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Brasil: mais médicos, mas faltam incentivos para atuação no interior e capacitação

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O Brasil enfrenta uma complexa questão no setor médico: o rápido crescimento do número de profissionais não tem se refletido na oferta equilibrada entre capitais e cidades do interior.

Segundo a Demografia Médica de 2024, do Conselho Federal de Medicina (CFM), o total de médicos no país saltou de 304.406, em 2010, para 575.930, um crescimento de 89% em 14 anos.

Apesar do aumento significativo, a concentração de médicos em grandes centros urbanos é alarmante. Enquanto nas capitais há uma média de 7 médicos por mil habitantes, nas cidades do interior esse número cai para 1,9.

A disparidade é ainda mais acentuada em estados como o Espírito Santo, onde Vitória registra 18,7 médicos por mil habitantes, mas o restante do estado não passa de 2,2.

Thiago Madureira, CEO do Grupo Hygea, destaca que o excesso de profissionais em áreas urbanas impacta negativamente o mercado e a remuneração, desincentivando a migração para regiões carentes. “A má distribuição prejudica não apenas os médicos, mas também a população, que carece de atendimento de qualidade”, afirma ele.

Outro desafio é a crescente oferta de cursos de Medicina. O Brasil forma cerca de 56 mil novos médicos por ano, mas oferece apenas 33 mil vagas de residência, o que limita a especialização. “Sem residência, dois terços dos formados têm dificuldade de assumir funções críticas no sistema de saúde”, alerta Madureira.

Para mitigar o problema, o Grupo Hygea e a Faculdade São Leopoldo Mandic lançarão, em 2025, cursos rápidos de capacitação com foco em prática médica. Os cursos iniciais, voltados para emergências pediátricas, clínica e geriatria, entre outros, serão realizados em cidades como São Paulo e Brasília, com 25 a 60 vagas por turma.

Erickson Blun, diretor de relações institucionais, defende uma política nacional de recursos humanos voltada ao fortalecimento do Sistema Único da Saúde (SUS). “Precisamos criar incentivos efetivos para que os médicos se fixem em áreas com maior escassez e carência”, afirma.

Além disso, o relatório do CFM destaca que a distribuição desigual afeta a eficiência do SUS e a qualidade da saúde pública.

Estados do Norte e Nordeste, que concentram grande parte das áreas carentes, continuam com números abaixo da média nacional, agravando as condições de atendimento. Mesmo em locais com alta densidade médica, como o Sudeste, a falta de especialistas em áreas específicas é recorrente.

Sem infraestrutura e suporte adequados, é difícil reter médicos no interior, e a população é quem mais sofre”, alerta Madureira. A implementação de políticas que combinem remuneração justa, boas condições de trabalho e oferta contínua de capacitação é vista como essencial para reduzir desigualdades regionais.

Outro ponto é o impacto na saúde preventiva. A falta de médicos em pequenas cidades prejudica campanhas de vacinação, acompanhamento de doenças crônicas e atendimento pediátrico, gerando maior pressão sobre os hospitais das capitais e aumentando o tempo de espera por atendimentos especializados.


<< Com apoio de informações/fonte: Comunicore / Ceres Battistelli >>