da Redação DiárioZonaNorte
A Arena Anhembi, localizada no bairro de Santana – Zona Norte de São Paulo, recebeu neste sábado (24/08/2019), a quarta edição do Farraial Sertanejo, que se coloca como a maior festa de tema junino de São Paulo, recebeu nomes como Anitta, Zé Neto & Cristiano, Gustavo Lima, Aviões, Gustavo Mioto e Henrique & Juliano.
O evento, que tem como patrocinadores FAM, Itaipava, Johnnie Walker e Panco e como co-patrocinadores Magazine Luíza e Smirnoff e apoio da HP e McCain, iniciou às 19h e seguiu madrugada de domingo (25/08/2019) adentro. Foram 12 horas de música e um público estimado em 40 mil pessoas.
Tão, tão, tão distante…
Enquanto os frequentadores dançavam e cantavam sem parar, vários moradores de Santana, Jardim São Bento, Casa Verde, Bom Retiro e Barra Funda, mais uma vez, eram impedidos de dormir. O som era tão alto que ecoava a mais de três quilômetros da Arena Anhembi.
Os moradores prejudicados criaram uma página no Facebook chamado Anhembi Queremos Dormir e conseguiram mais de mil assinaturas em uma petição pública exigindo o fim dos shows ao ar livre no Sambódromo – veja aqui, além de um grupo de WhatsApp onde trocam informações.
Reclamações
Além de reclamar junto a ouvidoria da SPTuris, denunciaram os abusos no volume do som em todos os canais possíveis e imagináveis: Central 156 da Prefeitura, Ouvidoria da Prefeitura, Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG do Bom Retiro (que atende Bom Retiro e Barra Funda) e o da Casa Verde (que contempla uma parte de Santana — a região do Anhembi).
Nas diversas postagens feitas por moradores durante a madrugada, na página Anhembi Queremos Dormir, chegou-se a discutir um possível pedido de impeachment do prefeito Bruno Covas, já que a Arena Anhembi e a SPTuris – que autoriza os eventos – pertencem a Prefeitura de São Paulo – que não fiscaliza o nível do som.
Tudo certo, nada resolvido
Uma reclamação foi feita diretamente ao diretor-presidente da São Paulo Turismo – SPTuris, Osvaldo Arvate Jr. — a empresa está ainda atrelada à Prefeitura de São Paulo — que recebeu em 17 de julho uma comissão de moradores capitaneados pelo Geraldo Gomes, ladeados pelo vereador Claudinho de Souza(PSDB) e seu Chefe de Gabinete, Leandro Gimenez e Saul Nahmias, presidente do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG Bom Retiro.
Na ocasião, os moradores avaliaram a reunião como positiva e a SPTuris se comprometeu de punir as empresas que não respeitarem as cláusulas contratuais. O diretor-presidente da SPTuris afirmou também “em rever os contratos pela reincidência e a proibição de realizar eventos no espaço Anhembi”.
Mas é bom lembrar que muitos contratos são fechados com muita antecedência, até um ano, e a priori fica impraticável algo de imediato – o que confirma os eventos realizados do mesmo modo após a reunião com a SPTuris.
Dossiê
Já no dia 14 de agosto, o prefeito Bruno Covas, durante a inauguração do serviço Descomplica São Paulo – recebeu um dossiê sobre o problema das mãos do representante da Comissão dos Moradores, Geraldo Gomes e de Leandro Gimenez.
O documento reuniu reportagens, e-mails, fotos, links de vídeos, protocolos, print de postagens da página “Anhembi, Queremos Dormir”.
O destaque maior no “dossiê” foi a reportagem do DiárioZonaNorte (“Barulho da Arena Anhembi transforma a vida de moradores da Casa Verde, Bom Retiro e Barra Funda em um inferno” – 17/07/2019), nas mãos do prefeito, que “bateu rapidamente os olhos na foto e no título”.
O “dossiê” foi passado para as mãos do assessor do prefeito, Marcelo Alfredo, que ficou de fazer os encaminhamentos na Prefeitura e dar um breve retorno do prefeito aos moradores.
Barulho e saúde
Os vizinhos ao Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo, nome oficial do Sambódromo do Anhembi e agora Arena Anhembi estão expostos constantemente a sons que ultrapassam 120 decibéis.
De acordo com o estipulado pelo Programa Silêncio Urbano (PSIU) o limite é de 60 decibéis das 7h às 19h; de 55 decibéis das 19h às 22h; e de 50 decibéis de madrugada (até as 7 horas).
A exposição prolongada e repetida a sons a partir de 85 decibéis (algo como o ruído de uma batedeira, um liquidificador) agride o organismo e abala o equilíbrio emocional, já que o cérebro interpreta o barulho como sinal de perigo.
Como forma de defesa contra o suposto “perigo”, o corpo reage liberando reservas de açúcar e gordura para gerar energia como defesa e em condições prolongadas de exposição ao barulho, o estoque de energia é esgotado e surgem cansaço, irritabilidade, estresse, ansiedade, insônia, falha de memória, falta de concentração, gripe e até doenças cardíacas, respiratórias, digestivas e mentais.
Lei de Zoneamento
O Anhembi é considerado um grande equipamento urbano e por isso, o local onde se encontra é uma Zona de Ocupação Especial (ZOE) e justamente por essa classificação, tem regras mais flexíveis para ruídos.
Além da lei que exige o controle de ruídos dia e noite, o PSIU ainda determina que todo o estabelecimento que funcione após 1h tenha obrigatoriamente isolamento acústico. A SPTuris por ser a responsável pelo espaço tem o dever de cumprir o que é estipulado pelo PSIU e a Prefeitura de São Paulo a obrigação de fiscalizar. Nem um, nem outro cumpre o seu papel.
Hospital da Força Aérea
O barulho atinge também o Hospital da Força Aérea de São Paulo (HFASP), que pela sua função e “por lei” deve ser preservado de barulho – até mesmo de buzina de veículos ao seu redor.