da Redação DiárioZonaNorte
A francesa Duralex, conhecida por produzir e vender há 75 anos os mais variados tipos de louças no Brasil e mundo, entrou com pedido de administração judicial, no Tribunal Comercial de Orleães, na França, na última 5ª. feira (24/09/2020).
A sede da empresa fica na cidade de La Chapelle-Saint-Mesmin, no estado francês de Loiret. A empresa sofre com baixo fluxo de caixa desde que precisou reduzir a produção industrial em 2017, quando houve a substituição de um alto-forno.
A situação causou diversos problemas na linha de manufatura e na gestão da companhia.
No Brasil, a marca é lembrada pelos pratos, copos e vasilhas nas cores âmbar e azul que “teoricamente” eram inquebráveis.
Pandemia e Exportações
De acordo com o jornal francês “Le Monde”, a crise causada pela pandemia do coronavírus também pesou na decisão. “Perdemos cerca de 60% do nosso faturamento com a cessação das exportações, que representam 80% do nosso negócio”, afirmou o CEO Antoine Ioannidès.
“As dívidas da empresa no dia da abertura do processo estão congeladas. (…) Após o inventário de todos os recebíveis pelos representantes legais, a empresa poderá propor um plano de recuperação”, informou a administração em carta aos 248 funcionários, que continuaram trabalhando e recebendo seus salários.
“Com a ajuda (…) do Tribunal de Comércio de Orléans, continuaremos as negociações com os diversos compradores”, espera o presidente da Duralex.
Sem consequências no Brasil
A recuperação judicial da francesa Duralex não terá consequências no Brasil, visto que desde 2011, a marca pertence à Nadir Figueiredo, quando a fabricante brasileira comprou a Santa Marina e incorporou ao seu portfólio além da própria Duralex, a Marinex.
“A marca Duralex na América do Sul pertence à Nadir Figueiredo, empresa brasileira consolidada há mais de 108 anos no mercado”, informou a empresa em em nota. “Os produtos da marca Duralex como os pratos, xícaras e a linda linha de mesa Duralex Opaline continuarão trazendo beleza à mesa dos consumidores.”
Nadir Figueiredo muda de mãos
A Nadir Figueiredo Indústria e Comércio SA, maior produtor de louças de vidro no Brasil e no 6 º maior do mundo, foi comprada por uma gestora de fundos americana, a HIG Capital.
Fundada em 1912 na de São Paulo, a Nadir Figueiredo é dona um grande portfólio de produtos, incluindo copos, taças de vinho, produtos de cozinha e louças, além do icônico “Copo Americano”, encontrado em praticamente todos os bares do Brasil
Fábrica , vila operária e nome de rua
Em 1946, a empresa fundou sua primeira planta no então distante bairro da Vila Maria. Junto com a fábrica, foram construídas 300 casas para os operários, além de uma associação atlética, um posto médico bem equipado para a época e uma escola para os filhos dos operários.
A fábrica chegou a ter em seu interior uma unidade do Senai para a formação de profissionais vidreiros.
Duas das principais vias da Zona Norte levam o nome dos fundadores do negócio: Av Nadir Dias de Figueiredo e Av Morvam Dias de Figueiredo.
O negócio foi concretizado em julho de 2020 pela cifra de R$ 836,2 milhões e inclui toda a operação industrial e ativos imobiliários, entre eles a antiga fábrica na Vila Maria, com 118 mil m2 – área equivalente a 16 campos de futebol.