O Novembro Diabetes Azul alerta para que a população se atente para prevenção e detecção da diabetes, com objetivo de conscientizar sobre a importância dos cuidados em relação à doença que afeta 6% dos brasileiros, o que corresponde a 9 milhões, segundo Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE.
Diabetes é uma doença causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que promove o aproveitamento da glicose como energia para o corpo e, de acordo com relatório da IDF (International Diabetes Federation), em 2040, a estimativa é que 642 milhões de pessoas ao redor do planeta estejam com a patologia.
Brasil e a Diabetes
Portanto, a previsão é que mais de 570 milhões serão detectadas com o tipo 2 da doença. Além disso, segundo relatório da IDF, o Brasil é o terceiro país com mais casos entre crianças e adolescentes e até os 15 anos cerca de 98,2 mil são diagnosticadas com diabetes tipo 1 a cada ano.
“São dados alarmantes tanto do número de pessoas detectadas quanto ao desconhecimento sobre a doença. Ainda mais considerando que este tipo de doença é controlável e as alterações são descobertas facilmente nos exames, porém precisa ser tratada e diagnosticada rapidamente”, explica a cardiologista Rica Buchler, da Clínica Buchler.
Riscos Cardíacos na Diabetes Tipo 2
Já uma recente pesquisa analisou a prevalência, percepção e o tratamento dos fatores de risco cardíacos na diabetes tipo 2. O levantamento global Capture apontou que quatro em cada dez brasileiros com diabetes tipo 2 tem doenças cardiovasculares, sendo que a doença é a mais comum e aumenta em até quatro vezes a propensão a infarto cardíaco e derrame cerebral.
“O esclarecimento sobre a diabetes é importante, principalmente, diante do atual panorama da pandemia em que muitas pessoas deixaram de realizar suas consultas médicas”, avalia o cardiologista Gabriel Buchler, da Clínica Buchler. “Por isso, é importante uma rotina de consultas ao especialista e a realização de exames periodicamente”, finaliza.
Qual a diferença de cada tipo de diabetes? Qual a mais comum?
Existem essencialmente dois tipos de Diabetes Mellitus. A diabetes tipo 1 é relacionada à perda de produção de insulina pelas células pancreáticas, ocorrendo em sua maioria em populações mais jovens e com apresentações mais dramáticas e potencialmente fatais se não diagnosticadas.
A diabetes tipo 2 exibe uma apresentação mais tardia e arrastada, relacionada à resistência a insulina e a uma combinação de fatores genéticos e pessoais como obesidade, sedentarismo e estilo de vida. A diabetes tipo 2 é a mais comum na população geral.
Diabetes é uma doença relacionada principalmente ao fator genético e obesidade. Isso é verdade?
Sim, a diabetes, em especial tipo 2, exibe um componente familiar e de estilo de vida, como a obesidade e sedentarismo.
Os idosos possuem mais propensão? Existe uma faixa etária que tem mais risco?
Tratando-se de uma manifestação associada ao estilo de vida é natural que a diabetes tipo 2 seja mais comum conforme a faixa etária, pois o descontrole de peso, o abandono de atividades físicas regulares, de dieta e a associação a outras comorbidades (hipertensão e dislipidemia) prevalecem. Ao invés de precisar um grupo etário, deve-se alertar as populações com risco de desenvolver a diabetes.
Quais são os primeiros sintomas da diabetes?
A diabetes costuma se apresentar com uma sede e fome intensas junto com um aumento da frequência urinária. Conforme o quadro evolui pode-se observar perda de peso e, em casos de diabetes tipo 1, um hálito característico (“hálito cetônico”), náuseas, vômitos, coma e até mesmo o óbito.
Por que algumas pessoas tomam insulina e outras não? Existem diferentes tratamentos? Está relacionado ao tipo de diabetes?
O uso de insulina na diabetes tipo 1 é obrigatório, pois a doença em si está relacionada à falta de produção da mesma pelo pâncreas e não há outra maneira de substitui-la que não pela reposição.
Na diabetes tipo 2 o mecanismo envolve também uma resistência do corpo à ação da insulina, sendo indicado nesses casos outros tratamentos com medicamentos que não a insulina. Conforme a doença progride, a suplementação de insulina torna-se obrigatória.
A diabetes tem cura? Pode ser evitada?
A diabetes tipo 1 não tem cura e sim controle, o qual, se bem realizado, permite uma excelente rotina e qualidade de vida. Já em relação à diabetes tipo 2, casos relacionados ao estilo de vida podem ser revertidos. No entanto, muitos casos são considerados crônicos e, desta maneira, passíveis de controle com dieta, atividade física e terapia medicamentosa.
Existem alimentos que potencializam diabetes?
Alguns alimentos são potencializadores, dentre estes, carboidratos (arroz, massas, doces) ingeridos em excesso que provocam um aumento no nível de açúcar no sangue e a um descontrole da diabetes.
Em tempos de Covid-19, por que os pacientes com diabetes fazem parte do grupo de risco da doença? Qual a relação?
Segundo os estudos sobre o novo coronavírus, a doença tem impacto na resposta imunológica e na eventual condução em cenários mais críticos. Por isso, os pacientes diabéticos e sem controle da patologia, assim com fatores associados como hipertensão, tabagismo, obesidade, sedentarismo possuem maior risco se tiverem Covid-10.
Gabriel Dodo Buchler
Cardiologista. Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. É especialista em Cardiologia. É membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista , Sócio Titulado pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Dr. Rica Dodo Delmar Buchler
Cardiologista – Especialista em Cardiologia pelo MEC e AMB, Doutorado pelo Instituto do Coração da FMUSP, Professora do programa de residência em Cardiologia Clínica, Chefe da Seção Médica de Provas Funcionais e Vice-Coordenadora da Comissão de Especialização, Estágio e Aprimoramento do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia