre a realização de refeições tardias e maiores taxas de obesidade abdominal e glicemia de jejum.
Esses valores eram mais elevados entre aqueles que fizeram sua última refeição por volta das 22 horas, por exemplo. Sabe-se que o acúmulo de gordura na região abdominal aumenta o risco de resistência à insulina e síndrome metabólica, que consiste em uma série de alterações envolvendo os níveis de colesterol, insulina e pressão arterial.
O horário das refeições pode influenciar o ganho de peso e o acúmulo de gordura, uma vez que o nosso corpo segue um ritmo circadiano que regula o metabolismo e a digestão.
Nossos hormônios, incluindo os hormônios sexuais, cortisol, de crescimento, insulina e adrenalina, oscilam de acordo com o horário.
Portanto, o padrão de resposta dos órgãos envolvidos no metabolismo, como o fígado, o pâncreas, os músculos e o tecido adiposo, varia ao longo do dia.
Comer tarde da noite pode desregular esse ritmo, afetando a forma como o corpo processa os alimentos e armazena energia. “Somos animais diurnos e o metabolismo dos alimentos é pior à noite”, explica Crispim.
“Há uma redução do gasto energético basal no fim do dia e início da noite, redução da oxidação e da queima de gordura à noite quando há comida presente e, ainda, a glicose pós-prandial [depois da refeição] e resistência à insulina são maiores à noite”, diz o endocrinologista Clayton Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein.
“Além disso, comer tarde pode levar a um consumo excessivo de calorias, já que muitas vezes nesse horário come-se por ansiedade, compulsão noturna, cansaço, distúrbios do sono, tédio, depressão, por exemplo”, explica o endocrinologista.
Quando comer a última refeição do dia?
Segundo Crispim, não há um momento ideal estabelecido para fazer a última refeição, já que o horário da comida é influenciado por diversos fatores, incluindo aspectos culturais, estações do ano, incidência de luz solar e até mesmo o cronotipo da pessoa, ou seja, o horário em que cada um funciona melhor.
“É importante respeitar os sinais do corpo, aumentar a quantidade ingerida no café da manhã, que é sabidamente uma refeição protetora da saúde, e reduzir no jantar, que deve ser apenas um complemento, parando de comer cerca de três horas antes de se deitar”, orienta a especialista.
Além disso, Macedo diz que é importante procurar manter um horário regular de refeições, prestar atenção à qualidade dos alimentos consumidos e à distribuição de nutrientes ao longo do dia. “Deve-se evitar pular refeições pois isso leva a um consumo excessivo de calorias em outras, fazer as refeições mais pesadas durante o dia e evitar grandes quantidades de comida antes de dormir”, completa o médico. << Com apoio de informações/fonte: Agência Einstein / Gabriela Cupani >>