- Há 329 anos era morto o símbolo da luta abolicionista do Brasil;
- Zumbi dos Palmares é oficialmente um Herói Nacional pelo governo;
- Resistiu à colonização por quase 20 anos, contra as investidas dos portugueses; e
- Em 20/11/1971, houve a primeira comemoração do “Dia da Consciência Negra”.
Pela primeira vez, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado nesta 4a. feira (20/11/2024), é feriado em todo o Brasil — com várias comemorações. Instituído pela Lei nº 3.268/2021, a data destaca a luta histórica da população negra contra a escravidão e o racismo, além de reconhecer suas contribuições fundamentais para a formação cultural e social do país.
Segundo Edson Violim, professor de História do Centro Universitário de Brasília (CEUB), o feriado é um marco que vai além da pausa no calendário. “É um convite à reflexão sobre nossa herança multicultural e a urgência de construir uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma o historiador.
A escolha do 20 de novembro homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão. “Zumbi representa a luta, o orgulho e a resistência. Celebrar essa data é reconhecer a importância da cultura africana na formação do Brasil e reforçar o combate ao racismo e à intolerância religiosa”, destaca Violim.
Raízes africanas no Brasil
A influência africana permeia diversos aspectos do cotidiano brasileiro, como a culinária, a música e o esporte. O professor da CEUB ressalta que essa contribuição é parte essencial da identidade nacional. “Nosso jeito de ser não veio da Europa, mas da África. Exemplos como Pelé, ícone do esporte mundial, demonstram o valor do legado africano em nossa história.”
O historiador também sublinha que, embora o Brasil seja uma das maiores nações miscigenadas do mundo, o racismo continua sendo uma questão estrutural. “Negar a existência do racismo é ignorar uma realidade evidente. Estudos mostram que, de cada cinco brasileiros que se consideram brancos, três têm ascendência africana ou indígena”, explica.
Essa miscigenação, no entanto, não elimina a desigualdade racial. O Brasil recebeu o maior número de africanos escravizados das Américas, e o trabalho forçado dessa população foi explorado para enriquecer uma elite dominante. O impacto histórico dessa exploração reflete-se na manutenção de disparidades sociais e econômicas entre brancos e negros.
Racismo estrutural e luta coletiva
O combate ao racismo e ao preconceito é uma tarefa coletiva e exige o envolvimento de toda a sociedade. “Esse não é um problema apenas da população negra, mas de todos os brasileiros. Reconhecer nossa história e enfrentar o racismo com seriedade é essencial para avançarmos enquanto nação”, enfatiza Violim.
Além disso, a data também é um momento para discutir a intolerância religiosa, que afeta principalmente adeptos das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. “Combater o racismo inclui respeitar e valorizar a diversidade religiosa. Precisamos entender que essas tradições fazem parte de quem somos como país”, completa.
De acordo com o docente do CEUB, outro aspecto que preocupa é a intolerância religiosa, sobretudo contra religiões de matriz africana. “Os ataques a centros de umbanda e candomblé por grupos fundamentalistas são inaceitáveis e devem ser combatidos. A diversidade religiosa sempre será característica do Brasil”, finaliza.
O Dia Nacional da Consciência Negra, agora feriado, representa um passo significativo, mas não suficiente, para a construção de uma sociedade mais inclusiva. Ele simboliza a luta contínua contra o racismo e a celebração de um legado cultural que moldou a identidade brasileira.
Nota da Redação/Opinião do DiárioZonaNorte: Neste 20 de novembro, o Brasil celebra pela primeira vez o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado em todo o território. Mais que uma pausa no calendário, a data é um convite à reflexão sobre a história e os desafios enfrentados pela população negra.
<< Com apoio de informações/fonte: Máquina Cohn&Wolfe Comunicação >>