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Hospital São José do Imirim leva moradores em reação com faixas e protesto nas ruas

Tempo de Leitura: 5 minutos

da Redação DiárioZonaNorte

  • Hospital São José do Imirim foi idealizado na década de 1960 pelo Padre Constançio Dalbezio, que recebeu apoio da comunidade, sendo inaugurado em 1983;
  • Fechado desde 2007, o hospital foi reinaugurado em dezembro de 2011 pelo então governador Geraldo Alckmin como unidade de apoio aos hospitais da região.
  • Na época formou-se a Comissão Pró-Resgate do Hospital São José, com um abaixo-assinado de 25 mil pessoas; e
  • Em 2014 chegou a funcionar como Hospital do Homem e, na época da pandemia do Covid-19, foi requisitado para atendimentos.

Ruas e prédios no bairro do Imirim, na verdadeira  Zona Norte da cidade, foram adornados com faixas de protesto que clamam “Diga não à transformação do Hospital São José em unidade de dependentes químicos” e “Sr. Prefeito, o Hospital São José foi construído pela comunidade. Queremos um equipamento que atenda nossas crianças, adultos e idosos.”

O clima de insatisfação — e mostrando que o bairro não tem culpa — surge em meio a uma controvérsia que tem origem e que está distante quase 10 quilômetros nas proximidades da Rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia, no centro da cidade, onde recentes eventos violentos revelaram a insegurança daquela área na conhecida e temida Cracolândia.

A Prefeitura de São Paulo, até com a participação do governo estadual,  se vê diante da necessidade de buscar soluções para a situação. No entanto, insiste na decisão de reutilizar o prédio do Hospital São José no bairro do Imirim para abrigar e tratar dependentes químicos, o gerou novamente as preocupações para os moradores do entorno.

Por outro lado, mostra a falta de conhecimento abrangente sobre a história dos mais de 60 anos do hospital e da Lei Municipal nº 14.492/2007, que prevê a segurança escolar no local, foram apontados como fatores que contribuíram para a polêmica. << Leia a íntegra da citada lei, que serve também para outras escolas na cidade — Clique aqui >>

Segundo comentários de moradores, o prefeito Ricardo Nunes, em suas andança pré-eleitorais,  não está recebendo boas informações de seus auxiliares diretos com respeito a utilização do Hospital São José como centro de acolhimento e tratamento para dependentes químicos vindos da Cracolândia.

Empolgado durante um evento em Pirituba, no meio de uma entrevista coletiva, o prefeito chegou a anunciar que fará brevemente a inauguração de 100 vagas no Hospital São José  com essa finalidade. E mais adiante voltou a confirmar a mesma ideia em uma entrevista de estúdio em uma emissora de tv.

O que aconteceu antes

Entretanto, cerca de três meses atrás, já havia sido levantada essa possibilidade de utilizar o hospital para acolher os dependentes químicos. Ficou no ar uma grande preocupação dos moradores, que começaram novamente a protestar e criar abaixo-assinados.

Mas  em uma reunião, o Secretário Municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e o Assessor Parlamentar e Gestão da mesma pasta, Ivan Cáceres, que garantiram ao vereador Eliseu Gabriel (PSB) — autor da lei de Segurança Escolar –, de que o Hospital São José não seria usado para os dependentes químicos e poderia ser reativado para outros fins em benefício da saúde dos moradores locais.

Essa boa notícia foi levada em uma reunião no dia 05/06/2023 para alívio de aproximadamente 250 pessoas, comemorado no auditório do Colégio Consolata. Inclusive o vereador acrescentou que “essa é a primeira vitória, não teremos esse programa instalado aqui – não que a gente não respeite essas pessoas (referindo-se aos dependentes químicos). Não vão instalar aqui no meio do bairro. Eles abriram mão disso. Agora, a luta é a reabertura do Hospital São José.  E assim houve um momento de paz e sossego para moradores e comerciantes do Imirim.  ( Saiba mais detalhes da reunião – clique aqui )

