bruxa
por Aguinaldo Gabarrão (*)
A ideia é boa: uma figura sinistra habita o porão de um bar, num casarão antigo e tem o poder, sob a condição de receber uma relíquia ou objeto do falecido, de trazê-lo de volta do mundo dos mortos, para conversar com seus parentes ou amigos que o evocam.
O que faz com que essas pessoas busquem uma última comunicação com o morto? O desejo de entender o sentido das ações praticadas pelo espírito, quando ainda estava no mundo dos vivos ou mesmo para dizer a ele o que nunca tiveram coragem de fazê-lo quando compartilhavam da sua presença.
Porém, quem recorre aos sinistros poderes da inquilina do porão, tem apenas dois minutos para falar com o ente querido. O tempo é muito curto para que a pessoa consiga vencer a dor da distância e das muitas perguntas que não foram respondidas em vida.
Finalizado esse tempo, a bruxa toma para si as rédeas da comunicação, e quem estiver por perto, vai ter surpresas bem desagradáveis. Essa condição limite do tempo – controlado por um simples relógio despertador –, é o ponto chave que eleva a tensão da história.
A bruxa, aparentemente passiva, está sob as ordens de quem é o proprietário do bar, que por sua vez tem que pagar um preço pelo privilégio de tê-la como sensitiva e moradora permanente daquele lugar.
Poucas surpresas
O filme começa com aquela pegada manjada de alguém que passa para adiante a herança maldita que também recebeu de outro. E o último proprietário é o pai (Peter Mullan) da jovem Iris (Freya Allan). Ela recebe a casa quando assina o documento, trazido por um misterioso advogado que mais parece um dono de funerária.
O roteiro, irregular, arrasta sem emoção a história e explora mal as boas possibilidades dramáticas e terríveis de alguém que tem o poder de controlar o acesso entre dois mundos, e o terror angustiante daqueles que procuram os mortos para superar seus traumas.
E já caminhando para a parte final, onde se tem mais perguntas do que respostas, há uma sucessão de flask backs alucinados, com o objetivo de explicar a natureza da bruxa e as atitudes das principais personagens.
Tal artifício deixa claro que os roteiristas não desenvolveram bem o enredo para se chegar numa conclusão satisfatória. E assim apostam nos velhos clichês.
Com interpretações que não primam pela sutileza, o filme A Bruxa dos Mortos: Baghead, até diverte o público, mas não se pode esperar uma história eletrizante com final arrebatador.
Trailer — clique na imagem abaixo para assistir:
Serviço
A BRUXA DOS MORTOS: Baghead
Gênero: Terror, Suspense / País: EUA / Classificação: 14 anos / Duração: 1 hora e 35 minutos / Ano: 2023
Ficha técnica
Direção: Alberto Corredor / Roteiro: Bryce McGuire e Christina Pamies / Elenco: Freya Allan, Peter Mullan, Jeremy Irvine, Ruby Barker, Julika Jenkins, Saffron Burrows, Svenja Jung, Anne Müller, e Ned Dennehy. / Direção de Fotografia: Cale Finot / Montagem: Jeff Betancourt / Elenco por: Nancy Nayor / Música: Suvi-Eeva Äikäs / Direção de Arte: Marc Bitz / Produção Executiva: Jake Wagner, Roy Lee, Anna Marsh, Ron Halpern, Shana Eddy-Grouf, Luc Etienne, Lorcan Reilly / Distribuição: Imagem Filmes / Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação
(*) Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo e de projetos. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.
Nota da Redação == O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor e colaborador, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.