da Redação DiárioZonaNorte
O Vaticano é o assunto do momento. De um lado, o Papa Francisco, doente e internado; de outro, a coincidência com o filme “Conclave”, que mostra os bastidores e as intrigas na escolha papal, que está rodando o mundo — e até foi indicado como melhor filme na premiação do Oscar.
E para não perder esse momento, o Sesc Guarulhos apresenta em curta temporada, com estreia nesta 6a. feira (07/03/2025), a peça “Dois Papas”, do livro do escritor e roteirista neozelandês Anthony McCarten ( Editora BestSeller, 252 páginas) , com o mesmo título e que deu origem ao filme homônimo, em 2019. — produzido pela NetFlix com direção do brasileiro Fernando Meirelles.
Início: um encontro inesperado
A trama de “Dois Papas” inicia-se com o cardeal argentino Jorge Bergoglio, interpretado por Celso Frateschi, decidido a solicitar sua aposentadoria devido a divergências com a direção que o Papa Bento XVI, vivido por Zécarlos Machado.
Bergoglio, um homem simples e carismático, sente-se desconectado das tradições rígidas e da falta de diálogo com o mundo moderno. Surpreendentemente, ele recebe um convite pessoal para se encontrar com o próprio Papa Bento XVI no Vaticano, um chamado que mudaria o curso de sua vida e da Igreja.

Meio: conflito de ideias e revelações
No coração do Vaticano, os dois líderes religiosos se encontram na majestosa Capela Sistina, cercados pelas obras-primas de Michelangelo que testemunharam séculos de história e decisões papais.
Este cenário sagrado serve como palco para um intenso diálogo entre duas visões de mundo distintas. Bento XVI, um teólogo refinado e defensor das tradições, enfrenta pressões internas e externas que o levam a considerar a renúncia ao papado. Bergoglio, conhecido por sua abordagem pastoral e conexão com o povo, emerge como um possível sucessor, embora relutante.
Durante o encontro, ambos compartilham dúvidas, medos e segredos pessoais. Bento XVI revela sua intenção de abdicar, um ato sem precedentes nos últimos 700 anos, movido pela percepção de que a Igreja necessita de uma liderança mais conectada com os desafios contemporâneos.
Bergoglio, por sua vez, expressa suas preocupações com os rumos da instituição e sua vontade de se aposentar, buscando uma vida mais simples e distante das intrigas do poder eclesiástico.
Fim: transformação e novo caminho
A peça culmina com a renúncia oficial de Bento XVI em fevereiro de 2013, abrindo caminho para o conclave que elegeria seu sucessor.
Bergoglio, apesar de suas hesitações, é escolhido como o novo Papa, adotando o nome Francisco, tornando-se o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos. Sua eleição simboliza uma mudança significativa na direção da Igreja, refletindo um desejo de renovação e aproximação com os fiéis.

A montagem brasileira
A adaptação brasileira de “Dois Papas” destaca-se por humanizar figuras frequentemente vistas como distantes. A direção de Munir Kanaanbusca iluminar a intimidade desses homens, mostrando suas vulnerabilidades e a complexidade de suas decisões.
O cenário predominantemente branco é enriquecido por recursos como videomapping, que trazem informações documentais e agregam força estética aos encontros emblemáticos entre os protagonistas. A trilha sonora original de Dan Maia complementa a ambientação, conduzindo o público pelas transições emocionais da narrativa.
Zécarlos Machado, que interpreta Bento XVI, ressalta a relevância da peça no contexto atual, onde vozes discordantes se acirram e a desumanidade ganha espaço. Ele destaca que, apesar das divergências, é possível encontrar um caminho onde a humanidade prevaleça, e a peça leva a uma reflexão sobre o mundo caótico em que vivemos.
Contexto atua e as reflexões
A apresentação de “Dois Papas” no Sesc Guarulhos ocorre em um momento de reflexão sobre a liderança e a saúde do Papa Francisco. Recentemente, o pontífice, de 88 anos, foi hospitalizado devido a uma infecção respiratória complexa, o que levou à alteração de seu tratamento e à necessidade de repouso absoluto. Sua condição clínica exigiu internação prolongada no Hospital Gemelli, em Roma, e a suspensão de suas atividades públicas.
Esses acontecimentos atuais adicionam camadas de significado à peça, levando o público a refletir sobre a fragilidade humana, a responsabilidade do poder e a contínua necessidade de diálogo e compreensão dentro das instituições religiosas.
A montagem brasileira de “Dois Papas” não apenas retrata um momento histórico da Igreja Católica, mas também ressoa com as questões contemporâneas que desafiam líderes e fiéis em todo o mundo.
Ficha técnica
Idealização: Munir Kanaan e Rafa Steinhauser / Dramaturgia: Anthony McCarten / Tradução: Rui Xavier Direção: Munir Kanaan / Diretor assistente: Gustavo Trestini / Elenco: Celso Frateschi (Cardeal Bergoglio, futuro Papa Francisco) / Zécarlos Machado (Papa Bento) / Carol Godoy (Irmã Sofia) / Eliana Guttman (Irmã Brigitta) / Supervisão de Produção: Carol Godoy / Coordenação de produção: Ana Elisa Mattos e Rita Batata / Diretor de palco: Evas Carretero / Produção: Gengibre Multimídia e Zug Produções / Patrocínio: Equifax / Boa Vista / Apoio Cultural: Molinos Rio de la Plata, Nieto Senetiner, QualiMais Lavanderias, Sacolão Campos Elíseos, Teatro Estúdio
Serviço
- Local: Sesc Guarulhos / Teatro
- Endereço: R. Guilherme Lino dos Santos, 1200
- Apresentações: 07 a 16/03/2025 (6a./Sab/Dom)
- Horário: 6a. (20hs), Sábado(20hs), Dom (18hs)
- Duração: 135 minutos
- Ingressos: R$18 (Cred.), R$60 (inteira) e R$30 (meia)
- Faixa etária: 14 anos
- Ingressos: R$ 50(inteira), R$25(meia) R$15(cred)
- Vendas: App Credencial SESC SP e bilheteria das unidades
- Reserva via internet: clique aqui
- Especial: Acesso para pessoas com deficiência
- Libras e Audiodescrição: em todas as sessões
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