Home Cultura Em seu novo filme, Scorsese esbanja sensibilidade ao tratar de tragédia indígena

Em seu novo filme, Scorsese esbanja sensibilidade ao tratar de tragédia indígena

Tempo de Leitura: 3 minutos

 

por Aguinaldo Gabarrão (*)

O diretor Martin Scorsese completou 81 anos no dia 17 de novembro. E ele tem motivos de sobra para comemorar, não só por seu aniversário.

Dono de uma filmografia robusta, da qual podemos facilmente destacar – cometendo algumas injustiças –, títulos como Taxi Driver (1976), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, passando pelo polêmico A Última Tentação de Cristo (1988), e Ilha do Medo (2010).

 

Em comum, esses três filmes falam de personalidades deslocadas no meio social ou em luta com seus fantasmas pessoais. Agora Scorsese se lança em outro desafio: olhar para a segunda década do século XX e trazer o passado indigesto de um segmento da sociedade americana e, recontar a terrível e verdadeira história dos assassinatos praticados contra membros da tribo Osage, quando se descobre petróleo nas terras da reserva indígena.

O foco central da história aborda as consequências da exploração do petróleo na vida daquela comunidade, que aparentemente parece ascender na escala social, por conta do dinheiro fácil, mas que está tutelada e, mais do que nunca é explorada pelo branco.

Personagens dissimuladas

Outro aspecto importante do filme é mostrar a descaracterização paulatina e crescente da cultura indígena Osage, contaminada com as maravilhas oferecidas pelo que se convencionou chamar de civilização. A resistência a essa aculturação vem, justamente, dos mais velhos, o elo que tenta preservar o que há de mais belo na cultura do povo Osage.

Hábil, Scorsese escalou um elenco de primeira, encabeçado por seus dois grandes amigos: Robert de Niro e Leonardo DiCaprio, ambos com interpretações calcadas menos nas palavras e muito mais pela camada de subtexto, que explicita o ambiente perverso daquela cidadezinha de personalidades dissimuladas.

A música que acompanha boa parte do filme, composta para instrumentos de cordas que lembram a cultura sonora da região, ressaltam o permanente clima dessa tensão mal disfarçada de parte das personagens e que, desemboca em violência física ou psicológica.

E, ao final, Scorsese, ainda reserva para o público uma maneira nada usual, mas perfeitamente bem resolvida, para arrematar a ótima história. Assassinos da Lua das Flores é um filme imperdível.


Clique na imagem e assista o trailer:


Serviço          

  • Gênero: Drama, policial
  • País: EUA
  • Classificação: 14 anos
  • Duração:  3 horas e 26 minutos
  • Ano: 2023

Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Eric Roth, Martin Scorsese / Elenco: Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone, Robert De Niro, Jesse Plemons, Brendan Fraser, John Lithgow, Tatanka Means  / Direção de Fotografia: Rodrigo Prieto / Direção de Arte: Jordan Crockett, Spencer Davison, Michael Diner / Produção Executiva: Adam Somner, Leonardo DiCaprio, John Atwood / Produção: Dan Friedkin, Daniel Lupi, Martin Scorsese, Bradley Thomas / Trilha Sonora: Robbie Robertson / Montagem: Thelma Schoonmaker / Distribuidora: Paramount Pictures


Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do Diário Zona Norte.


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