Auditório do Colégio Consolata com reunião dos moradores em 05/06/2023

Na época, o DiárioZonaNorte solicitou a confirmação da Secretaria Municipal da Saúde sobre a desistência do local, que encaminhou à nossa Redação mensagem na noite de 06/06/2023 (mesmo dia da reunião), que foi  publicada na íntegra: ´´“Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que procura outro local para a implantação de um Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT III). O equipamento vai oferecer acolhimento terapêutico de médio prazo, coletivo ou familiar; ações de redução de danos articulados ao tratamento vinculado no Projeto Terapêutico Singular, inclusive com ações de lazer, esporte e cultura e disponibilizar oferta variada de capacitação e qualificação profissional visando a inserção social”

Nova preocupação

Diante da aparente falta de cumprimento das promessas do poder público e as recentes declarações do prefeito, fizeram ressurgir as novas preocupações dos moradores.  E a Comissão Pró Resgate do Hospital São José solicitou uma reunião para esclarecimentos com o Secretário  Municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, mas que passou a bola para seus representantes, que aconteceu na última 6ª.feira (18/08/2023) — erntre os presentes, o Prof. Getúlio Ferreira (diretoria do Colégio Consolata), Padre João Luiz (Paróquia N.S. de Fátima) e o vereador Eliseu Gabriel.  

O encontro em uma das salas da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no centro da cidade,  foi realizada no período da tarde, com quase duas de duração, conduzido pelos assessores Ivan Cácereso mesmo que estava na reunião anterior com o vereador Eliseu Gabriel e Sandra Sabino, que deixaram bem claro que a decisão já estava tomada e ´´queira ou não a medida será realizada´´, segundo relato de um morador presente. E não foi dada muita atenção às reivindicações dos representantes do Imirim.

Segundo os assessores da SMS , o hospital fechado será transformado para o tratamento de pacientes ou dependentes com medicação psiquiátrica, garantindo que esses pacientes não circularão pela região. A SMS tenta comparar a um modelo similar que é o Hospital Cantareira, no Tucuruvi, que é administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Mas lá o tratamento engloba também em conjunto com os familiares – o que não é o caso dos dependentes químicos da Cracolândia.

Por outro lado, o comitê de representantes do bairro tentou mostrar a longa história do Hospital São José. Lembraram que o hospital nunca foi projetado para o propósito que a Prefeitura planeja atualmente.  Uma das apreensões dos moradores é a possibilidade dos pacientes rejeitarem o tratamento proposto, além de reforçar que a internação compulsória não é uma opção viável.

A comissão de moradores também enfatizou os riscos de degradação do entorno, afetando negativamente o Colégio Consolata, que possui 750 alunos e está ao lado do hospital, bem como o Colégio Antão Fernandes e a Escola Estadual Prof. Orlando Horácio Vita, que juntos somam cerca de 600 alunos. O comércio próximo tem algo em torno de 150 estabelecimentos, junto às  inúmeras residências e prédios também em risco.

O Hospital São José, como único na região, suscita anseios aos moradores pela abertura de um hospital especializado em pequenas cirurgias, com Centro Cirúrgico e  a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o hospital teria a capacidade de aliviar a demanda de outras instituições da Zona Norte.

Um morador do Imirim destacou que a decisão do prefeito parece ter sido tomada sem um conhecimento completo da história dos mais de 60 anos do hospital e da legislação municipal que protege a área. A comunidade do bairro está engajada em expressar sua voz, reforçando a importância do diálogo e do entendimento abrangente em decisões que impactam a região.

O cenário permanece em evolução, à medida que as discussões prosseguem e a comunidade se esforça para garantir que os interesses locais sejam considerados na definição do futuro do Hospital São José e de sua comunidade circundante. Além das faixas de protesto, há planos de manifestações pelas ruas e outras medidas.


Leia também outra reportagem do DiárioZonaNorte: ´´Hospital São José do Imirim: nada descartado, mas tudo volta ao começo´´(28/07/2023) – clique aqui


 

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