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A partir de 09 de maio a 10 de junho, a artista plástica Ana Niski Zveibil expõe suas obras na instalação “Respira”, no Centro Cultural Correios – Vale do Anhangabaú, São Paulo. A exposição é gratuita.
Nesta instalação individual da artista o observador se depara com carrinhos de bebê, casulos e bichos feitos de tramas de lã e uma cascata verde, uma tapeçaria de entrelaçamentos complexos com flores e folhas. Esses arranjos, entranhados na subjetividade, são espaços que contém a possibilidade de um repouso, de um respiro. O casulo é uma casa de cura alojada no próprio ser, é morada para a meditação e contemplação onde se condensam memórias, sonhos e se encontram a força e a proteção necessária.
Para Julia Medeiros a exposição de Ana Zveibil é a “Potência Fundamental”. Abaixo texto da escritora que faz uma interpretação das obras:
“A artista abre nesta instalação a temática da espacialidade como foco de sua obra, referindo-se aos casulos como imagens poéticas de espaços internos. Essas reflexões podem ser exploradas sob diversos olhares, dentre eles, o da psicanálise e da filosofia de Gaston Bachelard, na medida em que a tessitura existencial aparece permeada por vazios e possibilidades de elaboração de sentido.
Os casulos apresentam-se como refúgios de totalidade, no campo da imaginação e do devaneio, que contém uma força por si, possibilitando um resgate da confiança do ser humano em seus próprios recursos de sobrevivência. Abrigam condições para que sejam realizados processos grandes, como: suportar a ausência de alguém que se foi, perceber e ressignificar sentimentos de uma história, despertar encantos e sonhos.
Portanto, em remissão a tudo o que possui um valor orgânico, a capacidade de autocriação está contida nestas obras. Por ser “um espaço entre” duas instâncias, como um tecido biológico que cortina “dentro e fora”, “O EU e O OUTRO”, “quem eu era e quem eu passo a ser”, o casulo desempenha a qualidade de “objeto transicional”. Na sustentação do vazio, o espaço da ausência passa a ser um espaço potencial.
Enquanto arranjos entranhados na subjetividade, os casulos são espaços naturais que contém a oportunidade de um respiro, um repouso na ausência. São centros seguros e confortáveis, nos quais o sujeito está protegido contra forças adversas, longe da dor, do ruído e do desamparo mundano.
Para além desses valores de proteção, o casulo é fonte de produção e reabastecimento de recursos vitais. A respiração age como fonte de manutenção existencial. Enquanto recurso inesgotável e abundante, realiza a oxigenação de fluidos e a nutrição celular, renovando percepções, tecidos e condições de contato com o mundo.
Resguardado em seu silêncio e respirando, o Eu pode assimilar informações, fazer um reconhecimento de si e de sua relação com o outro. Dessa forma, o casulo é morada para a meditação e contemplação, onde se condensam memórias, lembranças e sonhos, permitindo que o sujeito se veja em sua história íntima e se encontre com suas estruturas de força, proteção e possibilidade.
Poderia se dizer que o casulo é uma casa de cura alojada no próprio ser, e que além de sua dimensão espacial, é decerto marcado pela dimensão temporal. Como uma circunscrição no tempo, que permite ao sujeito respirar e aguardar o tempo natural que leva às feridas se fecharem, o entendimento de si, a maturação das próprias potências, a lapidação dos sonhos e o desenvolvimento de condições de relação com o outro. Para a partir de então, voltar a se abrir”.
Serviço:
- Instalação: “Respira”
- Artista: Ana Niski Zveibil
- Abertura: 09/05/2023 às 13h
- Visitação: de 09/05 a 10/06
- De segunda a sábado – das 10:00 às 17:00
- Local: Centro Cultural Correios – Praça Pedro Lessa s/n – Vale do Anhangabaú -São Paulo (SP)
<com apoio de informações: A3 Comunicação – jornalista Maria Helena Antoniadis >
respira respira respira respira