fim do mundo
por Rafic Ayoub (*)
<< Crônica – 7 >> === Mais do que apenas derrotar Donald Trump, considerado a maior ameaça à paz mundial e, consequentemente, ao fim da civilização humana sobre a Terra, a eleição do democrata Joe Biden à presidência dos Estados Unidos da América em novembro de 2020 teve como significado e importância maior, interromper o avanço silencioso e exterminador dos ponteiros do chamado Relógio do Juízo Final, impedindo que se aproximassem da fatídica meia-noite que indica o fim do mundo.
Concebido em 1947 por um conjunto de cientistas do Projeto Manhattan, que trabalharam na criação da bomba nuclear que destruiu Hiroshima e Nagazaki, no Japão, durante a II Grande Guerra Mundial, e reunidos numa espécie de clube fechado denominado Boletim dos Cientistas Atômicos e que percebendo arrependidos a gravidade do erro cometido, criaram o Relógio do Juízo Final, uma espécie de alarme da consciência universal, que simboliza e sinaliza o risco de destruição total da humanidade.
Como fatores permanentes de risco, a partir de 2007 esse relógio incluiu, além da guerra nuclear, também a crise climática e as evoluções tecnológicas disruptivas, ou seja, que tem a capacidade de romper ou alterar a continuidade de um determinado processo em andamento como, por exemplo, o alto desenvolvimento dos mísseis balísticos intercontinentais e a incorporação estratégica de satélites para fins militares pelas grandes potências.
Segundo seus criadores, os eventos negativos podem contribuir para movimentar os ponteiros do relógio para mais perto da meia-noite, aumentando assim, cada vez mais, os riscos de destruição total da vida no planeta.
Os acordos mundiais
Felizmente, segundo eles, vem ocorrendo movimentos positivos que atuam no sentido contrário, impedindo o avanço dos ponteiros rumo à catástrofe final como, por exemplo, o retorno dos EUA, por decisão de Biden, ao chamado Acordo de Paris, que tem objetivo combater a crise climática, além da renovação no último mês de fevereiro, do Novo Start, um tratado de limitação de armas nucleares com a Rússia, que estava prestes a caducar em razão das dificuldades de avanço das conversações criadas até então pelo ex-presidente Donald Trump.
Curiosamente, os 20 cientistas que integram o Boletim Atômico não consideram a pandemia do Covid-19 como uma ameaça existencial à humanidade, mas apenas como um alerta mundial, com consequências graves e duradouras, porém sem colocar em risco a civilização.
Porém, esse grupo de cientistas considerou mais grave e ameaçador a crescente onda de desinformação que acompanhou e ainda tem acompanhado a escalada da epidemia, principalmente pela ação de algumas lideranças globais negacionistas, como ex-presidente norte-americano Donald Trump e os presidentes Jair Bolsonaro, do Brasil, Viktor Orbán, da Hungria, e Lopez Obrador, do México.
Uma guerra nuclear
Porém, o mais recente relatório do Boletim dos Cientistas Atômicos informa que o perigo de o mundo ser surpreendido por uma devastadora guerra nuclear, uma ameaça sempre presente desde as trágicas experiências de Hiroshima e Nagazaki, em 1945, aumentou muito agora em 2022 graças, principalmente, à cada vez mais devastadora guerra provocada pela invasão russa na vizinha Ucrânia.
Além desse cenário cada vez mais ameaçador à paz mundial, esses cientistas apontam ainda como altamente preocupantes, os avanços russos, americanos e chineses nas tecnologias de mísseis hipersônicos; aumento das frotas de submarinos nucleares posicionados nos quatro cantos do mundo; o rompimento do acordo nuclear Irã-EUA; o recrudescimento do conflito árabe-israelense no Oriente Médio; a permanente tensão entre a Índia e o Paquistão; a crescente ameaça nuclear da Coréia do Norte; e a reedição de uma nova Guerra Fria entre a China e os EUA.
E, por último, a crescente ameaça provocada no campo climático, com a demora das nações desenvolvidas em adotar medidas para a redução das emissões de carbono na atmosfera e o incentivo e continuidade da exploração dos combustíveis fósseis em detrimento das fontes alternativas de energia, agravadas pela saída norte-americana do chamado Acordo de Paris, por determinação do reacionário e beligerante ex-presidente norte-americano Donald Trump, bem como, a sistemática recusa do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de adotar sérias medidas contra o crescente desmatamento da Amazônia, considerada o “pulmão verde” do mundo e responsável pelo equilíbrio climático do mundo.
Diante dessa realidade tão trágica e ameaçadora, agora agravada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, cada milionésimo de segundo de avanço dos ponteiros do Relógio do Juízo Final, nos remete, inevitavelmente, ao último livro da Bíblia, o do Apocalipse ( 16 14:16) que, por duas vezes, cita a ocorrência uma catástrofe mundial decretada por Deus contra a iniquidade do homem contra o homem e que vem sendo cada vez mais associada a uma guerra nuclear global e capaz de por fim a essa nossa tão maluca aventura humana na Terra!
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(*) Rafic Ayoub, jornalista pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade pela FESPSP – Faculdade Escola de Sociologia Política de São Paulo, é também poeta, dramaturgo e autor do recém-lançado livro “ Miserere Nobis – Crônicas do Cotidiano”. Atualmente é consultor especializado em Comunicação Corporativa Integrada.
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