árvores
por Beto Freire (*) -– Artigo n.36 – <Cidadania>
O início da Primavera trouxe o período chuvoso para São Paulo, tempestades, raios e ventania, que acontecem nessa época do ano no hemisfério sul, deste a criação do Planeta Terra.
Nos dias 03 e 15 de novembro a cidade registrou em alguns pontos rajadas de vento de 100 quilômetros, em outros de 60 e 40 quilômetros, respectivamente.
E em todo município a queda de árvores provocou a derrubada de cabos, que consequentemente atingiu a fiação elétrica da responsabilidade da concessionária de energia, a Enel.
O resultado da falta de energia elétrica resulta em prejuízos para moradores e comerciantes, e também falta de água em alguns bairros, pois sem energia o bombeamento de água da Sabesp é inviável.
Não existe geradores para fazer bombeamento de milhões de litros de água para as regiões mais altas, os reservatórios e estações ficam nas baixadas, por questões de física e gravidade terrestre.
O que se deixou de fazer
A privatização da antiga AES Eletropaulo aconteceu há exatos 24 anos, o serviço essencial de energia elétrica passou para o controle da iniciativa privada definitivamente em 1999.
Entre as promessas de melhorias no serviço e diminuição da conta de luz, estava o soterramento da fiação elétrica, nos mesmos moldes do centro velho. Como por exemplo, as Avenidas São João e Ipiranga, onde existem tubulações e tampas com toda fiação elétrica desde à década de 50.
Essas tubulações passaram a acolher também os cabos de telefonia e internet, com tampas de manutenção em diferentes tamanhos e pontos das avenidas.
Para que o leitor tenha ideia, a cidade de São Paulo tem 20 mil quilômetros de cabos elétricos, e apenas 0,3% ou seja 90 quilômetros soterrados, desses 38 feitos pela Enel.
Logicamente que em lugares “nobres” da cidade, onde os impostos dos pobres e classe média são empregados com abundância em limpeza, segurança, calçamentos, áreas ajardinadas e obras de infraestrutura para evitar enchentes.
A Enel é sua antecessora AES Eletropaulo nunca fizeram o soterramento dos cabos a contendo e necessidade da Zona Norte e em todo restante da cidade.
Já as empresas de telefonia e internet que também são privatizadas, ao contrário, fazem um verdadeiro emaranhado de fios em postes da antiga rede pública de energia — inclusive em postes alugados pela Enel.
E tudo isso com o consentimento do poder público e parcimônia dos políticos, que além da incompetência de fiscalização, faz vista grossa na qualidade do atendimento e serviço prestado pelas empresas para os consumidores/contribuintes.
Muito blá blá e poucas ações
E para variar e disfarçar o desleixado serviço, vemos políticos e seus lacaios apontando suas línguas afiadas e descaradas para árvores, elas que existem desde o início do mundo, como culpadas pelos “imprevistos” anuais da época chuvosa.
Detalhe: esse período tem seis meses, entre outubro e março, salvo algumas exceções climáticas ao longo da milenar história humana.
As árvores e a natureza não tem culpa alguma sobre a inoperância política, seja ela estatal ou privada, chuvas são fundamentais para a vida, inclusive para existência do nosso ecossistema terrestre.
Não existe vida sem água! Então meus amigos e vizinhos, antes de sair cortando árvores, esbravejando contra a natureza e aplaudindo discursos rasos e vazios de políticos, personagens que passam pela história, com viés aloprado que de nada servem, faça suas pesquisas e reflexões.
Enchentes periódicas também são nítida falta de infraestrutura urbana, a engenharia moderna permite que a Holanda tenha sobrevivência contra enchentes, mesmo estando abaixo do nível do mar.
Quando existe vontade política, população esclarecida e investimentos públicos prioritários, tudo torna-se viável e com baixa complexidade.
Cadê os representantes do povo?
Por outro lado, a população consciente, ou não, elegeu 55 representantes que ocupam os gabinetes da Câmara Municipal de São Paulo com altos salários e mordomias. E nada fazem, não fiscalizam as ações da Prefeitura e toda a sua infraestrutura, nem mesmo visitam os bairros para ouvir os moradores, independentemente de feudos políticos.
E os 94 deputados estaduais — principalmente os representantes paulistanos — que nada fazem pelo município de São Paulo — que fazem parte da lista dos 645 do Estado –, que poderiam fiscalizar e cobrar também da Prefeitura e do Governo do Estado.
Outro ponto alto são as privatizações dos serviços públicos essenciais, água, luz, e transportes, na energia não avançamos, no transporte coletivo continuamos retroagindo, nos cemitérios virou mercado macabro — o que mais vem pela frente?.
Privatizar é o caminho certo?
A privatização da Sabesp realmente vai trazer melhorias e investimentos? A BR Distribuidora foi privatizada, a gasolina e diesel continuam ruins e custando mais que um litro de leite, independente de governantes e supostas ideologias partidárias.
Antes de formar opinião é prudente fazer pesquisas, ouvindo antagonismos de posições e especialistas imparciais, por que hoje a culpa é das árvores, amanhã pode ser do seu banho demorado e/ou diário…
E, para algumas velhas raposas do Estado perdulário, a culpa é sempre de outrem, mesmo quando flagrados atribuem a responsabilidade para forças ocultas, inimigos imaginários e claro aos burros de carga: os contribuintes que seguem sustentando essa malta de impostores!
(*) Beto Freire — Antônio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve quinzenalmente. Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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