No início do depoimento de Cotugno na Alesp, 60 mil pessoas atendidas pela Enel estavam sem energia na Região Metropolitana de São Paulo devido a novas pancadas de chuva.
“Ainda ontem tivemos uma outra chuva, não tão forte, mas que deixou muitas pessoas sem luz. Não foi algo que vi no jornal ou que alguém me contou, eu testemunhei isso na rua próxima de onde eu moro. Qual a razão de tamanha instabilidade da rede?, indagou o deputado Thiago Auricchio (PL), presidente da CPI.
E conclui o deputado: “São pessoas que perderam remédios, tratamentos ou que ainda vivem com os prejuízos disso. Um pedido de desculpas seria o mínimo”.
Nesse sentido, ser mais eficaz na forma de comunicação – principalmente com as prefeituras atendidas – e ampliar a capacidade e agilidade de atendimento nos momentos mais críticos são as principais necessidades que o plano da Enel precisa resolver. A promessa é apresentar o documento até o próximo dia 28, data de um dos encontros da CPI.
“Precisamos ser mais proativos e claros. Temos que fazer uma nova forma de comunicação. Na questão técnica, vamos reforçar a capacidade de recuperação das falhas rapidamente, com mais equipes e atenção às fragilidades da rede. Esse plano terá investimentos adicionais. No dia do temporal, estivemos com 1,2 mil equipes nas ruas“, afirmou Cotugno.
Fora da curva
O diretor-presidente nacional admitiu que a empresa não estava preparada para agir diante de eventos climáticos extremos, como o temporal do dia 3.
“Sim, a gente não esperava algo tão importante. O evento foi fora da curva”, confirmou ele, admitindo que o grupo errou na ocasião. “Teríamos que ter implementado uma comunicação mais efetiva. Foi identificada uma ineficaz conexão com as prefeituras, por exemplo. Esse é um ponto que será mais trabalhado”, observou Cotugno..
Ele acrescentou que a Enel está agendando reuniões individuais com cada município para melhorar isso. O objetivo é definir uma forma de comunicação bem ordenada e clara, que possa ser acionada de forma rápida e eficiente.
Ressarcimentos
Durante o encontro que durou cerca de seis horas, os deputados presentes elencaram os principais pontos que precisam de um posicionamento mais objetivo da Enel, além de suas deficiências nos anos de atuação em São Paulo.
Entre os pontos listados estavam: a demonstração clara das ações que serão tomadas para evitar futuros problemas com apagões; mais investimentos em mão de obra qualificada que possa garantir uma melhor manutenção dos equipamentos; e uma data e valores exatos para realizar os ressarcimentos dos clientes prejudicados pelas recentes quedas de energia.
O deputado Luiz Cláudio Marcolino (PT) informou que há uma proposta de pagamento de R$ 5 mil a pessoas físicas e R$ 15 mil a jurídicas. Sobre isso, o presidente da Enel disse que já está em tratativas com o Procon-SP, mas não deu detalhes.
Novos temporais
Os parlamentares também demostraram preocupação com a previsão meteorológica para o próximo final de semana em diversas regiões do Estado.
A Defesa Civil emitiu um alerta sobre possíveis temporais e fortes rajadas de vento – podendo chegar a 100 km/h – entre 6ª-feira (17) e domingo (19).
“O comunicado nos surpreendeu, já que é raro. A mobilização será a máxima possível. Teremos 1,2 mil equipes na rua. No call center, serão 1,5 mil funcionários. Mas, sendo transparente e honesto, no momento de uma eventual contingência tão pesada, não podemos garantir que não possa faltar luz nas casas dos clientes“, comentou Cotugno.
Lucro
O deputado Guilherme Cortez (Psol) ressaltou que a Enel dobrou o seu lucro nos últimos quatro anos no Brasil, alcançando R$ 1,4 bilhão no ano passado.
Contudo, a empresa realizou um corte de 36% em seus quadros neste período. Atualmente, segundo dados do parlamentar, a proporção é de 1 funcionário para cada 307 usuários e clientes.
“As empresas concessionárias acham que o ato da privatização é uma carta branca para que elas não estejam submetidas à fiscalização. Por muito menos que isso – de 2 milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica -, qualquer presidente de autarquia teria sido exonerado“, criticou o parlamentar.
A deputada Carla Morando (PSDB) sugeriu que à direção da empresa que “colocasse a mão no bolso” para ressarcir os clientes prejudicados e questionou o presidente da Enel se faltou energia em sua própria casa. Cotugno respondeu que não teve problemas na ocasião. “Então, o senhor não sofreu na pele o problema“, rebateu a deputada.
Investigados
Um ofício enviado à Alesp pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), assinado pelo desembargador Xavier de Aquino, determinou que os deponentes fossem ouvidos na qualidade de potenciais investigados e não como testemunhas. Além de Cotugno, também foi ouvida, com uma abordagem mais técnica, a diretora de Sustentabilidade da Enel, Márcia Massotti de Carvalho. << Com apoio de informações/fonte: Imprensa Alesp / Fábio Gallaci >>
nacional nacional nacional nacional nacional nacional