da Redação DiárioZonaNorte
A população do Parque Novo Mundo, na Zona Norte de São Paulo, finalmente terá um CEU (Centro Educacional Unificado) para chamar de seu. O CEU Novo Mundo está localizado na Rua Ernesto Augusto Lopes n. 100 – em uma área pública municipal anteriormente ocupada pela antiga fábrica de caixões do Serviço Funerário — conhecida como “a Funerária”.
De acordo com consulta realizada pelo DiárioZonaNorte junto a Secretaria Municipal de Educação, o CEU Novo Mundo terá “a inauguração em setembro, mas devido a pandemia do Covid-19 seguirá fechado até autorização das autoridades de saúde”.
A obra está a cargo da Construtora Cronacon e foi orçada inicialmente em R$ 40,5 milhões, com prazo de entrega em 06 de dezembro de 2017. O custo final da obra não foi informado pela SIURB (Secretaria de Infra Estrutura Urbana).
Além da atuação histórica de lideranças da região, muito da concretização do projeto do CEU Novo Mundo (e também do CEU Tremembé – ver matéria aqui) se deve ao empenho dos professores Roselei Júlio Duarte e Ramiltes Polesel, na época diretor e diretora de planejamento respectivamente da Diretoria Regional de Ensino (DRE) Jaçanã/Tremembé (que apesar do nome, também era responsável pelos territórios de Santana, Tucuruvi, Mandaqui, Vila Maria, Vila Guilherme, Vila Medeiros e Parque Novo Mundo).
O início == Os CEUs são equipamentos públicos voltados à educação, localizados nas áreas periféricas da cidade. Criados na Gestão Marta Suplicy (PT – 2001/2004), com conceito inspirado no projeto arquitetônico da Escola Parque, desenvolvida entre 1948 e 1952, em São Paulo, que, por sua vez, foi adaptada da experiência desenvolvida pelo educador baiano Anísio Teixeira, em 1947.
De lá para cá, os CEUs passaram por quatro “fases” de construções: Gestão Marta Suplicy que iniciou o processo e entregou 21 equipamentos e deixou mais 24 planejados, que foram cancelados pela Gestão José Serra (PSDB – 2005/2006) e retomados pela Gestão Gilberto Kassab (PFL – 2007/20012), e Gestão Fernando Haddad (PT – 2013/2017) que entregou um equipamento e deixou mais 12 em obras, que em 2017 foram paralisadas pela Gestão João Doria (PSDB – 2017/2018) e retomadas em meados de 2019 na gestão Bruno Covas (PSDB – 2018 até o presente).
Não combinou com os russos === Os CEUs cujo as obras tiveram início há cinco anos – sendo paralisadas no final do governo Fernando Haddad por falta de recursos e foram retomados pela gestão Bruno Covas, tiveram seus projetos discutidos em encontros com as comunidades dos locais onde seriam instalados e dentro do conceito Território CEU.
Considerando o estágio atual da obra e o prazo informado para a inauguração, tudo indica que prefeito Bruno Covas esqueceu de combinar com os russos (no caso a comunidade) que o quê será entregue por sua gestão, pelo menos neste primeiro momento, é uma parte do que estão esperando.
Lembramos que, em 2014, além do CEU Novo Mundo, foram iniciados simultaneamente e nos mesmos moldes os projetos para as construções de um equipamento na zona noroeste, na Freguesia do Ó, e outros seis na região leste, Carrão/Tatuapé, José de Anchieta, José Bonifácio/São Pedro, Parque do Carmo, São Miguel Paulista e Vila Prudente.
Território CEU === O projeto do ex-prefeito, discutido e construído por meio de participação popular em uma oficina piloto chamada “Laboratório CEU: Território Novo Mundo”, realizada em 2014 pelo coletivo LABMOVEL e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) em parceria com várias outras secretarias municipais, como a de Educação, de Cultura, de Direitos Humanos e Cidadania, ia além da educação.
