Jardim São Paulo
da Redação DiárioZonaNorte
- Os primeiros lotes foram vendidos pelo espanhol Domingos Fernandes Alonso – considerado o fundador do bairro
- Posteriormente, a Predial Novo Mundo lançou um empreendimento no bairro, com venda de lotes “a prestação”
Toda história de um bairro tem começo e o meio, mas não se planeja o seu fim. Há uma continuidade de fatos no dia a dia. O mesmo ocorre com a história de um bairro da Zona Norte, que nesta 2ª feira (17/07/2023) completa 85 anos de fundação. É o Jardim São Paulo, ao lado do bairro de Santana.
Hoje, o Jardim São Paulo cresceu além das expectativas, com o progresso em todos os sentidos. Como o ponto alto em 29 de abril de 1998, quando aconteceu a inauguração da Estação Jardim São Paulo/Ayrton Senna, que faz a homenagem ao piloto que morou na região. E o progresso levou melhorias e asfalto às ruas e avenidas.
O início da história
Como a maioria dos bairros da Zona Norte, uma fazenda de propriedade dos padres deu inicio à povoação do local. Depois houve o desmembramento em outras terras, que foram ocupadas por chácaras e sítios, na maior parte das vezes de propriedade de italianos, que cultivavam hortaliças; e portugueses, que plantavam flores e as vendiam no Mercado Municipal.
Ao olhar a história, o início do Jardim São Paulo começa com o seu fundador, o espanhol Domingos Fernandes Alonso – que até agora não tem registro de vias ou praças no bairro em sua homenagem –, responsável por lotear as primeiras áreas da região.
Posteriormente, por meio da empresa Predial Novo Mundo – fundada em 1935 e existe até hoje –, que era braço imobiliário do Banco Novo Mundo, foi dado o surgimento do Jardim São Paulo, com a venda de lotes “a prestação”.
Assim dizia o “reclame” da Predial Novo Mundo sobre o empreendimento: “ Descendo pela Rua Florêncio de Abreu e seguindo pela Avenida Tiradentes, Ponte Grande e Rua Voluntários da Pátria, também hoje completamente modificadas, você chegará ao JARDIM SÃO PAULO, o bairro em plena formação, e de onde se descortina um belo panorama do moderno São Paulo, cujos terrenos são vendidos por preços accessíveis e a prazo longo, coisa que no São Paulo de out’roa era um mitho, mas que no São Paulo de hoje é uma brilhante REALIDADE, graças aos maravilhosos planos da PREDIAL NOVO MUNDO”.
Em 1940 foi inaugurada a linha de ônibus 4G – Vale do Anhangabau/Jardim São Paulo. O veículo na solenidade era um Ford, 85 cavalos, a gasolina, com carroceria Grassi. Aos poucos, os velhos casarões e chácaras foram dando lugar a modernidade.
O Mirante e a exploração imobiliária
O bairro é essencialmente residencial, mas abriga o tradicional Colégio Jardim São Paulo, o Clube Escola Jardim São Paulo e o Sesc Santana – que apesar do nome fica no território do Jardim São Paulo.
No ponto mais alto, encontra-se a Praça Vaz Guaçu (conhecida como Mirante de Santana/Jardim São Paulo), onde está instalado o prédio da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), construído em 1919 e que passou a registrar dados das condições climáticas da cidade de São Paulo em 1945. Junto à praça do Mirante encontra-se também a antiga casa do piloto Ayrton Senna.
Em grande parte, apesar da exploração imobiliária, o Jardim São Paulo ainda conserva um jeito interiorano de ser e com suas casas que contam as histórias no tempo. No momento, um empreendimento quer invadir a região e o sossego dos moradores, com a implantação de um edifício de alto padrão com 23 andares prejudicando as medições climáticas do Observatório do Inmet.
Um grande perímetro do bairro e das ruas tem a proteção da Lei Municipal n. 7662, de 1971, sancionada na gestão do prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz, que protege o local à exploração imobiliária por grandes empreendimentos. E os moradores lutam com abaixo-assinado e medidas junto à Justiça, Prefeitura e Ministério Público para que a lei seja cumprida e interrompa as construções de prédios.
O rádio nasceu ao lado do Mirante
Foi ali ao lado doMirante Jardim São Paulo – no Colégio Santana, que em julho de 1899, que o Padre Landell de Moura realizou a primeira transmissão de rádio sem fio, de voz humana e sons musicais, um feito inédito registrado pela Imprensa paulista e carioca, bem antes do italiano Guglielmo Marconi.
Landell morreu no ostracismo e não teve em vida o reconhecimento de suas descobertas, embora as tivesse patenteado no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904) e as visse a autoria do invento divulgada por jornais de grande circulação de fins do século 19 e início do século 20, tanto aqui como no exterior.
As curiosidades do bairro
Os limites do bairro, com Santana: Av. Nova Cantareira, Rua Dr. Zuquim e Rua Conselheiro Saraiva; com a Parada Inglesa: Av. Luiz Dumont Villares e Rua Tomé Portes; e com a Pauliceia: Rua Maria do Carmo Sene, Av. Marechal Eurico Gaspar Dutra (que até hoje não saiu do papel) e Joaquim Norberto.
Nhonhô Magalhães
A Avenida Leoncio de Magalhães foi oficializada em 17 de janeiro de 1979 — antes tinha o nome de Av. Lourdes de Camargo – e corta o Jardim São Paulo, de ponta a ponta, desde a Praça Orçando Silva até a Avenida Nova Cantareira – que antes era Estrada da Cantareira.
Ela é em homenagem a Carlos Leôncio de Magalhães, conhecido como Nhonhô Magalhães. Nasceu em Araraquara em 1875 e faleceu em 1931 (56 anos). Foi o maior cafeicultor do Brasil no inicio do século XX e sempre foi bem sucedido nos negócios.
Mais recentemente, em 23 de setembro de 2016, a praça ao lado da Capela Nossa Senhora Aparecida do Jardim São Paulo, recebeu o nome de Praça Nossa Senhora Aparecida O espaço público está entre a Rua Parque Domingos Luiz e Avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra.