- Alguns países do hemisfério norte, como a Espanha, consideram reimplantar a medida com chegada do inverno por lá
Desde o início de 2020, o Brasil já passou por diferentes fases de combate à COVID-19, e uma nova onda de contaminação traz de volta a questão: deveríamos adotar novamente o uso de máscaras? As mais recentes variantes, como a EG.5 e a BA.2.86, apelidadas de “Eris” e “Pirola”, apresentam características que elevam sua transmissibilidade, o que preocupa os profissionais de saúde e reacende a discussão sobre as medidas de proteção individual e coletiva.
Para responder à essa dúvida, é necessário observar como a adoção de máscaras, anteriormente, contribuiu para o controle da pandemia, e o quanto essa prática pode ser útil no atual contexto.
Nos primeiros anos da COVID-19, o uso de máscaras e o distanciamento social ajudaram a reduzir os índices de contágio, especialmente em locais de grande circulação, como o transporte público e estabelecimentos fechados.
No entanto, com a vacinação em massa e a evolução do cenário epidemiológico, o uso de máscaras foi relaxado em diversas partes do país. Hoje, diante de variantes mais contagiosas, o Brasil encontra-se em um dilema: seguir em frente sem restrições ou retomar a precaução?
O infectologista José Martins explica que, embora o Brasil tenha avançado com a vacinação, as novas variantes podem escapar parcialmente da proteção imunológica, o que justifica uma abordagem prudente.
“Vemos uma redução na imunidade adquirida, especialmente entre grupos de risco. O uso de máscaras pode ser um recurso essencial para proteger quem tem uma resposta imunológica mais frágil”, destaca o infectologista.
O assunto preocupa
Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, recomendações sobre a utilização de máscaras em locais de grande aglomeração já voltaram a ser pautadas, especialmente em momentos de aumento de internações.
No Brasil, a medida ainda é tratada com cautela. Autoridades de saúde monitoram de perto a situação, com muitos especialistas sugerindo a possibilidade de retomar o uso de máscaras como medida preventiva.
A diferença para 2020 é que, agora, a decisão de usar máscara pode ser mais uma escolha individual, com orientações focadas principalmente em grupos vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades.
O médico e epidemiologista Carlos Silva observa que, mesmo sem uma obrigatoriedade, o uso voluntário de máscaras pode ser significativo. “Quando alguém opta por usar máscara, especialmente em ambientes fechados, está se protegendo e, ao mesmo tempo, protegendo os outros”, explica Silva.
Pesquisas sobre a efetividade das máscaras sugerem que o uso correto, especialmente de máscaras do tipo N95, tem grande eficácia em reduzir a transmissão. Diferentemente das máscaras de pano, as N95 fornecem um nível superior de proteção, barrando partículas menores e garantindo maior segurança.
A preocupação
A preocupação atual também reflete uma conscientização maior da população. Enquanto em 2020 e 2021 houve um forte componente de resistência e debates sobre a liberdade individual, hoje muitos entendem o valor das máscaras como ferramenta de proteção em um contexto de maior disseminação do vírus.
A psicóloga Ana Brandão observa que, à medida que as pessoas ganham mais informação e experiência, o uso de máscara tende a ser menos estigmatizado e mais encarado como uma prática de responsabilidade social.
Enquanto isso, o governo brasileiro se prepara para uma eventual campanha de conscientização, caso a situação se agrave. O Ministério da Saúde já sinalizou que manterá um canal de diálogo com especialistas para decidir os próximos passos e orientações.
Diante desse cenário, a volta do uso de máscaras pode ser uma resposta equilibrada ao aumento dos casos, com foco em minimizar riscos sem a imposição de medidas severas. O desafio está em como equilibrar a liberdade individual com a responsabilidade coletiva, especialmente considerando que a COVID-19 pode se tornar uma presença cíclica, similar à gripe.
<< Com apoio de informações/fonte: Central Press / Universidade Positivo >>