Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele que não coçam nem causam dor, alterações na sensibilidade da pele, formigamento e fisgadas nos pés ou mãos.
Esses são alguns dos sintomas da hanseníase – antigamente conhecida como lepra. A boa notícia é que a doença tem cura. Denominada Janeiro Roxo, a campanha tem como objetivo divulgar informações sobre sintomas, tratamento e prevenção da doença e faz parte da estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela redução de estigmas relacionados à enfermidade e a inclusão dosdoentes na sociedade.
A hanseníase é contagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Porém, assim que inicia o tratamento, o paciente deixa de ser contagioso. A transmissão se dá por via respiratória, com o contato próximo e prolongado com pessoas doentes que não estejam em tratamento. Ao contrário do que possa parecer, tocar a pele da pessoa contaminada não transmite a doença. A hanseníase pode levar a sequelas, por isso quanto mais cedo o diagnóstico, melhor.
Tratamento e gravidade da doença
O Sistema Único de Saúde (SUS) realiza o tratamento gratuitamente em todo o país. Após seis meses a um ano tomando a medicação indicada, o paciente está curado.
O tratamento, porém, não reverte lesões no sistema nervoso que tenham ocorrido, o que reforça a importância do diagnóstico precoce. Além da pele, a hanseníase atinge também os nervos, causando dormência, retrações dos dedos, que podem levar à incapacidade física. Fases mais avançadas da doença podem levar à paralisia das mãos e pés e até cegueira.
Prevenção
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, “a melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”. Ter hábitos saudáveis, alimentação adequada, praticar atividade física também ajudam a dificultar o adoecimento pela hanseníase, pois a evolução da doença na pessoa depende das características de seu sistema imunológico. Lavar as mãos sempre – não só pelo coronavírus – é essencial.
Situação mundial
Segundo a OMS, houve grandes avanços no controle da hanseníase nas últimas três décadas devido ao amplo uso da medicação apropriada. A hanseníase deixou de ser classificada como problema de saúde pública global – quando há menos de um caso de hanseníase por 10 mil habitantes – no ano 2000.
Porém, a situação do Brasil ainda não é das melhores. Dos pacientes com hanseníase notificados em 2014 no mundo todo, 94% vieram de 13 países – Brasil, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Madagascar, Mianmar, Nepal, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka e República Unida da Tanzânia.
O Brasil também está em outro ranking: o de países que notificaram mais de 10 mil novos casos por ano, juntamente com Índia e Indonésia.
Os números do Boletim Epidemiológico de Hanseníase 2020, do Ministério da Saúde, indicam que o Brasil é o segundo país com casos de hanseníase no mundo. Em 2019, 23.612 casos da doença foram registrados no país. Enquanto mais de 33 mil novos casos foram registrados nas Américas, no ano 2014, na Europa não houve nenhum caso sequer.
Lei estadual
Em São Paulo, a Lei 9.880/1997 estabeleceu o último domingo de janeiro como o “Dia Estadual de Combate à Hanseníase”. Autor do projeto que deu origem à lei, o ex-deputado Caldini Crespo afirmou, na justificativa do projeto, que, com a instituição do Dia Estadual: “estaremos promovendo a ampla conscientização de todos para o problema, desenvolvendo atitudes positivas em relação ao portador de hanseníase e formas
de adaptação à realidade”.
O projeto de lei também relembrou o preconceito que os doentes sofriam déca das atrás. “Ao longo da história da humanidade, foram vítimas de todo tipo de violência, suas casas foram queimadas e suas famílias amaldiçoadas”, consta na justificativa do projeto, que segue: “até o começo deste século eram oferecidos prêmios e recompensas para quem entregasse leprosos para serem confinados”. << Com apoio de informações/fonte: Assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – Alesp / Diário Oficial Legislativo – Texto: Maurício Figueira >>