coqueluche
- Até agora são 17 casos, contra oito registrados no ano passado. Para os especialistas, o aumento é reflexo da baixa adesão vacinal e da falta das doses de reforço em adultos
Em quase quatro meses, a cidade de São Paulo já registra o dobro de casos de coqueluche, se comparado com o ano passado. Até agora são 17 registros e nenhuma morte, contra oito casos em 2023.
O aumento de notificações gerou um alerta, mas a capital não está em surto, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa). Os casos foram registrados principalmente nas zonas Oeste e Sul da capital.
“Isso já vem ocorrendo há alguns anos e é reflexo da baixa adesão vacinal”, diz a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
De fato, em dez anos a cobertura vacinal da difteria, tétano e pertussis (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, caiu muito no país. Em 2012, o Brasil vacinou 93,81% do público-alvo e a Região Sudeste alcançou a maior cobertura (95%). Já em 2022 o índice geral ficou em 77,25% e o Sudeste despencou para 74,79%, mostram os dados do DataSUS (o sistema de informática do Sistema Único de Saúde – SUS). Cerca de 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose dela entre 2019 e 2021, segundo um informe da Unicef.
A vacina tem uma alta taxa de proteção e deve ser dada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses e aos 4 anos, segundo o calendário do Ministério da Saúde. No entanto, a imunidade, apesar de duradoura, não é permanente e cai após cinco ou dez anos. Daí a importância dos reforços nos adultos a cada dez anos.
Segundo a infectologista, isso ajuda a reduzir a circulação da bactéria e proteger crianças e bebês. Há também uma vacina acelular (dTpa) que as gestantes devem tomar a partir da 20ª semana de gestação e que oferece proteção ao recém-nascido.
Causada pela Bordetella pertussis, uma bactéria que vive na garganta das pessoas, a coqueluche também é chamada de “tosse comprida” e se caracteriza por crises de tosse seca incontroláveis, intercaladas com a ingestão de ar, que provoca um som agudo, como um guincho ou chiado. Também pode haver vômitos e falta de ar, levando à cianose – estado em que a pessoa fica com uma coloração azul-arroxeada pela falta de oxigenação no sangue.
A doença ocorre principalmente em menores de 1 ano de idade devido ao esquema vacinal incompleto. Dependendo do estado da imunização, ela pode causar pneumonia, convulsões e comprometimento do sistema nervoso, e até levar à morte.
A transmissão se dá por via respiratória e por gotículas de saliva quando a pessoa fala, tosse ou espirra. O tratamento é feito com antibióticos e, quanto mais precoce, maior a chance de reduzir a gravidade e a transmissibilidade da doença.
<<Com apoio de informações/fonte: Agência Einstein / Gabriela Cupani >>