da Redação DiárioZonaNorte
Há 34 anos o prédio da Duchen, localizado na Rodovia Presidente Dutra – sentido Rio de Janeiro – no bairro Parque Novo Mundo, era demolido. Chegava ao fim o único prédio industrial projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Inclusive, no local onde o prédio foi construído deveria constar uma das placas da Memória Paulistana – que reconhece monumentos que fazem ou fizeram parte da história de São Paulo. Leia a matéria aqui.
Da Mooca para o Parque Novo Mundo
A Duchen iniciou suas atividades em 1903 na Rua Borges de Figueiredo, no bairro da Mooca, como Casa Pierre Duchen e fabricando delicados biscoitos amanteigados.
Em 1949 a empresa muda de mãos e passa a pertencer as Indústrias Alimentícias Carlos de Britto S/A – fabricante dos produtos da Marca Peixe.
Para expandir a produção industrial e por uma questão de logística, a empresa adquire uma área na beirada da recém inaugurada Rodovia Presidente Dutra, que nos anos 50 ainda tinha apenas duas pistas (uma para ir e outra para voltar do Rio de Janeiro).
O terreno repleto de árvores de gabiroba (fruta da mesma família das goiabas) e um extenso capinzal, nos arredores do Rio Cabuçú de Cima, ficava na Rua Soldado Hamílton Silva Costa nº 58, no Parque Novo Mundo – Zona Norte da cidade de São Paulo.
O Projeto
Para o projeto, a empresa contratou o arquiteto carioca Oscar Niemeyer – em parceria com o também arquiteto Hélio Lage Uchôa Cavalcanti. A construção teve início em 1950, com conclusão no ano seguinte.
A vista aérea da fábrica revelava um conjunto de edificações com o telhado em formato de uma espinha de peixe, com suaves formas arredondadas e a leveza característica do traço de Niemeyer.
Os prédios eram separados de acordo com suas funções (administrativo, produção, expedição, refeitório, ambulatório, etc).
O projeto foi considerado tão inovador na época que foi ganhador do primeiro prêmio na 1a. Bienal de São Paulo – Categoria Construção Industrial.
Nova mudança de mãos
Na década de 70, as Indústrias Carlos Britto (incluindo a Duchen) foram vendidas para o Grupo Fenícia – dono das lojas Arapuã e das marcas Etti, Simeira, Lotus, Banco Fenícia, Neugebauer, GG Presentes e Prosdócimo.
Na década de 1980, a Duchen encerrou definitivamente suas atividades e a marca passa a pertencer a General Biscuits do Brasil que, em 1993 a vende para a italiana Parmalat.
Abandono do prédio e tombamento
O prédio ficou muito tempo fechado e estava em processo de tombamento pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo por ser considerado um marco na história da arquitetura industrial do país.
A Transportadora Atlas comprou o prédio e apesar do processo não homologado de tombamento, deu iniciou sua demolição em 1990, gerando litígio entre a empresa e o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB.
O arquiteto Oscar Niemeyer foi consultado pelo colegiado do Condephaat e ao contrário do esperado, não se opôs a demolição. Desta forma, seguindo o princípio de autoridade do artista, o Condephaat negou o tombamento do prédio e encerrou o processo.
Crédito das fotos: Divulgação Duchen e Instituto Moreira Salles