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por Dra. Joanna D´Arc Figueira (*) – < Cidadania >
“Cidadãos da cidade de São Paulo vivem sob o terror das trevas graças as irresponsabilidades da administração pública”
Além de todas as agruras que vivemos na última década, desde a implantação desenfreada de serviços na rede socioassistencial para a população denominada “de rua”, que inclui toxicômanos, egressos do sistema prisional, delinquentes ativos, mendigos etc., novos atos inesperados foram colocados em pratica na cidade de São Paulo.
No último sábado (08/07/2023), por volta das 21 horas, e para variar “na calada da noite”, os representantes da administração pública (municipal e estadual) resolveram “sacudir” um dos pontos de fluxo da Cracolândia que imperava, há muito, no circuito das ruas do Triunfo, dos Gusmões e dos Protestantes, a menos de 300 metros da sede do Comando Geral Guarda Civil Metropolitana (GCM).
E, para surpresa e apavoramento dos moradores do bairro do Bom Retiro, sob forte esquema de escolta, uma parte dessas criaturas atravessaram os trilhos do trem, da estação luz, sentido rua Prates, despertando os moradores e comerciantes sob um clima de terror.
Essas eram algumas das perguntas sem respostas que os moradores e comerciantes trocavam entre si, imaginando que o pior ainda estava por vir.
No dia seguinte, a mídia impressa anunciava “Operação retira usuários da Cracolândia e leva para debaixo de ponte na Marginal Tietê. Segundo policiais, dependentes ficarão em área sob a Ponte Governador Orestes Quércia— conhecida como “Estaiadinha” –, no Bom Retiro”.
Diante desse episódio catastrófico do dia 08/07, passamos o domingo (09/07), em alerta, com a sensação que o inferno estava em franca expansão territorial entre os vivos…
Curioso que quando éramos crianças, ouvíamos esses “ditados”: se você não for uma boa pessoa, quando morrer, irá para o inferno…”
Crescemos e entendemos tais colocações alegóricas, mas com forte apelo emocional e, por essência, graças a Deus nos formamos pessoas de bem. O que não é mais do que a obrigação de todo ser humano, mas a regra, infelizmente, não é mais bem vista.
Visto que, os direitos das pessoas humanas são diuturnamente vilipendiados, desrespeitados, em detrimento dos direitos dessas criaturas, àquelas que todos os profissionais técnicos especialistas, renomados ou não, diagnosticaram como doentes. E doentes precisam de tratamento adequado!
Mas, o que presenciamos são sempre os mesmos discursos protecionistas e assistencialistas que não ajudam ninguém, sequer essa população. Somente potencializam o problema desse caos social, destruindo toda a região, toda a cidade.
Até quando aguentaremos?
A movimentação do “fluxo” se deu até o Complexo Prates, um espaço de serviços da rede que, assim como a maioria destinada a essa população que ocupa, clandestinamente, as ruas da cidade, é ineficaz. Vide o estado do entorno.
Não contentes, empurrá-los até a área embaixo da Ponte “Estaiadinha”, aquela que em novembro de 2013, até então ocupada por uma favela, extensão da famosa “do gato”, onde há público e notório conhecimento do domínio do tráfico na região, após reintegração de posse pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) e mais um incêndio criminoso que abalou sua estrutura, bloqueando-a por tempo indeterminado, devido as obras de recuperação, comprometeu nocivamente, “para variar”, a vida dos cidadãos de bem da cidade.
Vale destacar que na 6ª feira (07/07/2023), por volta das 10 horas, a PMSP com apoio da GCM, Policia Militar e Detran, removeu os pertences, barracas e utensílios, lotando caminhões da Subprefeitura da Sé, dos até então ocupantes, pois o local já estava sendo tomado há muito por uma boa quantidade dessa população.
Em suma, nesta dia, a PMSP remove os posseiros debaixo da ponte “Estaiadinha”, resultado: dinheiro público, finalmente, bem utilizado.
Mas no sábado, a PMSP e o Governo do Estado, se unem, na calada da noite, numa força tarefa insana e irresponsável, mobilizando agentes públicos, Policiais Militares e Guardas Civis Municipais, para deslocar o fluxo de usuários das ruas do bairro da Luz, para as ruas do bairro do Bom Retiro, para ocupar a mesma área que foi desocupada 6ª feira…
Resultado: muito dinheiro público desperdiçado, e mais, a população apavorada, segue sitiada.
NÃO AGUENTAMOS MAIS!!!!
(*) Dra. Joana D´Arc Figueira — Advogada, publicitária, ativista social-política e ambiental, membro da Comissão do 3º Setor OAB/Pinheiros, líder do Dia Mundial da Limpeza, membro do Conselho Gestor Hospital do Mandaqui, e lutadora aguerrida pelo desenvolvimento da cidade de SP, especificamente em defesa da região da Armênia/Ponte Pequena, Bom Retiro, Canindé, Luz e Zona Norte.
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