da Redação DiárioZonaNorte
Como diz o velho ditado: “Só se coloca a tranca depois da porta arrombada”. Foi mais ou menos o que aconteceu neste final de semana na Av. Luiz Dumont Villares (a velha “Avenida Nova”), depois da invasão de mais de 2 mil jovens para a formação de baile funk, com a desculpa de Carnaval.
Desembarcando nos pontos de ônibus ou saindo das estações do metrô, os jovens vindos de outras regiões, foram se aglomerando próximo da Praça Renato de Araújo Salgado, onde consumiram bebida de procedência duvidosa, mas “barata”, com alguns outros elementos.
No meio disto, houve brigas e a formação de “dancinhas” junto às garotas. Depois, ficaram os cacos de garrafas, copos plásticos e muita sujeira para o dia seguinte. Até o odor de xixi nas paredes e nos cantos dos prédios e residências.
Já aconteceu em anos anteriores
As razões de tudo isto, ficaram evidentes por causa de não ter havido uma convocação prévia da Policia Militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) por parte das autoridades competentes, já que o local de encontro estava previsto desde o começo de janeiro.
Os prefeitos regionais de Santana/Tucuruvi/Mandaqui e de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros tinham conhecimento através de avisos dos moradores – é um assunto que aconteceu nos dois últimos anos, na mesma época, com muita confusão –; e junto foram também alertados os presidentes dos Conselhos Comunitários de Segurança – CONSEGs do Tucuruvi/Parada Inglesa e o da Vila Guilherme – os dois distritos que fazem fronteiras na Av. Luiz Dumont Villares.
O DiárioZonaNorte recebeu as íntegras das mensagens de moradores relatando as situações e pedindo ajuda – ver os detalhes na reportagem no link: https://bit.ly/2nZTSKd .
Os moradores com medo
Foram situações dramáticas vividas pelos moradores nos prédios e casas no entorno da confusão. A redação do DiárioZonaNorte recebeu muitos apelos destes moradores (leitores), destacando-se: “À tarde, junto com minha mulher, e meu filho de 1 ano, fomos ao Carnaval do Sesc. Antes passamos na feirinha para ele brincar. Não deu para ficar. Muita gente bebendo, dançando, ouvindo funk, os comerciantes visivelmente preocupados. Tivemos que entrar na aglomeração para sair dali.
Encontramos no Sesc minha irmã com meu sobrinho e minha prima com o filho. Elas queriam ir à “feirinha”. Nós as desencorajamos. Os barzinhos ali do lado da farmácia, que geralmente lotam, estavam com pouca gente. À noite, estava bem pior. Muita bebida (que com certeza não foi comprada nem na feirinha e nem nos comércios), jovens muito alterados e algumas pessoas que buscavam frequentar a feirinha assustadas andando em meio à multidão. Vi inclusive bebês.
Ali já se prenunciava uma grande confusão. E acredito que, de fato, tenha havido várias brigas ali. Eu mesmo presenciei um rapaz bebendo e fumando maconha que dizia que estava ali para dar um soco na cara de outro… Enfim, lamentável”.
Um pedido atrasado
Nada disto deveria ter acontecido. Depois da situação que consumiu os dois dias (sábado e domingo) chegando até a madrugada, a prefeita regional Dra. Rosmary Correa – que não respondeu aos pedidos de esclarecimentos enviados pelo DiárioZonaNorte — determinou que uma equipe de fiscalização fosse deslocada para a Praça Renato de Araújo Salgado para coibir a venda de bebidas alcoólicas sem procedência e “baratas” (uísque, vodka, aguardente e outras misturas) e solicitou as presenças da GCM e da Policia Militar. No meio da tarde desta 2ª feira (12/02/2017), a prefeita regional compareceu ao local e conversou com os comerciantes da “feirinha”, sobre o ocorrido nos dois dias.
De imediato, por volta das 15 horas, as viaturas policiais foram estacionadas em cima da parte de terra da praça – cinco da Policia Militar e duas da GCM – e mais tarde até dois carros da CET.
O presidente do CONSEG Vila Gustavo, Antonio Henrique Fernandes, deu declarações contidas na citada matéria do DiárioZonaNorte, mas não houve retorno do prefeito regional de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros, Dário José Barreto, e nem do presidente do CONSEG Vila Guilherme, José Maria da Rocha – que também receberam as preocupações dos moradores sobre o que poderia acontecer no local.
