- A distribuição dos casos de coqueluche no Brasil é desigual, com os estados do São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal concentrando a maior parte dos registros;
- A coqueluche é transmitida por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar, e uma pessoa contaminada pode infectar de 12 a 17 outras pessoas;
- O grupo de risco para complicações e óbitos são os lactentes jovens (menores de seis meses); e
- A Secretaria Municipal da Saúde recomenda: arejar os ambientes, uso de máscaras por pessoas com sintomas respiratórios, higienização das mãos e evitar aglomerações.
Os casos de coqueluche, também conhecida como tosse comprida, voltaram a crescer no Brasil em 2024, seguindo uma tendência global que preocupa autoridades de saúde.
Segundo a Dra. Michelle Zicker, infectologista do São Cristóvão Saúde, o aumento dos casos está diretamente relacionado à queda na cobertura vacinal e à transmissibilidade da doença.
“A coqueluche é uma infecção respiratória endêmica, causada pela bactéria Bordetella pertussis, com surtos cíclicos a cada três a cinco anos“, explica a especialista.
Desde 2023, vários países, como Bélgica, Dinamarca, Espanha e Suécia, relatam um aumento significativo nos casos de coqueluche, com óbitos registrados em algumas regiões. Na Bolívia, um surto atingiu quase 850 pessoas.
No Brasil, após uma década de queda nos números, a doença reapareceu de forma expressiva: até outubro de 2024, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde registrou 3.252 casos confirmados, incluindo 13 mortes, todos em bebês menores de um ano.
A especialista aponta que a maioria das mortes ocorreu em filhos de mães não vacinadas durante a gestação. “A vacinação durante a gravidez é essencial para proteger os recém-nascidos nos primeiros meses de vida, quando ainda não podem ser imunizados diretamente“, ressalta.
Vacinação: uma barreira essencial
A vacinação é a principal ferramenta de prevenção contra a coqueluche. No Brasil, o esquema vacinal inclui mínimo de três doses com a pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B) e dois reforços com a vacina DTP (tríplice bacteriana). Além disso, gestantes devem receber uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da 20ª semana de gestação.
Apesar dos esforços recentes do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal no país ainda está aquém do ideal. Em 2023, a adesão à vacina penta alcançou 85,71%, enquanto o reforço da DTP foi de apenas 78,28%.
“É fundamental combater a desinformação e ampliar as ações de conscientização para recuperar os índices de cobertura“, alerta Dra. Zicker.
Populações mais vulneráveis
Bebês menores de seis meses são os mais suscetíveis às formas graves da doença, que podem incluir crises de tosse, dificuldade respiratória e complicações severas, como pneumonia, convulsões e lesões cerebrais.
“A imunidade conferida pela vacina não é permanente e pode diminuir após cinco a dez anos. Isso também explica o aumento de casos em adolescentes”, afirma a infectologista.
A coqueluche pode ser confundida com outras doenças respiratórias, mas apresenta sinais específicos, como crises de tosse intensa (paroxismos) que duram semanas, acompanhadas de dificuldade para respirar e vômitos após os episódios.
“Esses paroxismos, característicos da fase mais grave da doença, ajudam no diagnóstico diferencial, mas há outros agentes que podem causar sintomas similares, como Bordetella parapertussis e Mycoplasma pneumoniae“, esclarece Dra. Zicker.
Além da vacinação, a identificação precoce e o tratamento adequado dos casos são cruciais para prevenir surtos. Medidas como isolamento respiratório, notificação à Vigilância Epidemiológica e afastamento de atividades por pelo menos cinco dias após o início do tratamento são recomendadas.
“Precisamos reforçar as ações de monitoramento e investir em educação em saúde para evitar que a doença volte a causar grandes perdas“, conclui a infectologista.
<<Com apoio de informações/fonte: Global PR Consulting / Camila Nestor >>