Ele ampliava o conceito original do CEU, cuidando das crianças e das famílias de forma integral, levando em conta suas possíveis fragilidades. O Território CEU promoveria uma intervenção paisagística onde escolas, centros esportivos, unidades de saúde e equipamentos de cultura, como teatros e bibliotecas existentes em uma mesma quadra ou área de um bairro ganhariam novos caminhos para ligá-los, de modo que formem um conjunto único de serviços. Essas conexões entre os equipamentos públicos existentes e os novos construídos ainda receberiam melhorias de iluminação, arborização, sinalização e segurança.
Dentro deste conceito, o Território CEU Novo Mundo, teria a unidade do CEU propriamente dito com 11.700 metros quadrados de área construída dentro da estrutura padrão (sala de aulas, quadra poliesportiva, teatro — utilizado também como cinema–, playground, piscinas semiolímpica e infantil, biblioteca, telecentro e espaços para oficinas, ateliês e reuniões) e 18.400 metros quadrados de área que iria sofrer a intervenção paisagística.
A intervenção integraria ainda, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Profª Edalzir Sampaio Liporoni e as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Professor Edalzir Sampaio Liporoni e General Paulo Carneiro Thomaz Alves, além do Centro de Educação Infantil Cidade Nova – Parque Novo Mundo. A comunidade teria ainda acesso a formação pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) e pelo Pronatec.
Ainda segundo o projeto, o CEU Novo Mundo teria a inclusão de um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), levando em conta que as crianças que vão frequentar o espaço são os mesmos cujas famílias são atendidas pela assistência social. A ideia era que quando um aluno começa a faltar, ou apresente algum problema, imediatamente o CRAS seria acionado pelos professores, para buscar essa família e checar o que está acontecendo.
Os resultados das oficinas e o projeto foram apresentados para a população e lideres comunitários, pelo Governo Local em outubro de 2014, durante um encontro realizado com cerca de 150 pessoas no auditório do NCCV – Núcleo Cristão Cidadania e Vida – na Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira, no Parque Novo Mundo.
Na ocasião foi informado que a previsão de entrega do novo equipamento e das intervenções paisagísticas era para o início de 2016, com investimento total estimado na época em cerca de R$ 40,5 milhões, sendo R$ 16,3 provenientes de uma parceria com o Ministério da Educação do Governo – via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), criado no Governo Dilma Roussef e posteriormente cancelados.
Em 17 de setembro de 2015, a obra não havia saído ainda do papel e o terreno corria risco de invasão. Para pedir providencias, o Conselho Participativo Municipal de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros promoveu no local um encontro de emergência com a vice-prefeita Nádia Campeão, o Subprefeito de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros, Gilberto Rossi, o Diretor Regional de Educação, Roselei Julio Duarte e da diretora de planejamento, Ramiltes Polesel.
Ainda foram convocados o Diretor do Departamento Técnico de Edificações da Secretaria de Infraestrutura Urbana-SIURB, Engº Ricardo Rezende Garcia, e o Comandante da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Inspetor Gilson Pereira de Menezes. Na ocasião, o grupo foi informado que a obra teria início no dia 28 de setembro de 2015 e a SIURB manteve o prazo de conclusão em um ano.
Em 15 de dezembro de 2015, o prefeito Fernando Haddad chegou a visitar o local, ainda em fase de demolição dos antigos galpões da funerária.
Com a falta de repasse de verbas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2016, as obras foram paralisadas.
Nova gestão == Apesar de João Doria ter prometido, em sua campanha para a Prefeitura de São Paulo, ampliar a Rede de CEUs, “congelou” os contratos para finalizar as obras dos equipamentos em 2017. A retomada de todas as obras dos CEUs só aconteceu na Gestão Bruno Covas, quase no final de 2018, com a liberação de R$ 60 milhões ou 13% do previsto para a conclusão de todas a unidades. O restante foi escalonado para 2019 e 2020, por meio de aditivos contratuais.
Hoje a cidade de São Paulo possui 46 CEUs e um desafio: potencializar o uso tal qual ele foi concebido, em um trabalho conjunto das Secretarias da Educação, Cultura, Saúde e Assistência Social e com um currículo e conjunto de atividades que garantam uma educação integral para os alunos dos CEUs e das escolas vizinhas.
Veja a retrospectiva fotográfica completa do CEU Novo Mundo aqui.