por Aguinaldo Gabarrão (*)
Sequência de Gladiador (2000), grande sucesso naquela época e vencedor de cinco Oscars, esta continuação não exige que o público precise assistir ao primeiro filme para entender a história atual, embora sejam mencionados acontecimentos da obra anterior.
Agora, a bola da vez é Lucius, cuja ligação com Máximus é bem maior do que se supunha no filme anterior. Filho da princesa Lucila e neto do imperador Marco Aurélio, ele se vê obrigado a viver em outro país e com outro nome (Hanno).
Porém, 16 anos depois, seu novo lar é invadido pelos romanos. Capturado e transformado em escravo por Macrinus (Denzel Washington), o jovem gladiador quer vingar-se pela destruição do seu lar.
Do elenco de Gladiador I, ficaram apenas os atores Derek Jacobi (senador Gracchus) e Connie Nielsen (Lucilla).
Produção grandiosa
O diretor Ridley Scott é conhecido por suas produções requintadas de época e Gladiador II, mantém o mesmo padrão de excelência. As reconstituições de figurinos podem até ser questionadas quanto à verossimilhança, mas isso é um detalhe diante do oferecimento de um impressionante espetáculo visual ao público.
As cenas de batalhas aquáticas no Coliseu – historicamente comprovadas –, em que o palco é inundado por milhares de litros d’água, com o objetivo de reproduzir grandes feitos do passado romano, são um dos pontos altos da fotografia e dos efeitos especiais.
Novelão
Mas um filme que é lembrado pelo conjunto de sua beleza estética não é, necessariamente, bom. E o problema de Gladiador II é o roteiro. A história não tem a força do protagonista original. Embora Hanno/Lucius, tenha motivos para buscar sua vingança, a personagem fica ao sabor das circunstâncias, sem que tente, de fato, controlar o que é possível nas circunstâncias em que está envolvido.
A história é um novelão mal resolvido, com pontas soltas e excesso de sentimentalismo, apesar da tentativa de o roteirista David Scarpa trazer unidade coerente ao enredo. E quando o roteiro não ajuda, não tem edição, diretor, nem ator que faça milagre. Porém, se o público quer apenas diversão, Gladiador 2 atenderá plenamente a esse quesito.
Força e honra
O casting é encabeçado pelo ator irlandês Paul Mescal (Lucius), um bom ator, mas que passa longe de Russell Crowe, de interpretação densa e empática, que justificou com maior propriedade a sua trajetória de “força e honra” de Máximus, no primeiro longa.
Por sua vez, o chileno Pedro Pascal consegue se projetar melhor na composição do general Acacius, trazendo uma dimensão trágica à sua personagem, e o veterano Denzel Washington (Macrinus), literalmente se diverte e emplaca um ótimo vilão, ardiloso, síntese do que há de mais sórdido no jogo político de um decadente império.
Por ser uma sequência, não é possível deixar de fazer comparações, tampouco apontar as diferenças gritantes que fizeram do primeiro filme um espetáculo que chegou ao coração do grande público e despertou provocações filosóficas. Ao contrário do marcante legado de seu antecessor, Gladiador II dificilmente será lembrado no futuro além de “sombras e pó”.
Trailer do filme – clique na imagem:
Serviço:
GLADIADOR II – Título Original: GLADIATOR II
- Gênero: Ação/Aventura
- País: EUA, Reino Unido
- Classificação: 16 anos
- Duração: 2 horas e 28 minutos
- Ano: 2024
Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Scarpa / Elenco: Paul Mescal, Denzel Washington, Pedro Pascal, Connie Nielsen, Derek Jacobi, Joseph Quinn, Fred Hechinger, / Direção de Fotografia: John Matthieson / Figurinos: Janty Yates / Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams / Montagem: Sam Restivo / Produção: Ridley Scott, Lucy Fisher / Distribuição: Paramount Pictures
Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo e de projetos. Um eterno colaborador do DiárioZona Norte.
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