Barbie
por Aguinaldo Gabarrão (*)
O filme Barbie lidera as bilheterias nos cinemas brasileiros desde sua estreia, há três semanas atrás. O que explica esse sucesso? Difícil cravar os fatores determinantes, mas ele atende a demanda de um público – que não são de criancinhas –, ávido, talvez, por uma abordagem mais descontraída que dê suporte a temas que estão há um bom tempo na pauta das discussões: diversidade e empoderamento feminino.
E é justamente no mundo cor de rosa da Barbieland, atolado de estereótipos contrários a movimentos de afirmação femininos, que o roteiro criativo trata desses assuntos com bom humor.
A diretora Greta Gerwig respeitou a lógica interna das personagens que vivem naquela dimensão de fantasias. Assim, qualquer ação praticada pelas personagens, desde tomar banho até namorar, está de acordo com o brincar da criança com a sua boneca.
E boas sacadas, desde a paródia ao filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, para reforçar a veneração quase hipnótica das meninas à Barbie, assim como as similaridades e discrepâncias entre o mundo da fantasia e aquele entendido como o real, trazem embates de ideias mais interessantes do que os tons coloridos que invadem propositadamente a tela.
O defeito é ser normal
No mundo das Barbies, todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e curtem intermináveis festas. Porém, uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a questionar sobre o sentido de sua existência. Forçada a viver no mundo real e acompanhada do seu fiel e amado Ken (Ryan Gosling), ela tem dificuldades para se ajustar, e precisará enfrentar vários momentos difíceis na sua jornada de descobertas.
O roteiro de Gerwig e Noah Baumbach utiliza alguns elementos da fábula, o que torna a história leve, simples, com personagens sem grandes complexidades. E o formato funciona durante todo o filme.
E quando ela chega ao mundo real e entra em contato com os executivos da Mattel – empresa dona da marca Barbie –, outro embate curioso é criado: o chefão e seus executivos são tão ou mais padronizados do que o próprio mundo da Barbieland, vendido pela empresa de brinquedos.
Em “Barbie” os conflitos são tratados com humor e sátira, mas nas entrelinhas, a brincadeira fica mais séria, quando se percebe que padrões impositivos de estética e vida idealizada, tão ao gosto de parte da sociedade, são, na verdade, os maiores defeitos.
Trailer – Clique na imagem abaixo para assistir:
Serviço
Gênero: Fantasia – Comédia / País: EUA e Canadá / Classificação: 12 anos / Duração: 1 hora e 54 minutos / Ano de Produção: 2022
Direção: Greta Gerwig / Roteiro: Greta Gerwig e Noah Baumbach / Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, Emma Mackey, Simu Liu, Dua Lipa, America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Rhea Perlman e Will Ferrell / Figurinos: Jacqueline Durran / Direção de Fotografia: Rodrigo Prieto / Trilha Sonora: Alexandre Desplat, Mark Roson, Andrew Wyatt / Produção: Margot Robbie, Tom Ackerley, David Heyman, Robbie Brenner / Produção Executiva: Julia Pistor, Josey McNamara, Ynon Kreiz Produtora: Mattel, LuckyChap Entertainment, Heyday Films, Mattel Films, NB/GG Pictures / Distribuidora: Warner Bros.
Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.