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Pinacoteca de São Paulo celebra 120 anos com mostra sobre o caipira na arte brasileira

Caipira picando fumo (1893)
Tempo de Leitura: 3 minutos

 

A Pinacoteca de São Paulo inaugura a exposição Caipiras: das derrubadas à saudade, uma reflexão sobre a construção da figura do caipira na arte brasileira. Com curadoria de Yuri Quevedo, a mostra ocorre no 2º andar do edifício Pinacoteca Luz, tem início no próximo sábado (23/11/2024) até  13 de abril de 2025, e reúne cerca de 70 obras de 35 artistas.

A exposição celebra os 120 anos do museu, fundado em 1905 com a transferência de 20 obras do Museu Paulista. Entre elas, Caipira picando fumo (1893) e Amolação interrompida (1894), de Almeida Júnior, um dos mais importantes pintores do século XIX.

Detalhe Amolação interrompida (1894)

As telas, que compõem o núcleo do acervo da Pinacoteca, permanecem entre as mais procuradas pelo público. “Essas obras, realizadas há mais de 100 anos, continuam tocando as pessoas, mostrando como seus significados ainda são negociados no presente. Compreender suas origens nos ajuda a refletir sobre sua relevância hoje”, destaca o curador Quevedo.

A mostra explora como o caipira foi construído como símbolo cultural a partir de um projeto político e artístico de modernização de São Paulo no século XIX. Alinhada ao realismo e naturalismo internacionais, essa representação consolidou o caipira como o equivalente paulista dos trabalhadores rurais, um arquétipo fundacional de culturas nacionais em diversos países.

Detalhe Saudade (1899)
Percurso expositivo

A primeira sala apresenta o desenvolvimento da figura do caipira, retratando o ambiente rural, os ofícios e as paisagens que o cercam. Obras como as duas versões de Caipira picando fumo e Amolação interrompida dividem espaço com trabalhos de artistas como Carlo de Servi, Antonio Ferrigno e Lluis Graner, este último parceiro de Antoni Gaudí.

O espaço também relembra a fundação do museu, destacando a transferência das telas do Museu Paulista em 1905. Em colaboração com o Instituto de Física da USP, exames físicos e químicos inéditos foram realizados nessas pinturas. A pesquisa revelou detalhes sobre a técnica de Almeida Júnior, incluindo a relação entre desenho e cor, e as alterações cromáticas que podem ter ocorrido ao longo do tempo.

A segunda galeria apresenta os antecedentes históricos do caipira, incluindo imagens de bandeirantes, tropeiros e degredados. Algumas paisagens retratam a destruição das florestas ao longo de 70 anos, expondo tanto a longevidade desse estilo de pintura quanto o engajamento dos artistas em denunciar o impacto ambiental. Destaque para O derrubador brasileiro (1879), do Museu Nacional de Belas Artes, e Os descobridores (1899), do Museu Itamaraty.

Na última sala, o foco recai sobre o sistema cultural em que o caipira se insere, enfatizando a vida doméstica, os hábitos e a relação com a natureza. Obras como Saudade (1899), de Almeida Júnior, trazem um tom dramático à narrativa. Na pintura, uma mulher chora sobre uma fotografia, simbolizando memória e perda. Trabalhos de artistas europeus, como José Malhôa, Souza Pinto e L’Heremitte, complementam o diálogo entre o caipira brasileiro e o realismo internacional.

Com patrocínio de Bradesco, Nescafé e Comolatti, ´´Caipiras: das derrubadas à saudade´´ oferece um mergulho nas raízes culturais e artísticas do Brasil, conectando passado e presente.


Serviço 

 Caipiras: das derrubadas à saudade

  • Local: Pinacoteca Luz – 2º andar
  • Endereço:  Praça da Luz, 2 – Luz, São Paulo 
  • Telefone/Informações: (11) 3324.1000
  • Exposição/Período: 23/11/2024 a 13/04/2025
  • Horário: 10 às 18 hs (entrada até 17 hs) – de 4a. a 2a. feira
  • Horário especial: 5as. feiras das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h)
  • Ingressos gratuitos:aos sábados
  • Ingressos pagos:  R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada)
  • Ingresso único: acesso aos três edifícios /somente para o dia marcado no ingresso
  • Transporte: Metrô Linha 1-Azul Estação Luz

<Com apoio de informações/fonte: Assessoria de Imprensa Pinacoteca/Mariana Martins >