O jogo da paciência
Com a convocação, os policiais ficaram postados junto às viaturas, o que afugentou os jovens que ficaram “meio perdidos” com a situação. Através da mídia social, apareceram mensagens informando que o local ficou “moiado” – na gíria deles, “não deu certo” porque havia policiamento preventivo.
Como baratas tontas, andavam de um lado para o outro, em grupos de 4 a 6 pessoas, em lugares próximos, como no prédio da Caixa Econômica Federal, em frente ao Burger King no posto Shell (do outro lado da avenida) e na ruas nos arredores.
Enquanto isto, eles trocavam mensagens nos celulares para avisar sobre os policiais e buscando outro local para o encontro – cogitaram até ir a um bloco clandestino “Carna em Santana” que sairia na Rua Alfredo Pujol – não temos conhecimento do que ocorreu neste local. E assim ficou o cenário: de um lado, os policiais de prontidão para que os jovens fossem embora; e o jovens, de outro, apostando na saída dos policiais, que cogitavam a troca de turno.
As alternativas no local
Enquanto aconteciam essas cenas na praça e nos arredores, os moradores estavam monitorando as páginas do Facebook com os recados dos jovens. E a tensão crescia com medo dos policiais arredarem pé do local e a aglomeração dos jovens partir para a bagunça.
Mas os jovens, apostando na saída da Polícia, deslocaram-se para as Ruas Estefânia Louro e Lucas de Freitas Azevedo, em frente à Telefonica, ao lado do “Shoppinho”, onde tem a casa noturna Delluri – na noite anterior aproveitando a situação e o grande movimento contribuiu para a aglomeração, pois não cobrou ingresso para convidar os jovens no local – o mesmo convite também foi feito para a noite desta 2ª feira, de acordo com um post publicado pela pagina do estabelecimento em uma rede social.
Os vendedores de bebida (que há muito tempo fazem ponto no mesmo local às 6ª.feira, sábados e domingos – e aparentemente não são incomodados por fiscais) rodavam de carros e estacionavam à distância para esperar a saída dos policiais – o que não aconteceu – e que uma moradora flagrou um carro estacionado na Rua Paulo Avelar, com uma geladeira no teto e certamente as bebidas estocadas no porta-mala.
Mais pedidos dos moradores
Alguns moradores chamaram a atenção que, mesmo com a segurança preventiva, os policiais não tomaram conhecimento de carros com o som extremamente em volume alto. Há uma lei que proíbe esse tipo de atitude. Segundo moradores, várias vezes as viaturas da PM passando ao lado dos carros e nenhum foi chamado atenção e nem houve autuação.
Os moradores também lembram que os problemas de venda de bebidas (até para menores) nas calçadas, de alguns excessos nas praças, sujeira e consumo de drogas não acontecem somente no Carnaval, com as estrepolias musicais, mas todo final de semana pede uma fiscalização da prefeitura regional e dos órgãos de segurança. Não adianta ficar nas promessas das reuniões dos CONSEGs , o que deve acontecer são as ações em prática.
O que era volta ao normal
Já por volta das 22 horas desta 2ª feira (12/02), a Avenida Luiz Dumont Villares respirava aliviada em seu movimento de carros e dos barzinhos da noite. A feira gastronômica tem seu funcionamento com um público normal, sem agitação.
Uma das viaturas da Policia Militar ainda permanecia no local por algum tempo a mais, até ter absoluta certeza da normalidade. As pessoas se movimentam pelas calçadas e algumas pessoas ainda fazem “corridinhas” no canteiro central.
O lado tranquilo
Na porta de seu prédio, na Rua Estefânia Louro, um morador encosta no portão e comenta: “ Graças a Deus. Agora, posso sair e dar uma volta tranquila na avenida… Perto de ontem melhorou muito…
A questão das viaturas inibe a ação dos bagunceiros”. Agora é esperar se haverá a mesma segurança preventiva, a partir das 15 horas, nesta 3ª feira (13/02/2018), já que há promessa de nova tentativa de concentração.
E acompanhar também o próximo final de semana (sábado e domingo, 17 e 18/02), que deve ter o encerramento das manifestações. O exemplo deste ano pode ser útil para o ano que vem, que certamente haverá as mesmas ações. Tudo que é feito com planejamento acaba surtindo eficiência e prestígio junto à comunidade.